Augusto Bandeira

A urgência de defender a nossa cultura

Créditos: DR.

Meus caros leitores e amantes da boa cultura regional, digo “boa” como quem diz “com qualidade”, e que não se confunda qualidade com quantidade. No fim de semana passado, tivemos entre nós uma comitiva vinda da capital do folclore, Viana do Castelo. Durante dois dias, encheram de alegria os verdadeiros apreciadores da autenticidade e da excelência do folclore. Sim, porque há quem não aprecie a qualidade, e ninguém é obrigado a gostar. Mas deve-se respeitar quem gosta e aprecia. 

A comunidade não tem donos. Infelizmente, nota-se a presença de grupos que usam instituições como plataformas de promoção pessoal, quando deveria ser ao contrário: a promoção da cultura regional, com qualidade, deve ser a prioridade.

Estamos numa transição cultural muito negativa. Aos poucos, estamos a perder o que distingue as nossas regiões. Falo disto com grande à-vontade. Não sou sábio, mas sei observar e ouvir. Gosto de divulgar, no bom sentido, e passar testemunhos com qualidade sempre que possível. Estamos sempre a aprender, e eu, neste último fim de semana, aprendi muito graças ao grupo que esteve entre nós.

Quem participou na tertúlia sabe bem do que falo. No sábado, no evento “Encontro Vianense”, assistiu-se a uma atuação que deixou muitos amantes do folclore arrepiados e sem palavras. Não é por acaso que Viana do Castelo é considerada a capital do folclore. Aliás, vale lembrar que o grupo folclórico mais antigo de Portugal é o das Lavradeiras de Carreço, fundado em 1904.

Espero que os grupos presentes na tertúlia tenham aproveitado a oportunidade: observar a forma de trajar, de usar o ouro, de dançar. A Mafalda, porta-voz do grupo, até se disponibilizou para ajudar os grupos locais na aquisição de trajes. Foi, sem dúvida, um encontro muito frutífero.

Quem esteve atento reparou até no modo como a atuação terminou: a mudança de música, os braços erguidos, como dizia Amadeu Costa, “braços levantados, sorriso no ar”, porque era assim que se fazia.

O folclore é belo quando tratado com excelência e respeito. Não é a quantidade de apresentações, nem os saltos no ar, que dignificam o folclore, mas sim a preservação do legado que os nossos antepassados nos deixaram. Agora é nossa vez de passar esse conhecimento às novas gerações, mostrando-lhes como era, para que possam dar continuidade. Claro que há inovações, e até quem chame de “modas”. Nada de errado com isso, desde que se mantenha a base do que nos foi ensinado.

Tenho pena que muitos ranchos da comunidade não tenham aproveitado esta visita dos nossos amigos vianenses. Vieram com a intenção de ajudar: ensinar como se traja, como se coloca o ouro, como se dança. Todos devemos respeitar, mas um pequeno ajuste ou toque de melhoria não faz mal a ninguém. Saber ouvir e ver é fundamental.

Houve quem não comparecesse por falta de coragem ou por se deixarem levar por “contos de fadas” negativos. Esse tipo de evento e tertúlia faz falta. Promove a união. A comunidade não tem dono e todos devem ser respeitados. Todo indivíduo que apresente um projeto para melhorar a nossa cultura deve ser apoiado.

Espero que deixemos de fazer “festinhas” e passemos a realizar grandes festas com qualidade, sempre com foco na vertente cultural. A união faz a força, não importa se somos amigos ou não. Rixas e divisões não ajudam ninguém a crescer. Seja de Toronto, Mississauga, Milton, Hamilton… todos devem ser tratados por igual.

Na minha humilde opinião, está na hora de formar um grupo que defenda a nossa cultura regional com qualidade, envolvendo também a juventude. É preciso saber ouvir e saber transmitir. É preciso que haja quem defenda verdadeiramente a cultura. Há muita gente a usar plataformas de promoção pessoal ou a fazer festas em excesso apenas para sobreviver.

Unam-se! Façam menos, mas com mais qualidade. E, no futuro, os resultados serão excelentes.

Bom fim de semana!

Augusto Bandeira/MS

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