Trump e a ameaça da deportação em massa
A ameaça de Donald Trump de deportar 11 milhões de imigrantes deve ser levada a sério, por mais cruel e insensata que possa ser, e não diz apenas respeito a cidadãos latino-americanos mas também a portugueses, muitos dos quais vivem, trabalham e pagam impostos nos Estados Unidos há muitos anos. O contexto mudou relativamente ao primeiro mandato de Trump, que substituiu o slogan “construam o muro” por “deportação em massa”, tendo feito do combate à imigração uma das principais bandeiras da sua campanha, com a promessa de fazer a maior deportação em massa de sempre, dizendo coisas como “somos um depósito de lixo para o mundo”, além de humilhar frequentemente os migrantes e os associar à criminalidade, como sempre faz a extrema-direita, mesmo que não existam razões para o fazer.
Agora, neste seu segundo mandato, o presidente americano está mais livre para cumprir os seus objetivos, porque possui comunidades locais. Além disso, a deportação em massa custará ao erário público vários biliões de dólares e tem um impacto brutal nas remessas dos emigrantes nos seus países de origem. Só para o México, as remessas cifram-se em algo como 60 mil milhões de dólares anuais.
A xenofobia aumentou de tal forma que não são apenas visados os indocumentados que desempenham trabalhos pouco qualificados, mas também os que vão para opaís com elevadas qualificações. A polémica estalou recentemente, quando setores mais extremistas dentro do Partido Republicanocontestaram a facilidade com que estavam aser atribuídos os vistos H-B1, concedidos a imigrantes altamente qualificados, que têm sido muito utilizado por Elon Musk para captar trabalhadores para as suas empresas de elevadíssimo componente científico e tecnológico.
E é por todo este contexto que também a comunidade portuguesa nos Estados Unidos está a passar por momentos de grande ansiedade, como aconteceu no primeiro mandato de Donald Trump, quando abriu caminho à deportação de imigrantes, pondo fim ao Programa DACA (Deferred Action Childwood Arrivals), uma medida implementada em 2012 pelo presidente Obama que protegeu da deportação várias centenas de milhares de imigrantes que chegaram em criança aos Estados Unidos e lhes permitiu viver, estudar e trabalhar legalmente no país. Pela sua desumanidade, esta política cruel foi interrompida em 2018, havendo, ainda assim, cerca de 1400 crianças que não ainda conseguiram ser devolvidas aos pais.
Apesar da presença histórica dosportugueses nos Estados Unidos, que rondará um milhão e meio entre nacionais e lusodescendentes, e da relação transatlântica ser desde sempre um dos eixos centrais da nossa política externa, isso em nada significa que os nossos compatriotas estejam protegidos. Pelo contrário, responsáveis associativos afirmam que há alguns milhares de portugueses em risco de serem deportados.
O dever de Portugal e do Governo português é, portanto, fazer tudo para minorar o impacto desta política anunciada pelo Presidente dos Estados Unidos de concretizar a deportação em massa. um poder sólido no Congresso e por ter nomeado pessoas fiéis, com perfil para os executar sem compaixão, e que já tinham sido responsáveis na primeira administração por algumas das medidas mais polémicas contra a imigração. É o caso de Stephen Miller, defensor da proibição de entrada nos Estados Unidos de cidadãos de países muçulmanos, da construção do muro na fronteira com o México e da separação dos filhos dos pais que entraram no país irregularmente, e de Thomas Homan, que foi nomeado diretor do Immigration and Customs Enforcement, conhecido como o “czar” das fronteiras.
Como a extrema-direita sabe, o discurso contra os imigrantes rende votos, por mais falso e manipulador que seja. Nos Estados Unidos, como em Portugal – só que agora toca aos portugueses verem-se na situação que os extremistas defendem para os estrangeiros no nosso país.
Os Estados Unidos tornaram-se um país muito mais xenófobo e racista, apesar da taxa de desemprego se ficar apenas pelos 4 por cento. O que significa que os imigrantes que fazem parte dos 11 milhões a deportar são necessário para fazer a economia funcionar. Estimativas apontam para que cerca de sete dos 11 milhões de indocumentados que a nova administração quer deportar estejam inseridos no mercado de trabalho, representando cerca de 5% da força laboral, o que pode ter consequências catastróficas para vários setores de atividade e para o consumo nas comunidades locais. Além disso, a deportação em massa custará ao erário público vários biliões de dólares e tem um impacto brutal nas remessas dos emigrantes nos seus países de origem. Só para o México, as remessas cifram-se em algo como 60 mil milhões de dólares anuais.
A xenofobia aumentou de tal forma que não são apenas visados os indocumentados que desempenham trabalhos pouco qualificados, mas também os que vão para o país com elevadas qualificações. A polémica estalou recentemente, quando setores mais extremistas dentro do Partido Republicano contestaram a facilidade com que estavam a ser atribuídos os vistos H-B1, concedidos a imigrantes altamente qualificados, que têm sido muito utilizado por Elon Musk para captar trabalhadores para as suas empresas de elevadíssimo componente científico e tecnológico.
E é por todo este contexto que também a comunidade portuguesa nos Estados Unidos está a passar por momentos de grande ansiedade, como aconteceu no primeiro mandato de Donald Trump, quando abriu caminho à deportação de imigrantes, pondo fim ao Programa DACA (Deferred Action Childwood Arrivals), uma medida implementada em 2012 pelo presidente Obama que protegeu da deportação várias centenas de milhares de imigrantes que chegaram em criança aos Estados Unidos e lhes permitiu viver, estudar e trabalhar legalmente no país. Pela sua desumanidade, esta política cruel foi interrompida em 2018, havendo, ainda assim, cerca de 1400 crianças que não ainda conseguiram ser devolvidas aos pais.
Apesar da presença histórica dos portugueses nos Estados Unidos, que rondará um milhão e meio entre nacionais e lusodescendentes, e da relação transatlântica ser desde sempre um dos eixos centrais da nossa política externa, isso em nada significa que os nossos compatriotas estejam protegidos. Pelo contrário, responsáveis associativos afirmam que há alguns milhares de portugueses em risco de serem deportados.
O dever de Portugal e do Governo português é, portanto, fazer tudo para minorar o impacto desta política anunciada pelo Presidente dos Estados Unidos de concretizar a deportação em massa.
Paulo Pisco/MS
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