Luís Barreira

Aconteceu!…

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Créditos: DR.

Alguns pequenos acontecimentos da passada semana em Portugal e que atraíram a atenção dos portugueses, não se tratando necessariamente de fait-divers, saldaram-se por diferenciados apontamentos previsíveis do quotidiano da nossa população, nas tão habituais conversas de café.

Como já havia sido previsto pelos técnicos sanitários nacionais para esta fase epidémica, na semana anterior, o volume de infeções diárias com SarsCov2 “saltou” para mais de 5.500 infeções e apenas num pequeno adicional de óbitos, resultado só possível com o aumento exponencial da vacinação das doses iniciais, da dose de reforço e da vacina anti gripe. E, pela enorme adesão a este processo de vacinação, à testagem dos cidadãos, aos cuidados preventivos que, de forma geral, os portugueses acatam, este assunto passou a ser considerado como uma estranha forma habitual de vida, apenas agora sobressaltada com o aparecimento da nova variante Ómicron, cuja “maldade” ainda não conhecemos verdadeiramente.

Mas, se há assunto que mobilize o ardente reparo das grandes massas populares, ele é o futebol e, neste caso, dois acontecimentos prenderam a atenção dos adeptos e de todos os curiosos do tema. Um deles é a investigação do Ministério Público sobre as “trocas e baldrocas” de jogadores, implicando o dirigente do FC Porto e outros implicados no usufruto de dinheiros ilegais, por via de transferências de atletas entre clubes desportivos, algumas das quais consideradas “fantasma”!… É ainda cedo para culpabilizar os visados que terão todo o direito de se defenderem das acusações de que são agora alvo, mas que a justiça portuguesa anda de olhar arguto e mão pesada para com o mundo do futebol, isso não deixa dúvidas. O Luís Filipe Vieira que o diga!…

Outro assunto e propósito do Benfica (e esquecendo a trapalhada que foi o jogo com o Belenenses SAD…), foi a da inesperada derrota na Luz, face ao Sporting (1-3). Contra todas as expetativas que apontavam a vitória da equipa da casa, com o seu “super”(??) e orgulhoso treinador e um plantel recheado de estrelas pagas a bom preço, contra um Sporting com orçamento reduzido, sem alguns dos seus craques e o seu humilde treinador, o Benfica fez uma desastrosa partida e acabou por perder. No final, as manifestações de alegria das claques sportinguistas ouviam-se na segunda circular e os lenços brancos dos adeptos benfiquistas não se fizeram esperar, interpretados como um convite ao JJ para pedir proteção a todos os Orixás e ir “cantar” o flamengo para o Brasil!…

Outro acontecimento (este muito menos engraçado), teve origem num acidente ocorrido há cerca de 6 meses, em que o carro em que seguia o Ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, conduzido pelo seu condutor oficial, atropelou um trabalhador na auto-estrada A6, causando-lhe a morte.

O condutor do carro, que seguia em excesso de velocidade para dar resposta às necessidades de agenda do Ministro, não detetou (ou não deu importância…) os avisos da estrada que sinalizavam trabalhos na mesma e acabou por abalroar mortalmente um pobre trabalhador casado e pai de filhos cuja família, agora sem o rendimento salarial do falecido, vai subsistindo com muitas dificuldades, enquanto o processo judicial decorrer e forem determinadas as culpas do acidente. A atitude inicial deste Ministro em relação ao sucedido que, também em diferentes ocasiões e no desempenho das suas variadas responsabilidades governamentais não foi ausente de críticas, foi o de declarar que a estrada não estava sinalizada em trabalhos, o que foi prontamente desmentido pelas imagens da concessionária da estrada, provando que ela estava sinalizada. E, se o disse, era sinal de que estaria atento à estrada e à velocidade excessiva a que o seu veículo seguia, tendo todo o direito e dever de exigir ao seu motorista para diminuir a velocidade, o que não fez!

Na passada semana, mais propriamente no dia 04.12 e após um longo silêncio sobre este caso, o “MP acusou o motorista de homicídio por negligência e de duas contraordenações rodoviárias (inobservância do dever de cuidado e excesso de velocidade). No entanto o Ministro afirmava: “Estamos a falar de um atravessamento de uma via não sinalizada. Portanto, as condições do atravessamento da via têm de ser esclarecidas no quadro do acidente.”, o que parece sugerir que a culpa foi do morto!…

Interrogado por vários órgãos de comunicação, nesse mesmo dia de manhã, Eduardo Cabrita declarou, sobre a sua eventual responsabilidade no acidente, que “era apenas um passageiro”! Ao fim da tarde apresentou publicamente a sua demissão, após o que foi exonerado pelo primeiro-ministro, não sem antes fazer uma enorme alocução sobre tudo o que de positivo fez durante o seu mandato, sobre a sua solidariedade para com o primeiro-ministro e o PS e a sua repugnância pelo aproveitamento político que este caso tem ocasionado, sem uma palavra de constrangimento pelo acontecido e reafirmando várias vezes: “É o Estado de Direito a funcionar”!

Ainda não se conhece o desfecho deste processo e, com mais erros processuais como aquele agora detetado em que a Procuradora dizia que no carro do Ministro seguiam cinco passageiros e o processo diz que eram apenas quatro, isto está para durar!…

Naturalmente, que não foi o Ministro Eduardo Cabrita que matou o funcionário da auto-estrada, embora se reconheça que ele, enquanto entidade com poder sobre a sua viatura de transporte, bem poderia ter mandado refrear a velocidade. Mas, se não era responsável perante o Código Penal, era-o perante o cargo governamental que exercia, devendo ter assumido a sua responsabilidade política, o que nunca fez! Ao contrário do antigo Ministro Jorge Coelho, seu colega de partido, que se demitiu perante a horrível tragédia de há alguns anos atrás, com a queda da ponte de Entre-os-Rios, para “não deixar a culpa morrer solteira”.

Talvez por isso fiquei na dúvida se ele terá sido agora exonerado a seu pedido ou por imposição do primeiro-ministro!

Luis Barreira/MS

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