Augusto Bandeira

Agora o que se espera? Quem muda Deus ajuda. Adeus, Justin Trudeau

 

Não foi surpresa para muitos. Para alguns, até pecou por ser tarde demais. Já se esperava algo parecido, mas não de forma tão forçada. Justin Trudeau insistiu em permanecer e garantir a recandidatura, mas alguém o convenceu a sair. A forma como tudo aconteceu, e o estado atual do país, contribuiu para que Trudeau saísse pela porta pequena. Sempre se disse que, ao sair, deve-se fazê-lo pela porta grande. Há tempo para tudo, e as lideranças não são eternas. Quando o tempo se esgota, a melhor decisão é erguer os braços e partir. Sair na hora certa garante que somos lembrados com respeito, mas permanecer no poder contra a vontade da maioria pode transformar admiração em rejeição, e as memórias menos boas ganham destaque.

Justin Trudeau, que liderou o Governo do Canadá nos últimos nove anos, viu a sua governação mergulhar numa grande instabilidade após a demissão da ministra das Finanças, Chrystia Freeland, no passado dia 16 de dezembro. Trudeau não apenas renunciou ao cargo de primeiro-ministro, mas também à liderança do Partido Liberal. O seu mandato chegou ao fim. No entanto, a popularidade já estava em queda há bastante tempo. Nem mesmo o acordo com o NDP para manter o Governo se mostrou eficaz. Pelo contrário, prejudicou ainda mais o Partido Liberal.

Muitos deputados, que tinham potencial, agora enfrentam dificuldades para ser reeleitos. A recuperação e confiança do Partido Liberal não será fácil a curto prazo. Quem vier a assumir a liderança está em posição muito delicada. A gestão do Governo e as decisões impopulares são evidentes, e a responsabilidade recai sobre quem governou. A mudança pode ser positiva. Espera-se que o próximo líder tenha dedicação ao país e atue com responsabilidade e que coloque o país em primeiro lugar.

O Canadá é um país de imigração, mas recentemente não tem recebido os profissionais que realmente precisa. Com a entrada de pessoas sem controle o sistema de saúde enfrenta uma crise e a falta de mão de obra qualificada contribuiu para esse cenário. Houve momentos em que os hotéis estavam com lotação esgotada de pessoas a viver às custas do Governo, o que também ajudou pela negativa na sua popularidade. Tudo isso levou à queda nas sondagens e à perda de apoio.

A liderança de Trudeau também foi questionada pela forma como lidou com as ameaças do presidente eleito dos EUA, Donald Trump. Foi uma situação que gerou preocupação entre os próprios membros do Partido Liberal, que passaram a pressioná-lo a sair. Com as sondagens a apontar apenas 21% de apoio, o partido continuava a perder força a cada dia que passava.

Agora, o novo líder e o próximo primeiro-ministro vão enfrentar desafios significativos, incluindo as provocações de Trump, que chegou a brincar ao chamar o Canadá de “51.º Estado”. O futuro líder também vai ter de lidar com a promessa de Trump de aplicar uma taxa de 25% sobre produtos canadianos e mexicanos que entrem nos EUA. Economistas já alertam que essas tarifas podem prejudicar gravemente a economia do Canadá.

O próximo capítulo da política canadiana está prestes a ser escrito. Resta saber se a nova liderança será capaz de enfrentar os desafios e reconquistar a confiança do povo.

Como “quem muda Deus ajuda”, vamos esperar por melhores dias.

Bom fim de semana.

Augusto Bandeira/MS

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