Adriana Marques

Perder faz parte do processo

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Há uns três anos que escrevo para esta coluna e isso me gera um orgulho imenso. Poder partilhar ideias, pensamentos e reflexões é algo que me deixa envaidecida de uma maneira positiva. Mas acho que não apresentei ainda um pouco do meu “background” para aqueles que me lêem. É o que eu gostaria de fazer agora. Sou brasileira. Estou no Canadá há 4 anos e a vida de imigrante não é uma maravilha como muitos amigos e parentes acreditam que seja. É um luta que, às vezes, parece inglória. Estou destacando isso porque quero trazer à pauta de quem lê, que eu vim de um país que neste momento está “pegando fogo”. Recentemente, tivemos eleições presidenciais e Lula ganhou, Bolsonaro perdeu. Não quero ficar falando aqui se isso foi bom ou ruim, eu gostaria de falar sobre a reverberação desse resultado ser a causa do “pegando fogo” no Brasil hoje.

Pois a reverberação para alguns eleitores do atual presidente, inclusive para o mesmo, não foi nenhum pouco democrática e madura, diga-se de passagem: não estão aceitando a derrota nas urnas. Nesse momento, estamos vendo protestos que estão afetando toda a sociedade brasileira. Existem muitos pontos compostos por algumas pessoas que estão bloqueando as principais estradas do país, de forma criminosa. Doentes que precisam de remédios vitais, pessoas que precisam trabalhar e gerar o sustento da família, locomoção de produtos e serviços básicos – tudo está sendo afetado por esses protestos. Toda uma sociedade está sofrendo com isso por conta da não aceitação de alguns. E é sobre isso que gostaria de falar: saber perder também faz parte do processo de autoconhecimento e engrandecimento pessoal.

Penso que ensinar as crianças de que perder faz parte da vida, seja algo valioso para a formação de uma pessoa viver em sociedade. Os pais precisam mostrar aos seus filhos quais recursos utilizáveis para lidarem com as frustrações de não se ter aquilo que se quer na hora em que se quer. A vida real é assim: em certos momentos ela caminha para situações, fases e circunstâncias que não nos agradam e precisamos saber administrar os sentimentos de frustração e tristeza. Esses recursos fazem parte de algo chamado maturidade.

Antes de mais nada, precisamos encarar esses sentimentos, senti-los de verdade e entender que eles estão ali, existindo. Muitas pessoas simplesmente passam por cima deles e os transformam em ódio e aí extravasam com a tal da violência. Por isso é importante perceber os sentimentos que antecedem o ódio. Devidamente encarados, precisamos digeri-los através do pensamento racional, afinal de contas, somos seres racionais, certo? Como posso resolver esse problema de forma equilibrada? No caso das eleições, que tal esperar quatro anos? Que tal avaliar o próximo governo e cobrá-lo? Em 2018, muita gente que não queria o Bolsonaro como presidente, esperou quatro anos para eleger quem gostaria. É assim que funciona. Essa é a beleza da democracia. Por isso, é importante, de forma civilizada, buscarmos soluções maduras para nossas frustrações e a resposta não é através da violência ou do ataque gratuito, caso contrário, estaremos retrocedendo como sociedade. Aos pais, fica o alerta: está em suas mãos a construção de um mundo mais maduro, cívico e respeitoso.

Adriana Marques/MS

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