Uma piada, para fazer rir, pode acabar em julgamento

E dizem por aí que vale tudo… tá bem, tá. Caros amigos, isto é de loucos. O cidadão, nos dias que correm, tem de ter cuidado até com as piadas. Quando até os profissionais, cujo trabalho é fazer piadas para fazer rir, começam a ser levados a tribunal, algo está mal. E como dizem os entendidos, rir faz bem à saúde, mas parece que nem toda a gente entendeu isso.
Dois manos, depois de interpretarem o hino nacional numa pista de motas no Autódromo Internacional do Algarve, tornaram-se alvo de uma piada feita por uma grande profissional do humor, reconhecida e respeitada no meio. A piada girou em torno da performance deles. O que ninguém esperava é que essa piada se transformasse num verdadeiro caso judicial. Desde o dia em que foi dita, nunca mais parou de se desenrolar o novelo. Houve quem levasse mesmo a mal e se dissesse ofendido. Exigiram até uma indemnização de mais de um milhão de euros. Os manos não são coxos a pedir.
Parece que se esqueceram que eles próprios cantam para ganhar dinheiro, e um humorista também vive do que diz. Na minha opinião, a piada até foi uma promoção, às vezes as críticas ajudam a destacar as pessoas. Se forem construtivas, tanto melhor. Mas os manos não entenderam assim, e lá vão arrastar um tribunal com um caso que não faz qualquer sentido, num país que se diz livre e com liberdade de expressão.
Toda a pessoa que se torna figura pública, cantor, apresentador, político, atleta, humorista, etc. está sujeita a piadas, críticas e até insultos, mas os verdadeiros profissionais compreendem isso e não ocupam os tribunais com disparates. Uma piada, vinda de uma humorista com carreira, não pode ser encarada como difamação. Neste caso não foi. Foi só uma piada. Mas mesmo assim, terminou em julgamento. Eu acho que isto… só mesmo em Portugal.
Aproveito e sigo na mesma linha, mas noutro ângulo, os julgamentos. Este caso foi rápido a chegar aos tribunais. E eu fico com a ideia de que há três tipos de justiça:
A dos pobres, que por um simples desvio de algo para comer no dia seguinte vão logo presos;
A dos média, que por uma piada saltam diretamente para o banco dos réus;
E a dos poderosos, que passam anos a fio a fugir à justiça, acabam em beleza à sombra da bananeira, e nunca são julgados nem culpados de nada, seja qual for o caso.
Isto é triste, mas é a realidade. O mundo tornou-se, aos poucos (aos poucos digo eu, para ser meigo…), num espaço cada vez mais corrupto. Tudo isto por falta de coragem para impor leis bem estruturadas, que sirvam a todos por igual. Não precisamos de leis que protejam os poderosos e castiguem os pobres. E não faz sentido ocupar um tribunal com uma simples piada.
Em alguns países, a justiça funciona a meio gás. Na maioria, não convém despachar os processos depressa, por causa dos interesses políticos. E noutros… justiça, simplesmente, não existe. No nosso país, a reforma da justiça precisa de ser profunda e urgente.
Isto é que vai uma nortada! Sabe-se lá de onde vem o vento.
Para terminar, evite fazer piadas, ou arrisca-se a ir a tribunal… só por fazer os outros rir.
Bom fim de semana!
Augusto Bandeira/MS
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