OpiniãoLuís Barreira

A “bola da sorte”!

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Os amantes do “desporto rei” (futebol) e todos aqueles que adoram o nosso “rei do desporto” (Ronaldo), tiveram este último domingo (11) a oportunidade de associar uma saudável quarentena no sofá a um equilibrado jogo de futebol, entre as seleções nacionais da França e a de Portugal.

A enorme expectativa sobre como seria a revanche francesa, que todos os comentadores salientavam como a mola impulsionadora desta equipa, enquanto desforra por ter perdido o Campeonato Europeu de Futebol de 2016 nesse mesmo “Stade de France”, a seleção francesa partia, à partida, com todo o favoritismo a que já tínhamos assistido em 2016 mas que, afinal, não resultou em vitória!…

Foi um jogo agradável de se ver, suscitando palmas que não se ouviam (Covid oblige) e alguns solavancos do sofá, sem o esperado grito de Gooooolo!

No final das duas partes do jogo exibindo os seus craques e em que, em cada uma delas, as equipas se revezavam, num: “ora jogo eu”, “ora jogas tu”, as duas seleções chegaram a um empate a 0 golos, que teve um sabor a vitória para ambas, embora mais para os portugueses do que para os franceses (desculpem o patriotismo…).

A “bola”, esse grande aglutinador de massas que alimenta muita da auto-estima dos portugueses em torno da sua seleção nacional, cumpriu o seu papel. Para alguns o resultado obtido foi consequência da “sorte”, mas para mim, que não acredito em bruxas, o desenlace deste encontro, por parte da equipa portuguesa, foi muito mérito do nosso treinador Fernando Santos (que já vai merecendo uma estátua…) da forma como os nossos jogadores desempenharam as suas instruções e talvez com a ajuda da fé que ele devota a Nossa Senhora, em véspera das celebrações do 13 de outubro em Fátima.

“Bola da Sorte” diria eu, glosando o tema num outro assunto que não merece qualquer humor que não seja negro, é escapar a esta epidemia da Covid-19.

Portugal atingiu uma média semanal de mais de 1.000 casos de infeção diária, sendo que um em cada três casos, são pessoas com menos de 30 anos, aumentando internamentos hospitalares e conduzindo o país a uma provável saturação de camas, médicos, enfermeiros, técnicos hospitalares, auxiliares e outros congéneres.

Nas últimas 24 horas desta última segunda-feira (12) foram reportados mais 1.249 casos, morrendo 14 pessoas e, no passado sábado (10), foi batido o recorde de 1646 casos de infeção, situação que nunca se tinha verificado no país.

Com as devidas equiparações, à escala do número de habitantes de cada país, toda a Europa vê agravar-se a situação epidémica em milhares de infetados e centenas de mortes diárias. Países como a Espanha, o Reino Unido, a Itália, a França a República Checa e outros, multiplicam processos de contenção da expansão deste vírus, limitando a circulação das suas populações, enfrentando o seu desagrado perante as medidas restritivas que  lhes são impostas e colocando os respetivos governos numa posição de: “preso por ter cão e preso por não ter”!

Aqui há tempos, comentando o desenvolvimento epidémico desta doença e o reconhecimento de que demoraria muito tempo a criar qualquer vacina eficaz, sem deixar de me preocupar com as possíveis mutações deste vírus que tornariam essa vacina obsoleta, tive ocasião de afirmar que teríamos de nos habituar a viver com ele, como se fizesse parte da panóplia das tantas outras doenças que coexistem no nosso organismo.

A velocidade a que assistimos atualmente com o desenvolvimento da Covid-19 e a disparidade das condições de higiene, proteção e tratamento, que existem entre os países do planeta, associados à resistência das populações e de alguns dos seus líderes, em adotar medidas de proteção, como uma simples máscara ou a salvaguarda de algum distanciamento social, levam-me a um certo pessimismo ao afirmar agora que temos de nos habituar a morrer disto! Mesmo que vivamos em sociedades, como as europeias e algumas outras, dispondo dos meios disponíveis de proteção e tratamento, continuamente informados pelas autoridades sanitárias e cuidadosos com a nossa saúde e sociabilidade, não apanhar a Covid é uma “bola da sorte”!

O ser humano é um ser social. As nossas sociedades são fenómenos coletivos, aglomerados de seres humanos construídos ao longo dos séculos e desenvolvidos com base no seu inter-relacionamento de interesses mútuos, espirituais e materiais. Hipoteticamente extinguir esse “vespeiro” de contactos é uma teoria absurda. Limitá-lo, como medida de autoproteção, não conseguirá nunca erradicar completamente o perigo de contágio de uma doença que se propaga de forma aleatória, invisível e silenciosa.

A solução fulcral também não está nas novas tecnologias de comunicação à distância que, embora facilitem algum controlo temporário da disseminação da Covid, não constituem o recurso absoluto para evitar a sua propagação. Em alguma parte do processo produtivo das sociedades e no contexto da vida pessoal dos seres humanos que utilizam essas tecnologias, apresentam-se sempre brechas à intromissão deste vírus.

No passado, a população mundial já sobreviveu a várias epidemias e, com mais ou menos dificuldades e dramas humanos, há-de sobreviver a esta.

No presente, tal como no passado, a solução está nas mãos e no conhecimento dos cientistas e investigadores na área da saúde. São eles, espalhados pelo planeta e com todos os recursos necessários que as sociedades lhes proporcionem, que encontrarão a solução.

Até que isso aconteça… que a “bola da sorte” vos acompanhe!

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