Augusto Bandeira

Ainda pode ser pior se nada for feito

A fome já entrou em muitas casas devido a esta situação, com o agravamento da pandemia muitas famílias foram obrigadas a apertar o cinto.

Deve ser muito triste abrir um frigorifico e não existir nada lá dentro. Falo de coisas essenciais para alimentar uma família. Já há centenas de crianças a passar fome em Portugal, já existem famílias que todas as semanas necessitavam de quatro ou mais litros de leite e agora governam-se com um litro. Quem são os prejudicados neste caso? As crianças. Desde sempre houve fome e miséria, mas atualmente as coisas pioraram. Não é possível uma família conseguir sobreviver a ganhar o ordenado mínimo, mesmo a viver na aldeia onde se pode ter outro tipo de recursos. É muito difícil. Vivemos no meio de uma pandemia que já dura há um ano, muitos perderam o trabalho, outros recorreram a apoios do Governo, que pouco ou nada os ajudaram. Quando alguns descobriram que tinham que devolver as ajudas a que se candidataram, passaram a fazer economias e a cortar em tudo, mas infelizmente o mais fácil para muita gente é cortar numa alimentação qualitativa. Com tudo isto são as crianças que sofrem. Os pais, não quero ser direto, nem apontar dedo a ninguém, mas se cortassem se calhar no tabaco ou noutros vícios que se pode viver sem eles, se calhar as crianças não sofriam tanto. Mas atenção, as crianças não têm culpa das asneiras que os adultos fazem. A história mais fácil de se contar é: “perdeu o trabalho ou está em regime de lay-off”. Depois há a mãe que nunca trabalhou porque tem que tratar das crianças, mas também neste momento não há trabalho, e isso tudo é o dia a dia no nosso país.

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Crédito: DR.

O nosso país é retangular, mas a pirâmide que define o estado e a classe da população tem umas diferenças muito grandes. No pico são meia dúzia que até conseguiram enriquecer ainda mais com a pandemia, que até conseguem mandar mais que os próprios políticos, mas estes não ajudam ninguém. Mais abaixo temos os políticos que ultimamente cresceram com este Governo, depois vêm as forças de segurança e o resto dos funcionários públicos. No fim vem o povo, aquele que paga sempre e nada lhes é perdoado. E muitos querem falar, mas com medo de perder o pouco que ganham, preferem estar calados e aguentar a carga da miséria. É nessa classe de pessoas, lá em baixo, onde existe a maior miséria escondida. O medo e vergonha instalou-se no meio de muitas famílias. Fala-se em ajudas, mas quais ajudas? Recentemente falava com amigos e contaram-me histórias do arco da velha. Fala-se que já há pessoas a entregar eletrodomésticos em troca de comida, eu não acredito em tudo que se diz e publica, mas pessoalmente vi casos muito tristes durante o tempo que representava o povo. Agora piorou, meus caros leitores. É fácil de ver em que situação vivem, neste momento, milhares de pessoas. Basta pegar numa caneta e fazer contas. O maior empregador é o pequeno comércio e as PME que, neste momento, estão a passar tantas dificuldades que não conseguem pagar as despesas, como é que vão pagar os ordenados, as rendas entre outras despesas? Não é possível, e o sofrimento vai tocar sempre aos mesmos, que são as crianças. A sorte de muitos é a generosidade de alguns restaurantes e cafés que não sentem necessidade porque estão no mercado há vários anos e têm a casa remediada. Alguns deles colocam panelas de comida fora para oferecer. Estranho é ver o tipo de pessoas que se aproximam para uma tigela de sopa. Ao que se chegou em tão pouco tempo.

Leia também: Daily Bread Food Bank cancels holiday drive but is still encouraging people to donate food, money.

Já há especialistas com medo que isto continue a crescer. Eu digo… estou admirado com a forma como os governantes olham para este problema. Falam em ajudas, mas se pensarmos bem todos vão ter de pagar o que lhes foi dado, direta ou indiretamente todos vão pagar. Nessa altura a fome pode vir a ser mais ainda. É que a um pobre nada lhe é perdoado, porque não tem nada para dar em troca aos que resolvem as coisas debaixo da mesa, infelizmente em muitos países vive-se assim.

Ofereça hoje com uma mão, amanhã receberá com duas. Os momentos que se avizinham são tempo a não perder e nada se perderá dentro da medida em que se saiba dar com generosidade e empenho. Sejamos verdadeiros, ajudemos hoje porque amanhã podemos precisar de ajuda também.   

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