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O Muro – Barreira divisória das relações entre a América e o México

Desde a eleição de Donald Trump como 45º Presidente dos Estados Unidos da América, a 20 de janeiro de 2017, tem sido amplamente debatida a hipótese de assegurar a fronteira entre o México e os EUA com a construção de um muro. Durante a sua campanha presidencial, Trump utilizou a construção do muro e o facto de que seria o México a pagar por ele, como a peça central da sua eleição, assim como a constante demonização dos imigrantes como criminosos.

Atualmente, a barreira ao longo da fronteira continental entre os Estados Unidos e o México (3,145km) não é uma estrutura contínua, contudo, a segurança é assegurada com um conjunto de medidas que incluem sensores, câmaras e outros equipamentos de vigilância, usados para enviar os agentes de patrulha da fronteira dos EUA onde há a suspeita da passagem de imigrantes.
O custo da construção desse muro é estimado em 5 mil milhões de dólares, contudo os media relatam que o custo total será superior a 10 mil milhões de dólares e demoraria cerca de dez anos para ser acabado. Para Trump conseguir obter os fundos necessários para a construção do muro é necessário que tenha a aprovação do Congresso. No entanto, desde as eleições intercalares em 2018, o Partido Republicano deixou de ter a maioria necessária na Câmara dos Representantes para garantir os votos para a construção do muro. A discórdia do presidente Trump com o Congresso relativamente ao custo e pagamento do muro resultou num “shutdown” do governo.

Nos Estados Unidos da América, o “shutdown” do governo acontece quando o Congresso falha em conseguir a aprovação de um projeto-lei e/ou quando o presidente se recusa a aprovar como lei esses projetos-lei. Empregados essenciais são solicitados para trabalhar, sem serem pagos até que o presidente aprove o projeto-lei. O atual “shutdown” é o mais longo da história dos Estados Unidos e tem interrompido serviços e aumentado o custo para o governo, devido à perda de trabalho.

A 8 de janeiro de 2019, o presidente Trump entregou uma declaração argumentando a importância do muro e a sua preocupação com gangues criminosos, “uma vasta quantidade de drogas ilegais” que resultaram em “milhares de mortes” e descreveu a situação na fronteira do México como uma crise humanitária. Contudo, muitos especialistas afirmam que os argumentos do presidente Trump são geralmente baseados em informações incorretas, tendo em conta que a maioria das drogas que são transportadas para os Estados Unidos vêm dos pontos de inspeção na fronteira. Além disso, frequentemente, Trump menciona o terrorismo quando discute a questão da imigração na fronteira, mas os terroristas raramente entram nos Estados Unidos pelo México.
Desde o começo da sua presidência, Trump tem atacado tanto o México como o Canadá na questão do acordo de livre comércio (NAFTA – agora redigido como o Acordo Canadá-EUA-México – CUSMA) e, até agora, ainda não apontou como alvo a fronteira entre os nossos dois países. A fronteira entre o Canadá e os Estados Unidos, também conhecida como Fronteira Internacional, é a mais longa fronteira internacional do mundo, entre dois países, (8,891km de comprimento, dos quais 2,475km são a fronteira do Canadá com o Alaska). A fronteira do Canadá com os Estados Unidos da América proporciona um papel fundamental na estabilidade da economia do nosso país e qualquer discussão relativamente a um muro originaria consequências negativas profundas na economia do Canadá.

Apesar de tanto o Canadá como o México terem concordado num novo acordo de livre comércio com os Estados Unidos da América, isso não diminui os constantes ataques diários feitos pelo presidente Trump aos imigrantes a sul da fronteira. O debate para financiar e construir o muro ao longo da fronteira México-EUA, será em última análise, decidido pelo governo dos Estados Unidos, no entanto, até ao momento, o presidente Trump não conseguiu demonstrar nem à população americana, nem à comunidade internacional a racionalidade por detrás da construção de um muro tão dispendioso. Internacionalmente, as democracias ocidentais estão a distanciar-se da criação de muros, como por exemplo, países da União Europeia que disfrutam de direitos de livre mobilidade, sem qualquer barreira entre estados-membros. Para o resto do mundo, a Europa é um modelo de estabilidade e existência pacífica entre nações. No pensamento do presidente Trump, esta ideia da existência de nações sem barreiras é inaceitável, pois não gosta da organização internacional, da União Europeia e das relações multilaterais. O tempo dirá se ele recebe a aprovação do Congresso para construir o muro, mas eu tenho grandes dúvidas de que esse projeto seja alguma vez concluído.

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