A presença portuguesa no Museu da Imigração em Paris
A presença da comunidade portuguesa em França, a mais numerosa das comunidades lusas na Europa e uma das principais comunidades estrangeiras, estabelecidas no território gaulês, rondando um milhão de pessoas, ocupa um papel de destaque no Museu Nacional da História da Imigração em Paris.
Fundado em 2007 e inserido no projeto da Cidade Nacional da História da Imigração, a exposição permanente do Museu da Imigração em Paris, composta por documentos de arquivo, imagens, obras de arte, objetos da vida diária e testemunhos visuais e sonoros que demandam (re)conhecer o contributo da imigração em França, é enriquecida por diversos fragmentos alusivos ao contributo da emigração lusa no desenvolvimento do território e da sociedade gaulesa.
Entre eles, destacam-se as peças cedidas pelo saudoso conselheiro das comunidades portuguesas José Batista de Matos, mormente o passaporte, a marmita do almoço e o capacete que este usou nas obras do metro de Paris, onde trabalhou 30 anos e ajudou a construir mais de duas dezenas de estações na capital francesa.
O espólio alusivo ao papel e importância da comunidade portuguesa é ainda ilustrado por vários esquemas de diapositivos, uma entrevista a um emigrante luso realizada nos anos 60, recordações, malas e fotografias, como a de um grupo de ranchos do Alto Minho que se encontra inserida na secção “vida de cá, vida de lá”.
Refira-se que desde a sua génese, um dos membros do Conselho Científico e de Orientação do Museu Nacional da História da Imigração em Paris, é o sociólogo português Manuel Dias, presidente do Comité Francês Aristides de Sousa Mendes e da Associação Aquitânia, que ao longo das últimas décadas tem dinamizado relevantes iniciativas em prol das relações culturais luso-francesas.
Como foi o caso em 2016, do centenário do acordo de mão de obra franco-português e a participação portuguesa na Grande Guerra, efeméride que computou a dinamização, no espaço museológico, de um colóquio e de uma exposição de fotografia sobre “Os Portugueses na Grande Guerra”. Ou em 2019, da homenagem póstuma que a comunidade portuguesa em França prestou, no mesmo espaço, a Gérald Bloncourt, fotógrafo franco-haitiano que imortalizou a história da emigração lusa para o território gaulês.
Mais de que um estabelecimento cultural, científico e educacional dedicado à história e às culturas da imigração em França, o Museu Nacional da História da Imigração em Paris, como sustenta a etnóloga e antropóloga social Andréa Delaplace, é “um espaço borbulhante de discussões e espetáculos vivos no qual as diferentes culturas da imigração podem se expressar. Um verdadeiro fórum, uma verdadeira Cité, pólis, no sentido grego do termo”.
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