Augusto Bandeira

Qualidade do Atual Governo e a Falta de Experiência Política na Oposição em Portugal. Expectativas e Realidade.

 

Muitos dos leitores percebem e dá para ver a frustração em certos políticos que, já o escrevi e repito, ainda não conseguiram digerir a derrota, mas têm de perceber que as últimas eleições legislativas em Portugal representaram um autêntico terramoto político. Olhando bem para trás nos resultados, colocou-se um termo ao tradicional bipartidarismo que caracterizou a democracia portuguesa nas últimas décadas.

A forte votação no Chega, grande vencedor das eleições, que se colocou como a terceira força política mais votada foi um fenómeno, simbolizou um claro descontentamento com as forças tradicionais e um apetite por novas soluções políticas. As pessoas queriam uma mudança e o Chega só chegou onde está com os votos de protesto. As coisas acontecem não por acaso, e não deixa de ser estranho que, no ano em que se celebrou meio século de liberdade e democracia, os votos de protesto chegaram para colocar 50 lugares na Assembleia de protesto e populismo, que é mesmo o que o Chega sabe fazer, mas isso aconteceu e, não foi por acaso, foi por culpa de alguém.

A oposição é tão inexperiente que se esquece que o atual governo está sob uma obrigação e respeito pelo povo português, isto é, está a governar para o bem de todos e o bem do país. Mas a oposição que, em muitos casos, carece da experiência necessária para entender a complexidade do processo de governar e cria a expectativa de que o governo resolva, em três meses, o que não foi resolvido em oito anos. É irrealista e reflete, em parte, a falta de maturidade política da oposição. No entanto, isso não exime o governo de responsabilidade. É crucial que o atual governo melhore a sua comunicação e gestão de expectativas, abordando os desafios de forma transparente e realista. Por outro lado, a oposição deve concentrar-se em desenvolver uma compreensão mais profunda dos problemas enfrentados pelo país e em oferecer alternativas políticas concretas que possam ser implementadas de forma eficaz e sustentável. Só mesmo assim será possível criar um debate político saudável, que beneficie verdadeiramente o país e os seus cidadãos. Não é isso que a oposição está a fazer.

O Partido Socialista, esteve no poder mais de oito anos consecutivos, a transição para o governo atual trouxe expectativas elevadas, tanto da parte da população quanto dos partidos da oposição, que esperavam que mudanças substanciais fossem implementadas num curto espaço de tempo, só que não nos podemos esquecer que o debate sobre a qualidade deste governo e a experiência, ou falta dela, da oposição levanta questões sobre a viabilidade dessas expectativas. Eu acredito que o governo atual assumiu o poder com a promessa de reverter e corrigir o que muitos consideravam serem falhas e insuficiências do governo anterior, no entanto, ao fim de três meses, muitos críticos e membros da oposição começaram a questionar a eficácia das ações tomadas, alegando que pouco mudou em relação à era socialista. Desculpem, mas essa maneira de pensar e de ver as coisas por parte de alguns pode estar enraizada numa série de fatores, por exemplo, os governos herdam uma série de desafios dos seus antecessores, como questões económicas, sociais e de infraestrutura, as expectativas de mudanças rápidas ignoram o facto de que tais problemas requerem tempo para serem abordados de forma eficaz e vê-se que o atual governo tem-se esforçado para equilibrar todas as questões e problemas que encontrou, mas enfrenta a realidade de que a implementação de políticas estruturais muitas vezes se move a um ritmo mais lento do que o desejado, e tem o problema de ter de governar com uma oposição fraca e sem capacidade de ser alternativa. Muitos já lá estiveram e nada, a não ser desgraças, fizeram. O novo governo está a operar dentro de um contexto de restrições, económicas e burocráticas, que limitam a sua capacidade de realizar mudanças rápidas. A oposição e alguns sindicatos estão a estagnar a capacidade deste governo.
Bom fim de semana.

Augusto Bandeira/MS

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