Daniel Bastos

Empreendedorismo e solidariedade na comunidade portuguesa em França: os exemplos de Fernando da Costa e Mário Martins

 

 

Uma das marcas mais características das comunidades portuguesas espalhadas pelos quatro cantos do mundo é indubitavelmente a sua dimensão empreendedora, como corroboram as trajetórias de diversos compatriotas que criam empresas de sucesso e desempenham funções de relevo a nível cultural, social, económico e político.

Nos vários exemplos de empresários lusos da diáspora, cada vez mais percecionados como um ativo estratégico na promoção e reconhecimento internacional do país, destacam-se os percursos inspiradores e de sucesso de Fernando da Costa e Mário Martins. Natural de Espite, concelho de Ourém, muitas vezes apelidado de berço dos “franceses”, tal é o impacto do fenómeno emigratório neste território do centro do país, Fernando da Costa é um reconhecido empresário no seio da comunidade luso-francesa. Fundador nos anos 90 da empresa Eurelec, uma empresa de referência na inovação e comercialização de material elétrico, com sede em Villiers-sur-Marne, o empreendedor luso-francês que chegou a França com quatro anos de idade, tem uma rede de comercialização de material elétrico em várias cidades gaulesas. Há cinco anos abriu a sua primeira loja em Leiria, sendo que, entretanto, tem delineado planos para se expandir noutras regiões portuguesas.

Já o conhecido empresário Mário Martins, natural de Santa Comba, povoação de Vila Nova de Foz Côa, na sub-região do Douro, igualmente enleada pelo fenómeno emigratório, que partiu com 10 anos de idade rumo a Paris em 1974, criou nos anos 80 a MRTI. Uma empresa de transportes nacionais e internacionais de referência no território francês e português, sediada em Les Pavillons-sous-Bois, que num mundo marcado pela globalização, em que os transportes de mercadorias desempenham um papel estruturante, possui uma frota de mais de três centenas de camiões com uma forte presença em Paris, Lyon, Bordéus e Porto.

O sucesso que ambos os emigrantes têm alcançado ao longo das últimas décadas, tem sido acompanhado de várias ações de solidariedade para com as suas terras de origem, assim como para com a comunidade portuguesa em França.

De facto, amigos de longa data, Fernando da Costa e Mário Martins compartilham um notável espírito solidário, como evidencia, por exemplo, entre várias outras iniciativas, os “batismos de voo” que ao longo das últimas décadas têm proporcionado sorrisos contagiantes a crianças com necessidades especiais. A iniciativa solidária, organizada por Fernando da Costa, que também é piloto e membro do Rotary Club de Crécy-en-Brie, Mário Martins e o também conhecido empresário luso-francês Mapril Batista, esteios da associação “Sonho de Menino”, têm promovido ao longo dos anos inúmeros “batismos de voo” a crianças francesas e portuguesas com necessidades especiais.

O raio de ação solidária da associação “Sonho de Menino”, estendeu-se inclusive, em 2020, à Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Boticas. Uma corporação transmontana que graças ao apoio financeiro e filantropo dos empresários portugueses em França, Fernando da Costa, Mário Martins, Mapril Baptista e Pedro Lopes, recebeu nesse ano uma ambulância de Transporte de Doentes não Urgentes.
Não é, pois, de admirar que no início do presente mês de outubro, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, tenha distinguindo, no Palácio de Belém, os dois ilustres compatriotas residentes em França, Fernando da Costa e Mário Martins, com a imposição das insígnias de Comendador da Ordem do Mérito. Uma ordem honorífica portuguesa, justamente merecida, que visa distinguir actos ou serviços meritórios que revelem abnegação em favor da coletividade, praticados no exercício de quaisquer funções, públicas ou privadas. Uma condecoração, que no caso dos emigrantes beneméritos luso-franceses Fernando da Costa e Mário Martins, homenageia os seus respetivos percursos profissionais, e simultaneamente a solidariedade que têm devotado às pátrias de origem e de acolhimento.

Duas das figuras mais gradas da comunidade portuguesa em França, a mais numerosa das comunidades lusas na Europa, os exemplos de vida dos emigrantes empreendedores e filantropos Fernando da Costa e Mário Martins, inspiram-nos a máxima do filósofo humanista Friedrich Schiller: “Não temos nas nossas mãos as soluções para todos os problemas do mundo, mas diante de todos os problemas do mundo temos as nossas mãos”.

Daniel Bastos/MS

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