Opinião

Enquanto o calor persiste!

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Foto: DR

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Neste fim de verão, que ninguém imaginava com tanto calor, os portugueses amornados pelas elevadas temperaturas para a época, continuam embalados em direção às praias, mas crescentemente preocupados com: a aproximação daquilo a que se vulgarizou chamar a “segunda vaga pandémica” e o decretar do “estado de contingência”, previsto para 15 de setembro; igualmente temerosos com o fim programado das ajudas sociais do Governo às dificuldades originadas pela Covid-19, mas e ao que parece, “maravilhados” por poderem manter o “bronze” que o aquecimento global lhes tem proporcionado. São assim os portugueses (entre outros…)! Lutadores incansáveis quando as desgraças lhes batem à porta, mas descontraídos, despreocupados e relaxados até que isso lhes aconteça.

Embora isto seja uma caraterização muito minimalista e sem qualquer validade científica, feita pela simples observação empírica do comportamento de muitos dos nossos cidadãos, em relação ao presente e a muitos dos factos constantes na nossa história, às vezes “o que parece é’!…

Entretanto e porque o Sol continua a brilhar na cabeça de alguns e a escurecer na cabeça de outros, a atualidade portuguesa é marcada por situações assimétricas, herdadas do passado recente e por circunstâncias relativas ao presente.

Neste último caso enquadra-se a tão propalada “Festa do Avante”, promovida pelo PCP e que decorreu no passado fim de semana. No meio de tantas críticas políticas e sociais à realização do evento, por poder contrariar as normas de segurança contra a Covid, a “Festa” aconteceu, não sem ter provocado um certo alarme social e até algum desaguisado dentro do próprio PCP e seus militantes. O evento concretizou-se dentro das normas sanitárias possíveis, mas sem o sucesso dos anos anteriores, ficando longe de obter a quantidade de participantes que estava prevista pelos seus organizadores, mesmo após o corte para metade dos autorizados pelas autoridades sanitárias. Assim, os prejuízos económicos desta “Festa do PCP” (a acumular aos dos anos anteriores) e a crítica social e política a que foi sujeita, tornaram o acontecimento numa má decisão dos seus promotores, quer na natureza dos ganhos políticos ou dos económicos. Resta saber se o que aconteceu está na origem do serenar da anterior irritação de Jerónimo de Sousa, tornando-o mais flexível para aprovar o próximo Orçamento de Estado e evitar uma crise política ao país!?…

No regresso aos “velhos” problemas, continua a saga do julgamento dos antigos responsáveis do Banco Espírito Santo (nomeadamente Ricardo Salgado), agora recheada de mais detalhes que vão fazer perdurar esta ação judicial por tempo indeterminado, fazendo com que aguardemos (im)pacientemente que a justiça possa ser feita antes do falecimento de todos os prejudicados!…

Na mesma senda, os milhares de milhões de euros investidos no Novo Banco (que substituiu o BES) pelo fundo de amortização bancária, através do Estado português, começa a fazer sentir aos nossos deputados e a toda a opinião pública que o Novo Banco, originalmente criado como o “Banco Bom”, está a tornar-se num poço sem fundo para o erário público, pelos prejuízos acumulados e pela venda em regime de “saldos” do seu património. Após mais uma auditoria que mantém secretas as revelações da identidade dos seus devedores, contra a vontade de “quase” (…) toda a gente, surge agora uma ideia luminosa, vinda de algumas “cabeças pensantes”: como o Estado é credor do dinheiro que tem vindo a emprestar temporariamente ao fundo de resolução bancária, fundo que é pertença das instituições de crédito com atividades em Portugal e que injeta dinheiro no Novo Banco, para não criar grandes problemas financeiros aos mesmos, com a devolução de tamanhas quantias já emprestadas e a emprestar (…) pelo Estado, o ideal seria que ele transformasse os seus créditos em ações do Novo Banco!…Passando assim a deixar de ser credor do sistema financeiro, para vir a ser um dos responsáveis pelas dívidas do privado Novo Banco, ou seja, de mais um “Banco Mau”! Os banqueiros pensam e nós pagamos!?…

E a propósito de julgamentos, corrupção sistemática e de escândalos financeiros que atingem e atingiram a nossa sociedade, decorre igualmente o julgamento de Rui Pinto, o “pirata informático” que acedeu ilegalmente a ficheiros “interditos”, tornando-os públicos e pelos quais está a ser julgado. Informações cedidas por este apelidado hacker que colocaram a nu muitas manigâncias do mundo do futebol (“Football Leaks”) e das engenharias financeiras utilizadas por Isabel dos Santos (filha do antigo Presidente de Angola, Eduardo dos Santos), destinadas a aumentar a sua enorme riqueza pessoal, além de outras denúncias feitas por este simpático e tecnicamente dotado puto das Caxinas. Um julgamento com segurança reforçada ao réu, por receio que “alguém”, a mando de outro “alguém”, queira acabar com o rapaz e que tem merecido uma atenção especial por parte de uma opinião pública que lhe agradece as revelações de alguns podres do nosso sistema, cujos resultados nunca foram obtidos pela nossa polícia judiciária (com a qual Rui Pinto agora colabora…), enquanto outros o condenam em nome da prevalência de uma “cega” justiça. Em síntese, uns gostariam de lhe erigir uma estátua à frente do tribunal e outros vê-lo nos calabouços pelo seu atrevimento!…

E é assim o quotidiano de uma sociedade banhada por um mar de contradições, dilatadas por um Sol mediático que persiste, mas que resiste à vontade de nela continuar a viver.

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