Augusto Bandeira

Canadá em contagem decrescente

Photo: @copyright

Esta eleição pode mudar tudo. Com o país em clima de decisão, os eleitores mostram-se mais atentos ao líder do que ao partido. E isso pode virar o jogo.

Estão ao virar da esquina as eleições para a escolha do novo primeiro-ministro do Canadá. Está à vista de todos que os canadianos estão mais ansiosos e dedicados nestas eleições do que nas últimas. Essa motivação deve-se, em grande parte, à escolha do novo líder. Nota-se uma preocupação na seleção da pessoa que vai liderar o país como não se via há muitos anos.

Se repararmos, ainda com Justin Trudeau no poder, as sondagens apontavam para uma vitória esmagadora dos Conservadores sobre os Liberais. No entanto, assim que Trudeau anunciou a sua retirada e foi confirmada a candidatura de Mark Carney à liderança dos Liberais, o cenário começou a mudar. Os Liberais passaram a liderar nas sondagens, ultrapassando os Conservadores. Curiosamente, têm mantido essa liderança nas médias das sondagens, e hoje são considerados os favoritos à vitória, podendo até alcançar uma maioria.

É evidente que os canadianos estão claramente empenhados em escolher alguém diferente. Li, há dias, um artigo sobre as prioridades dos eleitores, a maioria pretende votar na pessoa e não no partido. Estarão certos ou errados? Essa tendência deve preocupar todos os líderes, já que 39% dos eleitores disseram que votarão com base no líder, apenas 24% afirmaram que votam no partido, e 15% vão decidir com base nas propostas concretas, ou seja, numa política específica.

No meio de tudo isto, os políticos devem começar a pensar em fazer política de forma diferente. Alguns partidos talvez precisem até de rever os seus estatutos. O povo procura estabilidade, não políticos que apenas sabem fazer campanha, mas não sabem governar.

Entretanto, há um detalhe importante neste cenário de sondagens, será que estão a ser feitas com rigor e abrangência em todas as faixas etárias? Neste país, a maioria das pessoas mais velhas tende a votar nos Liberais, e são também as que mais respondem às sondagens. Há gerações mais jovens que evitam participar nas sondagens, mas que esperam por uma boa governação. Esses eleitores mais novos preferem aguardar pelos debates e pela apresentação dos manifestos antes de tomar uma decisão.

Pierre Poilievre ficará em maus lençóis se perder estas eleições. Terá de dar uma boa explicação ao seu eleitorado, especialmente depois de tantos anos na oposição e de liderar nas sondagens por tanto tempo. Se perder, os Conservadores dificilmente o perdoarão. Ainda há muitos que não acreditam nas sondagens, e ainda menos que os Liberais possam vencer. Mas os debates podem mudar tudo. Mesmo que Mark Carney recuse participar, isso poderá custar-lhe votos no dia das eleições.

Outro fator relevante, alguns veem com bons olhos a possibilidade de Carney tornar-se primeiro-ministro, mesmo tendo chegado à liderança dos Liberais sem nunca ter ocupado um cargo político eletivo, apenas o de conselheiro. Será que vai governar de forma diferente? Os críticos dizem que ele tem vasta experiência em política monetária internacional, o que pode ser uma vantagem neste momento de incerteza económica, agravado pelas tarifas impostas por Trump. Isso, no entanto, não significa que Pierre Poilievre não tenha competência para o cargo.

A verdade é que grande parte da comunicação social colocou Mark Carney num patamar muito elevado. Se a campanha aquecer, as sondagens podem inverter-se. Quer se aceite ou não, as sondagens influenciam os indecisos. Muitos acabam por votar no nome que está na frente. É aquele típico pensamento: “Se está a liderar, deve ser bom.” E assim se forma a onda: um grupo começa e o resto segue a procissão.

Poilievre, se queres ganhar, faz algo diferente para voltar à frente nas sondagens. Neste momento, o povo diz “Mark Carney” porque ele está no topo. Vamos ver por quanto tempo mais.

Não se esqueça de ir votar no dia 28.

Bom fim de semana!

Augusto Bandeira/MS

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