Observem as baleias!
Eu sempre me questionava em como as baleias sabem o caminho para procriar, para se alimentar, para migrar para águas mais quentes (ou geladas). Sempre achei tão incrível esse instinto nesses belos e gigantes animais! E, pensando nisso, comecei a projetar e desejar esse conhecimento para a minha própria vida.
Pensando no quanto, muitas vezes, planejei milimetricamente uma situação, ou desejei tanto algo que achei ser importante para a minha persona… e a vida me devolveu situações que me viraram do avesso, mostrando que essa nova versão era a que deveria ser; era exatamente para me mostrar quem eu sou e do que realmente precisava.
O que percebo é que, às vezes, a gente é tão intensa no planejamento em construir a tal “persona”, que baseamos esses planos em quem a gente “acha” que é. Tantos planejamentos e condições para dar sentido às nossas vidas idealizadas.
Com isso em mente, é interessante observar e refletir sobre as baleias e seus movimentos… elas apenas seguem o instinto de sobrevivência, fazem o que tem de ser feito. Executam o necessário para garantir que a vida continue. E nós, pobres animais humanos que somos, sufocamos o instinto que nos ajuda a seguir um caminho simples e natural, o de simplesmente vivenciar o caminho.
A configuração desenhada para nossa sociedade nos induz a viver em torno do acúmulo de capital e status; mas será que não podemos administrar um pouco essas linhas e não segui-las tão à risca? Será que podemos fazer algumas alterações nessa configuração para que não caiamos na armadilha de viver em função apenas dessas situações, que beiram mais a ilusões?
Estamos nessa “curta” jornada para correr contra o tempo e montar um império; para quê? A não ser que, com esse império, façamos a diferença na vida das pessoas, qual o sentido de acumular riqueza?
Voltando às baleias, elas nos ensinam que precisamos confiar mais na nossa natureza animal/instintiva e voltar a nos conectar com os elementos dessa natureza. Essa conexão é importante para que entendamos que fazemos parte dessa estrutura e essa integração nos ajuda a intuir o verdadeiro caminho. Nos perdemos diante de tantos planos urgentes e nessa urgência toda de chegar ao topo, esquecemos de quem somos em nossa essência.
Estou escrevendo essas palavras, por identificar essa pressão em muitas pessoas e também em mim. Há quanto tempo não ando descalça pela terra? Há quanto tempo não subo em uma árvore ou fico por alguns bons minutos observando o céu, a pintura e a mescla das cores de um pôr do sol? De fato, estando onde estou, nessas terras frias do Canadá e oriunda de um país tropical, parece que me distancio desses momentos de conexão com a natureza, principalmente no inverno. Nessa época, eu me desalinho com o meu ser animal instintivo, que me faz ser quem eu sou e parece que tudo começa a desalinhar também. Vem ansiedade, estresse, mau humor e tudo isso vai refletindo em mazelas pelo corpo num verdadeiro efeito cascata.
Talvez eu deva olhar a imagem de uma baleia pra me lembrar de tudo isso que escrevi. Talvez ela me ajude a conectar com os elementos da natureza e me faça voltar para o centro de novo.
Sejamos baleias, nadando nesse mar de vida, que não planejam tanto, mas apenas se guiam pela energia da sobrevivência de ser quem são.
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