Luís Barreira

Alerta! Portugal está a arder

 

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Sentimo-nos privilegiados em termos um país bonito, onde o sol brilha sobre uma longa costa de areias reluzentes e uma água atlântica que nos refresca. Regozijamo-nos que os estrangeiros apreciem as nossas praias e paisagens, tornando este “cantinho à beira-mar plantado” um destino turístico por excelência. Consideramos que o verão estimula a nossa liberdade e anima os nossos desejos de umas férias bem passadas num dos muitos locais aprazíveis da nossa terra.

Por razões que escapam ao nosso controlo, isto já não é bem assim!

Portugal sofre profundamente com as alterações climáticas que se têm vindo a verificar por todo o planeta, provocando todo o tipo de catástrofes e inevitáveis consequências na nossa forma habitual de vida.
Entendíamos o inverno como a época das chuvas e o verão com um moderado calor, no entanto, no inverno pouco ou nada chove e neste verão em que nos encontramos hoje e que já começou em maio, o calor é tórrido, com temperaturas que superam os 40° celsius e os seus efeitos veem-se no desencadear dos fogos que lavram um pouco por todo o país. Esta situação levou os nossos governantes e o Presidente da República a lançarem desesperados apelos a todos os cidadãos, para terem a máxima cautela com o seu comportamento e declarando a “situação de contingência”, entre 11 e 15 de julho, (onde se esperam temperaturas da ordem dos 48°C, sendo que a temperatura média no mês de julho é de 27ºC), implicando toda uma série de proibições: desde o acesso, circulação e permanência no interior dos espaços florestais, a queimadas ou utilização de máquinas agrícolas, além de que que a Proteção Civil deve mobilizar “todos os meios de que o país dispõe” para combater os incêndios.

Este agravamento das condições meteorológicas, associadas a um elevado risco de incêndio, com a conjugação de fatores como a seca que se vive no país, níveis de humidade muito baixos, a previsão de ventos de várias orientações e noites muito quentes, já deu origem ao desencadear de cerca de 40 fogos florestais de grande dimensão no Norte e Centro do país (com mais de 80 concelhos de 10 distritos em perigo máximo de incêndio rural), combatidos por milhares de bombeiros, com a ajuda de meios aéreos, entre os quais dois aviões cedidos por Espanha, mas que não conseguiram evitar que já tenham ardido cerca de 6.400 hectares de floresta.
Nestas circunstâncias, veio à memória a tragédia de Pedrogão Grande que, há cinco anos, matou 66 pessoas e hoje os especialistas consideram que a atual situação meteorológica é muito pior do que naquela altura.
Portugal já estava a atravessar um longo período de seca, criando problemas graves de abastecimento de água para a lavoura, gado e a possibilidade de restringi-la para consumo doméstico, este tórrido início de verão e as suas altas temperaturas (de dia e de noite), vieram agravar ainda mais os problemas nacionais e a revolta contra todos aqueles que, por distração, incúria ou comportamento criminoso, pegam fogo às nossas matas e florestas.
Não basta fazer apelos ao comportamento cívico dos cidadãos! É preciso que, no quadro das leis vigentes que permitem aplicar penas de prisão até 10 anos aos incendiários, os juízes dos tribunais portugueses tenham mão pesada nos castigos que decretam, para desmotivar todos aqueles que querem fazer do país um território de terra queimada e incentivar a fiscalização dos terrenos rurais que, este ano e até agora, já detiveram 47 pessoas por fogo posto, enquanto no mesmo período do ano passado tinham sido apenas 29 os detidos. Os fogos só se iniciam por ignição e, quase sempre, há alguém que possui antecedentes criminais e policiais pela prática do mesmo tipo de crime, que produz essa ignição. Não há desculpas, nem pode haver, para quem promove tanta desgraça!

A situação começa a ser muito complicada. Com a enorme descida do nível das águas dos nossos rios e das nossas albufeiras e a desertificação a que assistimos, seria bom começarmos a pensar em criar uma rede de centrais de dessalinização, capazes de aproveitar as águas do nosso oceano e alimentar as nossas necessidades agrícolas alimentares e, quiçá, as nossas futuras necessidades domésticas!

Das alterações climáticas que produzem este tipo de acontecimentos, somos todos (uns mais, outros menos…) culpados. Mas no momento que estamos a passar, de pouco vale queixarmo-nos deste clima tropical a que estamos sujeitos e que antes nos apercebíamos em terras distantes. Agora… nada podemos fazer senão resistir a esta canícula!

Que aquilo que nos acontece já hoje, sirva para termos plena consciência do resultado da quantidade de carbono que expelimos para a atmosfera e, com isso, modelarmos o nosso comportamento quotidiano por forma a diminuirmos as consequências negativas do nosso tipo de desenvolvimento económico.
Pode ser que aquilo que acontece atualmente em Portugal seja um fenómeno passageiro, dirão alguns!… Mas a minha geração, que já cá anda há alguns anitos, não precisa da opinião dos peritos para se aperceber comparativamente das alterações progressivas do clima do país.

Assim sendo, só tenho um conselho a dar-vos… ponham-se ao fresco!

Luis Barreira/MS

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