Luís Barreira

A TAP faz “voar” mais quatro governantes!…

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Quando na passada semana manifestei, por razões internas e externas, algum pessimismo sobre o novo ano de 2023, estava longe de pensar que, adicionada aos vários problemas que, entretanto, inventariei, iríamos ter mais uma crise política no Governo de Portugal.

Com apenas nove meses de duração, este governo de maioria absoluta no parlamento e com condições para uma legislatura pacífica, face à impreparação da oposição como alternativa e ao enorme apoio que recebeu do povo português, vê-se envolvido em mais uma polémica que levou à demissão de mais um ministro e uma secretária de Estado, totalizando 11 demissões de responsáveis governamentais neste lapso de tempo!

Várias vezes me referi às asneiras quase infantis que membros deste governo têm cometido, dando origem a problemas no governo. Incompetências incompreensíveis, trapalhadas imbecis, desleixos, irresponsabilidade de declarações públicas, falta de controlo político sobre as instituições do Estado, jogos de poder intestinos e tantas outras burrices praticadas, têm conduzido o Governo de António Costa a uma automutilação permanente.
Se antes saiu Sara Abrantes Guerreiro, secretária de Estado da Igualdade e Migrações, incomodada com a denúncia de que estavam dois russos no Município de Setúbal a obter informações sobre os refugiados ucranianos que solicitavam ajuda local; se depois foi Marta Temido, ministra da Saúde, a braços com a morte de uma grávida devido à bagunça em que esse encontrava o SNS, conduzindo igualmente às demissões dos seus dois secretários de Estado (António Lacerda Sales e Fátima Fonseca); se mais tarde foi Miguel Alves, secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, com a denúncia do seu envolvimento em vários escândalos, aquando era presidente de uma Câmara Municipal minhota; se foram demitidos João Neves, secretário de Estado da Economia e Rita Marques, secretária de Estado do Turismo, que ousaram colocar-se em oposição ao seu próprio ministro da Economia e do Mar, António Costa e Silva e agora a embrulhada foi causada por uma tal Alexandra Reis, secretária de Estado do Tesouro, demitida pelo ministro das Finanças, devido ao seu envolvimento num escândalo público protagonizado por si, aquando da sua demissão anterior de administradora executiva da TAP, situação que levou Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas e Habitação (responsável pela TAP) a demitir-se por se sentir com responsabilidades políticas na situação, tal como Hugo Santos Mendes, secretário de Estado das Infraestruturas nacionais e Marina Gonçalves, secretária de Estado da Habitação, quando é que isto vai parar?
Mas afinal o que é que esta Alexandra Reis fez para despoletar uma nova onda mediática que conduziu a esta nova crise governamental?

Ao entrar em oposição com a CEO da TAP, esta senhora que era membro do Conselho de Administração, foi convidada a renunciar ao cargo o que, segundo a TAP, “ocorreu na sequência de um processo negocial de iniciativa da TAP”, empresa intervencionada pelo Estado, que passa por uma grande reestruturação, com despedimentos e diminuição de salários dos seus trabalhadores. Mas apenas há poucos dias se veio a saber que a senhora tinha solicitado uma indemnização de cerca de 1.500 mil euros, que veio a abdicar na negociação para ficar “apenas” com 500 mil euros, o que foi agora considerado um escândalo público, enquanto comportamento de uma gestora de uma empresa intervencionada com grandes dificuldades e a quem nós, os contribuintes portugueses, já pagaram 3,2 mil milhões de euros para a salvar!??.

A acrescentar a esta denúncia de falta de ética da referida gestora, em relação à sua manifesta vontade em ficar com essa indemnização milionária, enquanto despede pessoas e baixa salários, um outro facto incompreensível veio a acontecer: o próprio governo propôs Alexandra Reis para a presidência da NAV (navegação aérea de Portugal), empresa pública, mês e meio depois de sair da TAP, tendo os ministros Pedro Nuno Santos e o ministro das Finanças, Fernando Medina, agora evocado que não tinham sabido do montante da indemnização que ela tinha recebido da TAP, na altura em que a nomearam para a NAV, situação que implicaria uma diminuição da indemnização que recebeu. Além disso, pouco tempo depois, o ministro das Finanças convida a referida senhora para secretária de Estado do Tesouro, cargo que exerceu durante um mês, tendo-a finalmente demitido agora, após o sururu mediático que se gerou com a história da sua indemnização milionária.
O assunto pareceu (como “normalmente”…), encerrado, até à nomeação de novo ministro e secretários de Estado das Infraestruturas mas, desta vez… não está!

Como é que dois ministros (Finanças e Infraestruturas) convidam uma pessoa para altos cargos públicos sem conhecerem os aspetos curriculares dos candidatos? Uma vez que a TAP é da responsabilidade conjunta destes dois ministros, que reafirmam o seu desconhecimento sobre a tal quantia negociada, onde está a fidelidade dos secretários de Estado das Infraestruturas e das Finanças (embora Medina não fosse ministro à data em que se concluiu este acordo indemnizatório, o seu atual secretário de Estado já pertencia ao ministério), que tinham informação do montante da referida indemnização e não informaram os respetivos ministros? Quem é esta CEO da TAP, Christine Ourmières-Widener, diretora executiva de uma empresa em graves dificuldades, que decide pagar tal importância a Alexandra Reis, fazendo-a ganhar num mês e meio de trabalho na TAP, um ano de salário no governo? Será que ela ainda não compreendeu porque é que anteriormente o governo a proibiu de comprar novos carros topo de gama da BMW para os gestores da TAP? O que é que andam a fazer com o dinheiro dos portugueses para “salvar” a TAP?

Perguntas que requerem respostas concretas, para que o interessado cidadão possa fazer um correto juízo da forma como é governado. É preciso colocar um ponto final em toda uma história que envolve a desconfiança sobre alguns dos nossos dignatários de cargos públicos, sob pena de continuarmos a alimentar os populismos nacionais.

Sobre a TAP?… Pouco tenho a dizer, a não ser: estamos a ficar fartos!

Luis Barreira/MS

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