Augusto Bandeira

As desgraças de uns dão força a outros

 

portugal - milenio stadium (1)

 

O governo de maioria de António Costa passa por uma crise que dificilmente vai conseguir esconder dos portugueses.

O Presidente da República ficou a ganhar com o que está a acontecer.

Na semana passada, no artigo de opinião, deixei um pouco do que se estava a passar e poucos davam atenção, até porque os portugueses com pouca coisa ficam satisfeitos, basta o governo abrir a mão com meia dúzia de tostões, mesmo que de seguida lhes retire o dobro, eles ficam todos contentes. E, com todo o respeito, o PS é um senhor a fazer deste tipo de coisas, depois coloca o país nas mãos da Troika, como assim já fizeram no passado. Não desejo que isso volte a acontecer, mas com esta velocidade que este governo leva é o mais provável. Como disse o Presidente da República na sua mensagem de Ano Novo, 2023 é o ano muito importante, todo o cidadão atento sabe que será sem dúvida o mais importante, mas com a crise que se vive dentro do PS e do próprio governo as coisas não estão assim tão risonhas como se pode pensar.

Há por ali muita tinta que vai correr, mais dia menos dia. Com um sorriso bem alargado está o Presidente da República, terminou o ano com uma sondagem a dar-lhe uma popularidade acima do que alguém esperava e, claro, a crise política a reforçar-lhe a capacidade de intervenção, ele que com a maioria socialista tinha ficado a perder hoje saltou para cima. Tem mais poder e notou-se na sua mensagem de Ano Novo, na forma como ele se apresentou firme e muito assertivo, com muitos avisos para dentro do governo. Disse e muito bem que 2023 é o ano decisivo para mudar e reformar. Durante 2023 não há nada para desviar as atenções, já nos anos seguintes são anos de eleições – europeias, municipais etc., – por estas e outras razões não há desculpas para falhar. Na minha opinião, o aviso mais importante foi uma espécie de cartão amarelo ao Governo.

Tudo pelo que se tem passado nos últimos tempos com este Governo, que afinal não sabe gerir a maioria que conseguiu, ainda não se sabe como, não pode continuar no caminho que tem vindo a seguir. Nas lutas internas, está a desperdiçar uma maioria quando nesta altura um governo precisa de estabilidade, mas na realidade o que se vê é uma falta de transparência e de honestidade próprias de uma boa governação. A culpa não pode morrer solteira. Esta responsabilidade é toda do Governo e do fracasso de muitos ministérios que não são a favor do primeiro-ministro, mas sim uma oposição interna. Estão mais preocupados com a conquista do lugar de secretário-geral do PS, outros em desacordo com o próprio primeiro-ministro.

Será que vamos ter uma legislatura até ao fim? O Presidente da República foi bem claro, não está nos seus planos, mas não será impossível haver eleições depois das europeias de 2024, não é um desejo para nenhum português, mas pode acontecer. O primeiro-ministro, neste momento, tem as piores condições para governar. Na sua entrevista ao Expresso, couzida por Pinto Balsemão, disse tudo ao contrário só para sossegar os portugueses, mas notou-se um esgotamento. O pior está para vir, agora vai viver com uma oposição interna e pior vai ser a guerra da sucessão no PS. Será que ele vai deixar denegrir a sua imagem política ou vai fazer tudo para dar o salto para um cargo europeu que ele tanto deseja, só não admite? António Costa não vai ter tarefa fácil para governar na situação em que se encontra. Mais grave será quando Pedro Nuno Santos começar a lutar pelo lugar, ele agora está livre. Até agora estava debaixo da alçada do primeiro-ministro, agora tudo pode ser muito diferente. Neste momento temos um primeiro-ministro cada vez mais arrogante, sem condições nenhumas e viu-se nas escolhas feitas para a substituição de Pedro Nuno Santos. Sai um e entram dois, de mal a pior, um que se encontra debaixo de uma investigação, João Galamba, embora não tenha sido acusado de nada, mas onde há fumo há fogo. Muita tinta vai correr, assim estava Miguel Alves, ou já se esqueceram? Outra vem do gabinete e rápido passa a ministra, mas afinal quem é Marina Gonçalves? Eu só sei que é de Caminha, daquelas bandas tem vindo pólvora para o governo. Agora fica João Galamba com a pasta das Infraestruturas e Marina Gonçalves com a pasta da Habitação – saiu um e entram dois, não foi uma remodelação, mas sim, podemos chamar, uma promoção de dois estudantes sem curriculum político, um deles que pode causar problemas graves no Governo e até no próprio Presidente da República, assim que a justiça funcione.

O Costa está a pagar pelos erros que cometeu e pela arrogância dele próprio, ganância do poder, agora não há ministro das Infraestruturas nem da Habitação, há sim dois criados do António Costa.

Como diz o velho ditado, cá se fazem cá se pagam, afinal hoje fazes e amanhã recebes, António Costa está a receber o que fez. Quem perde é o país e quem paga para toda esta escumalha são os pobres. A vida tem destas coisas, uns perdem, outros ganham, Costa mais fragilizado, Marcelo mais poderoso. Hoje o Costa tem outro discurso e demonstra que precisa do Presidente da República.

Ainda o navio vem em alto-mar, a tinta ainda não está escolhida e o novelo ainda não começou a ser desenrolado, esperemos só pela entrada do navio no cais e depois veremos os resultados, a maré vai ficar um pouco mais calma até que o navio entre no cais, mas não vai ser fácil e as coisas até podem piorar.

Bom fim de semana.

Augusto Bandeira/MS

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