Mais de 200 pessoas raptadas durante anterior governo do Bangladesh continuam desaparecidas
Cerca de 200 pessoas raptadas durante o governo da ex-primeira-ministra do Bangladesh Sheikh Hasina (2009-2024) continuam desaparecidas, declarou hoje uma comissão encarregada pelo Executivo interino de investigar estes casos.
“Não temos informação sobre pelo menos 200 pessoas. Estamos a tentar localizar” estes desaparecidos, disse aos meios de comunicação um dos membros da comissão, Noor Khan.
Khan acrescentou que cinco pessoas foram libertadas de locais de detenção secretos desde a queda de Hasina, que abandonou Daca em 5 de agosto para se exilar na Índia após semanas de protestos, que causaram centenas de mortes.
O Governo interino que tomou conta do país, liderado pelo vencedor do Prémio Nobel da Paz, Muhammad Yunus, encarregou uma comissão de cinco membros de investigar os raptos atribuídos ao Executivo anterior.
As organizações não-governamentais (ONG) acusaram Sheikh Hasina de numerosos abusos e violações dos direitos humanos ao longo do seu governo.
A justiça do Bangladesh emitiu um mandado de detenção contra a ex-chefe de Governo.
A comissão declarou hoje ter identificado pelo menos oito centros de detenção secretos na capital e nos seus subúrbios, alguns com celas minúsculas (0,9 metros por 1,2 metros).
De acordo com dos membros da comissão, certas unidades da força da ordem do Bangladesh, cujo nome não revelou, tentaram esconder provas da existência destas prisões não oficiais desde agosto.
A maior parte dos desaparecimentos foi atribuída pela comissão ao Batalhão de Ação Rápida (RAB, sigla em inglês), uma unidade da polícia de elite cujos sete responsáveis foram sujeitos a sanções dos Estados Unidos em 2021, após acusações de abusos.
O presidente da comissão, Islam Chowdhury, denunciou o clima de impunidade de que a polícia beneficiou durante o governo de Sheikh Hasina.
“Usaram [o poder] para as suas próprias necessidades e interesses políticos”, acusou Chowdhury.
Muhammad Yunus — Prémio Nobel da Paz em 2006 – lamentou ter herdado uma administração “completamente destruída”, que exige uma revisão completa para evitar qualquer regresso à autocracia dos anos Hasina.
JN/MS
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