
“Incitamento à rebelião” e processo de impeachment estarão na base da recusa, que é inédita desde os anos 1980.
O Pentágono, sede do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, vai romper com a tradição recente e recusou lançar o pedido de desfile militar em honra de Donald Trump quando o presidente deixar o cargo na quarta-feira, 20 de janeiro, ao meio dia (hora de Washington, 17 horas em Portugal continental). Nesse dia, o democrata Joe Biden toma oficialmente posse como 46.º presidente dos EUA e Kamala Harris como vice-presidente.
Trump, que é adepto das vistosas paradas militares e da exibição nacional de força armada, pretendia “uma cerimónia de adeus extravagante” e queria que sua saída de Washington envolvesse uma “grande despedida de estilo militar com uma multidão de apoiantes’, disse à CNN uma fonte militar que discutiu o assunto com o presidente cessante. Não é claro onde seria realizada essa parada.
Tradição vem desde Reagan
O facto de ter sofrido, na semana passada, um segundo “impeachment” – a destituição política foi aprovada na Câmara dos Representantes pela totalidade dos 222 deputados democratas, que detêm a maioria, e ainda com mais 10 votos de congressistas republicanos – terá sido a razão principal para esta nega do Pentágono. Recorde-se que, na manhã do dia da invasão do Capitólio, em Washington, pelos apoiantes de Trump, a 6 de janeiro, o presidente incumbente discursou num comício da MAGA (“Make America Great Again”, que era o seu slogan de campanha) e fez vários apelos diretos à necessidade “de luta”, incitando os seus fãs a marcharem até ao edifício sede do Congresso norte-americano.
Desde a presidência do republicano Ronald Reagan (40.º presidente dos EUA, de 1981 a 1989), o Departamento de Defesa ofereceu sempre um tributo de despedida das forças armadas quando o mandato dos presidentes chegou ao fim. As cerimónias incluíram encontros presenciais com os militares e demonstrações de poderio militar e, normalmente, o comandante em chefe mostrava o seu apreço pelos compromissos e sacrifícios das forças militares em ação no estrangeiro. George Bush, Bill Clinton, George W. Bush e Barack Obama tiveram todos as suas despedidas com honras militares.
Trump fora da cerimónia
Donald Trump não participará em nenhum dos tradicionais eventos de fim de mandato. Não estará presente na coroação de Biden e terá recusado também escrever a tradicional carta de boas-vindas ao novo chefe de estado, uma mensagem que historicamente é deixada em cima da “secretária da resolução”, a mesa de trabalho presidencial na Sala Oval da Casa Branca.
Ainda não se sabe exatamente onde vai estar Trump na próxima quarta-feira, mas é provável que surja na sua estância balnear de Mar-a-Lago, no sul da Flórida, de que é proprietário.
20 mil soldados na rua
Nas últimas semanas, mais de 20 mil soldados da Guarda Nacional foram destacados para a capital do país e continuarão a patrulhar as ruas de Washington até, pelo menos, à tomada de posse.
O FBI também está também a rastrear várias ameaças de violência, incluindo rumores detectados online de um plano para milhares de “patriotas armados” invadirem o Capitólio ou a Casa Branca.
JN/MS
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