Luís Barreira

A sexta vaga!…

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Ainda mal refeitos da crise económica e sanitária provocada pelas consequências da Covid-19 em todo o país, eis-nos a braços com uma nova linhagem BA.5, da variante Ómicron do respetivo vírus, que já é dominante em Portugal, representando 64% dos novos casos de infeção durante a passada semana.

Com o fim das medidas restritivas que nos protegiam da infeção desta maldita doença que, segundo dizem, teve origem num morcego, considerámos que a ameaça de voltarmos ao ponto de partida desta epidemia estava ganha. Mas tal não é verdade! Muitas pessoas estão a reinfetar-se nesta considerada sexta vaga Covid!

Portugal, com os hospitais alarmados com a subida de doentes Covid, através da ocupação das suas camas e a quantidade de mortos que se verificam, já é o país com mais casos destes na União Europeia e o sexto no mundo. De acordo com um relatório de peritos e a própria Direção Geral da Saúde (DGS) portuguesa, em finais de maio o aparecimento de novos casos de infeção pode variar entre os 40 e os 60 mil novos casos diários, supondo-se que dentro de pouco tempo irão morrer diariamente cerca de 38 pessoas afetadas por Covid.
O nosso país, na semana anterior, teve uma média de 2,29 mortes por Covid-19, apenas mundialmente ultrapassado pela Nova Zelândia, embora o número de óbitos continue muito inferior a janeiro de 2021, quando a média diária era de 28,61 mortes.

No entanto, nada nos diz que esta epidemia, provocada pela nova variante, não tenha a expansão da anterior, sobretudo agora que acabaram as restrições obrigatórias que nos defendiam de prováveis infeções e que a maior parte dos portugueses se passeiam e convivem sem uso de máscaras protetoras e, os poucos mais velhos que as usam, veem-se observados pelos outros como “agitadores” que querem voltar a “limitar” a liberdade individual dos outros!…

O que é facto é que quem principalmente está a morrer agora de Covid-19 são os mais velhos, levando a DGS a ter já decretado a vacinação, com um segundo reforço, aos maiores de 80 anos, perspetivando muito em breve vacinar, mais uma vez, os maiores de 70 ou de 60 anos.

Estudos sobre durabilidade da proteção das vacinas até aqui utilizadas, considerando a realidade atual das infeções por esta nova estirpe Covid, conduziram os técnicos de saúde pública a avaliarem o resultado das vacinas utilizadas. Assim, concluíram que: aqueles que receberam duas doses da vacina mRNA da Pfizer/BioNTech tiveram cerca de 85% menos probabilidade de contrair uma infeção por Covid-19, por cerca de dois meses e meio após a segunda dose. Mas, em seis meses e meio, essa proteção contra a infeção caiu para cerca de 51% e aqueles que apanharam Covid-19 e passaram a ser vacinados tiveram a melhor proteção de todas, com um risco mais de 90% menor de contrair Covid-19 novamente e, essa proteção combinada, permaneceu alta durante a duração do estudo.

Como qualquer cidadão indefeso face a este inimigo invisível e incapaz de avaliar a exatidão destes prognósticos técnicos dos especialistas epidemiológicos, só espero que as autoridades sanitárias e o governo do nosso país tenham aprendido com a experiência do passado recente (mesmo com as asneiras cometidas…) e não minimizem os riscos de uma sexta epidemia Covid, apesar de algumas conclusões otimistas como “para já, não há razões para pessimismos”, pode haver receio de causar alarme no fluxo turístico que se aproxima, nem devemos dar ouvidos a mais “curandeiros”: como Bolsonaro ou o irrequieto e perigoso Kim Jong-un, da Coreia do Norte, onde numa semana foram registadas mais de 1,7 milhões de infeções e a sua população foi levada a “bochechar água salgada”, como meio de se ver livre deste vírus!…

Como se não bastasse o que o mundo tem sofrido com estas epidemias, surge agora um novo vírus de origem animal: a “varíola dos macacos”!

Este vírus, conhecido por Monkeypox, cuja infeção foi inicialmente detetada num ser humano em 1970 e em países da África Central e Ocidental, que agora já infetou 49 pessoas em Portugal, além de outros casos no Reino Unido, Espanha e que, segundo a OMS, há cerca de 80 casos confirmados em 11 países, é semelhante ao vírus da varíola, que há muito tempo tem tratamento no nosso país e é transmitido através de contatos com animais, pessoas infetadas e materiais contaminados.

Segundo as autoridades sanitárias, esta doença provoca lesões semelhantes à varicela e os seus sintomas são “lesões ulcerativas, erupção cutânea, gânglios palpáveis, eventualmente acompanhados de febre, arrepios, dores de cabeça, dores musculares e cansaço”.

Segundo a DGS portuguesa, a “varíola dos macacos” infeta qualquer pessoa que tenha um comportamento de risco, não sendo própria de nenhum grupo em especial e os casos em Portugal estão todos estáveis.
Como as dúvidas sobre estas novas viroses nem sempre são resolvidas no início das suas manifestações evidentes e que muitas vezes nem são expostas para evitar o alarme público, há que manter uma atenção muito especial ao seu desenvolvimento entre a população e um cuidado muito especial na nossa relação com as pessoas e “outros animais”!

Tendo em consideração que estes novos vírus têm origem no mundo animal, parece-me que (como alguém jocosamente já me afirmou…) um destes dias, em vez de consultarmos um médico de clínica geral, devemos dirigir-nos a uma clínica veterinária!…

Luis Barreira/MS

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