Luís Barreira

A barbárie russa!

 

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A guerra, qualquer guerra, é uma desastrosa atividade humana que causa morte sofrimento e destruição entre os beligerantes e de todos aqueles que, embora não implicados diretamente nessas ações fratricidas, sofrem as suas consequências.

A guerra, mesmo após a sua conclusão, não gera a paz entre as pessoas e os povos antes em disputa, porque preserva o ódio e a hostilidade entre eles e quantas vezes dá origem à renovação de novas guerras de vingança.
Alguns filósofos sustentam que a guerra entre pessoas e povos tem origem, desde os tempos imemoriais, no estabelecimento da propriedade privada. Propriedade de bens, territórios e pessoas que os seres humanos desejam obter e aumentar, utilizando as mais variadas justificações e meios para os obter.

Não colocando em causa esta teoria do princípio dos tempos, mas percorrendo o trajeto das sociedades ao longo dos séculos, sou forçado a admitir que a propriedade privada tornou-se um desígnio da própria natureza dos seres humanos e recusar a sua existência, desde o mais pequeno objeto pessoal até aos bens mais superiores, não passa de uma negação idílica da realidade empírica, mesmo que este tipo de manifestações a seu favor possa ter origem no desejo de pacificação e igualdade entre os seres humanos. A história dos povos e das revoluções que se fizeram, em nome desses propósitos, bem demonstrou que, no final dessa utopia, alguns ficaram detentores da riqueza por si acumulada e muitos outros submetidos à pobreza e à obediência cega aos primeiros.

No entanto, as sociedades na sua evolução económica e social e reconhecendo que a sua prosperidade exigia condutas sociais mais equilibradas e a eliminação da barbárie de muitos conflitos da sua história, não pararam de dignificar a vida humana, produzindo códigos de comportamento, a que chamamos hoje de princípios e valores morais sociais, estabelecendo um conjunto de regras universais a serem compreendidas e aceites por todos. É assim que, entre outros, são proclamados os Direitos do Homem, os Direitos das Mulheres, os Direitos das Crianças e toda uma série de convenções destinadas a preservar a inviolabilidade das fronteiras dos territórios nacionais e a criação de instituições dispostas a assegurar o cumprimento dessas disposições, pese embora alguns Estados se inibam de as cumprir, embora merecendo a reprovação dos restantes.

Para além dos direitos e deveres antes descritos, que pretendem abranger de forma geral as sociedades em si mesmas, o exercício da guerra também foi submetido a um conjunto de regras que tendem a “humanizar” (??…) os comportamentos entre os beligerantes, diminuindo a sua bestialidade e selvajaria durante os conflitos, procurando conter a guerra dentro do quadro militar e exercendo limitações ao uso indiscriminado de armas de guerra.

Ao longo da história dos conflitos entre os Estados e nomeadamente os mais recentes, nem todos têm aceitado cumprir estas regras, para além de alguns recusarem submeterem-se ao papel regulador das instituições que as controlam. No entanto e em consequência da eficácia, veracidade e velocidade de boa parte da informação pública dos nossos tempos, todos acabam por denunciar algum constrangimento e receio da opinião pública, quando as suas ações selváticas na guerra são expostas universalmente à observação das sociedades humanas.
Os sucessivos casos de barbaridade e crueldade, cometidas pelas tropas invasoras russas na Ucrânia, bem demonstradas pelas imagens fidedignas transmitidas pelos órgãos de comunicação social presentes no território e a imediata recusa das autoridades russas em aceitar a sua responsabilidade nesse morticínio de civis inocentes, para além da censura interna que impede a divulgação dessas imagens na Rússia, evitando a reprovação do seu próprio povo, é bem demonstrativo daquilo que antes afirmei.

A condenação pública de tais atos, que visualizamos nas imagens televisivas, da guerra na Ucrânia e das atrocidades cometidas pelo exército russo e que, para além da impiedosa destruição que exibem e da tristeza que nos causa o êxodo de toda uma população em fuga, fazem-nos estremecer de horror ao constatarmos o elevado número de cadáveres de civis inocentes dispersos pelas ruas ou em valas comuns, nas zonas onde antes estiveram os soldados russos, devem ser denunciadas como crimes de guerra e guardadas em livros e filmes para memória dos massacres cometidos, a serem mostrados a todas as sociedades do futuro e, nomeadamente, ao povo russo, quando o regime de Putin atingir a sua agonia. Tratar-se-á de repetir o que se fez com as imagens do extermínio dos judeus, após a II Guerra Mundial, para que os povos abominem a crueldade de certos comportamentos humanos deste presente e reflitam sobre a sua conduta no futuro, talvez um doloroso relembrar de imagens que nos perturbam, mas que produzirá um necessário ato de reflexão, melhorando a consciência moral daqueles que as realizaram e de muitos outros que pensem vir a assumi-las.

Nenhum regime, por mais opressivo que seja, é definitivo e não quero acreditar que, em pleno século XXI, tenha de considerar a história da origem selvática dos povos eslavos, como o russo, como sendo uma caraterística genética que identifica a atitude criminosa dos dirigentes e soldados russos nesta injusta guerra com a Ucrânia, até porque a barbárie agora cometida já a vimos em diferentes latitudes e povos deste planeta.

O que se passa na Ucrânia, no que diz respeito à variedade de crimes cometidos pelo exército russo, para além de todas as repercussões do conflito nos mais variados aspetos, é uma muito grave ofensa à integridade moral de todos os povos e um desafio à nossa capacidade de suplantar a incivilidade e primitivismo de uma parte de seres humanos incapazes de conter os seus excessos.

A bem da humanidade é preciso extinguir estas inaceitáveis guerras e comportamentos. Nada justifica o que aconteceu e continua a acontecer!

Luis Barreira/MS

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