Aida Batista

Bodas de diamante

 

Workplace flat lay business working 

 

É urgente inventar alegria, multiplicar os beijos, as searas, é urgente descobrir rosas e rios e manhãs claras.
Eugénio de Andrade

 

Pisei chão de Toronto pela primeira vez em 1989, faz precisamente este outono 26 anos. Iniciar uma nova vida em terra estranha, exige uma adaptação e integração que passam, não só pelo ambiente e condições de trabalho, mas também, e não menos importante, por todo um processo de socialização que obriga a fazer novos amigos.

Tive a felicidade de ter conseguido, através da amiga onde temporariamente fiquei hospedada, fazer uma rede sólida de amizades que se mantêm até ao presente. Entre elas, destaco hoje o casal Frank e Lola Alvarez que, desde a primeira hora, sempre me acarinharam.

Cruzámo-nos, como é habitual para quem vive em contexto diaspórico, num dos muitos eventos que se realizam na pujante comunidade portuguesa torontina, sem que nos tivéssemos ficado apenas pelos cumprimentos circunstanciais. Pelo contrário, devido à minha função (Leitora de Português) e ao facto de Frank Alvarez, através da estação de rádio de que era proprietário, a CIRV Radio FM, ser um dos responsáveis pela defesa e divulgação da Língua Portuguesa, de imediato nos sentimos unidos por uma causa comum. Seguiu-se, depois, a criação do semanário “Milénio” de que me tornei colaboradora regular, mesmo depois de este ter mudado de mãos.
A convivência regular com o casal manteve-se não só em Toronto, mas também em Portugal, tendo-se estendido até Arbo, na Galiza, a terra natal de Frank Alvarez. Durante estas décadas, pude sempre testemunhar a intimidade de uma convivência familiar, que foi sempre um exemplo de como se constrói uma ligação afetiva de mútuo respeito. Deve ter sido esse o segredo que permitiu ao casal manter-se unido durante os 60 anos de vida comum que hoje celebram. É esta a data marcante (1 de novembro) que me faz estar esta semana novamente em terras canadianas. A convite do casal, regresso para, entre familiares e amigos, com eles festejar as suas Bodas de Diamante.

A palavra boda vem do latim “votum” que significa “promessa”, “compromisso”, mas todos sabemos como é difícil cumprir promessas. Frank e Lola, contudo, são bem o símbolo do casal que soube honrar o compromisso inicial de se manterem fiéis um ao outro, de se amarem e respeitarem na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias das suas já longas vidas, como juraram no dia em que, na igreja, celebraram o sagrado sacramento do matrimónio.

Num tempo em que as relações conjugais são cada vez mais efémeras, e os casais facilmente desistem de si e da sua relação à mínima contrariedade, é bonito poder assistir à longevidade de uma relação que se mantém tão forte que não permitiu ao tempo que a desgastasse.

Antoine de Saint Exupéry escreveu que “O amor não consiste em olhar um para o outro, mas sim em olhar juntos na mesma direção”. Eu arriscaria dizer que talvez se encontre nesta frase a razão de se resistir, de forma saudável e harmoniosa, à passagem do tempo: o terem sabido olhar juntos na mesma direção em função dos sonhos e projetos que definiram para uma vida a dois, rendidos a um amor que tudo venceu.
É em nome desse amor que os envolvo num abraço amigo, acompanhado de sinceros votos de que assim continuem – unidos para sempre!

Aida Batista/MS

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