Mundo

Golpe contra o Comando Vermelho e tragédia humana

Créditos: JN

Com um balanço oficial de 120 mortos, quatro dos quais polícias, a megaoperação nos complexos do Alemão e da Penha, na zona norte da cidade do Rio de Janeiro, mostrou a face mais violenta do bilhete-postal do Brasil. Eis o que se sabe até ao momento.

O alvo: Comando Vermelho

A chamada “Operação Contenção” tinha como objetivo enfraquecer o Comando Vermelho, a principal fação criminosa do Rio de Janeiro e a que mais se expandiu nos últimos anos, segundo as autoridades. As forças de segurança invadiram os complexos de favelas do Alemão e da Penha, na zona norte da cidade, considerados bases centrais do Comando Vermelho. Recentemente, esta fação superou as milícias em extensão territorial, embora a hegemonia do crime organizado siga em disputa no Rio, segundo especialistas.

Mortos e presos

O governo do estado registou até agora 120 mortos, embora o Ministério Público estadual tenha reportado 132 à agência de notícias France-Presse. As autoridades do Rio informaram, ainda, a detenção de 113 pessoas. No total, foram apreendidos 91 fuzis.

Também foi apreendida “uma quantidade enorme de drogas”, disse o governador Cláudio Castro (PL). 

No entanto, até o momento não há informação nem sobre a quantidade, nem sobre o tipo de estupefacientes apreendidos.

A operação mais letal do Rio e do Brasil

Esta operação policial foi a mais letal da história do Brasil, superando os 111 mortos no massacre de Carandiru, em 1992, quando as forças de segurança executaram reclusos numa prisão.

No Rio, a segunda e a terceira operações mais letais ocorreram em 2021 e 2022, nas comunidades do Jacarezinho e da Vila Cruzeiro, que deixaram, respetivamente, 28 e 25 mortos. Cláudio Castro era também governador quando as duas operações foram realizadas.

Lula, à margem

A operação foi concebida e executada pelo governo do estado do Rio de Janeiro, sob o comando de Castro, aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A execução ocorreu “sem o conhecimento do governo federal”, chefiado pelo presidente Lula da Silva (PT), assegurou, na quarta-feira (dia 29), o ministro da Justiça e Segurança Pública do Brasil, Ricardo Lewandowski. “Não podemos aceitar que o crime organizado continue a destruir famílias, oprimindo moradores e espalhando drogas e violência pelas cidades”, afirmou o presidente Lula da Silva, na rede social X na noite de quarta-feira, depois de num primeiro momento ter permanecido em silêncio. “Precisamos de um trabalho coordenado que atinja a espinha dorsal do tráfico sem colocar polícias, crianças e famílias inocentes em risco.”

O que falta saber

Até agora, a identidade dos mortos é desconhecida, portanto, não se sabe se todos eram ou não suspeitos procurados com ordem judicial. Ainda não foi divulgada a identidade da grande maioria dos presos, o que impede saber o nível do impacto sofrido pela estrutura do Comando Vermelho.

Segundo informações da imprensa, um dos capturados será Thiago “Belão” do Nascimento Mendes, apontado como braço direito de Edgar Alves de Andrade, o “Doca”, suposto chefe do Comando Vermelho na região, que conseguiu escapar.

Os moradores denunciaram “execuções” e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes pediu ao governador Cláudio Castro detalhes sobre a operação para determinar se a atuação da polícia ocorreu no cumprimento da lei, e convocou-o para uma audiência.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu que se investigue o caso “imediatamente”.

Enquanto o Rio tenta voltar à normalidade, os moradores perguntam-se se nos próximos dias haverá novos episódios de violência.

JN/MS

Redes Sociais - Comentários

Artigos relacionados

Back to top button

 

O Facebook/Instagram bloqueou os orgão de comunicação social no Canadá.

Quer receber a edição semanal e as newsletters editoriais no seu e-mail?

 

Mais próximo. Mais dinâmico. Mais atual.
www.mileniostadium.com
O mesmo de sempre, mas melhor!

 

SUBSCREVER