França proíbe voos curtos quando uso de comboio é viável

Entrou em vigor, esta terça-feira, em França, a proibição da realização de voos domésticos de curta distância para viagens que podem ser feitas em duas horas e meia de comboio. O decreto já tinha sido aprovado há quase dois anos e tem como objetivo reduzir as emissões de gases com efeito de estufa.
Em termos práticos, a aplicação da medida faz com que deixe de ser possível viajar de avião a partir de Paris para cidades como Nantes, Lyon ou Rennes, que ficam a menos de 2h30 de comboio da capital francesa. No entanto, a nova lei, que não afeta voos de conexão, pode não ter repercussões para os passageiros.
De acordo com o jornal francês “Le Figaro”, neste momento, nenhuma rota aérea vai desaparecer com a entrada em vigor da lei, já que as ligações aéreas a partir do aeroporto de Paris-Orly às cidades apontadas foram suspensas pela Air France desde a pandemia de covid-19.
Ainda assim, o Governo francês congratulou a medida. “Trata-se de uma etapa essencial e de um forte símbolo na política de redução das emissões de gases com efeito de estufa”, frisou Clement Beaune, ministro dos Transportes.
Por outro lado, os críticos da lei assinalam que a ferrovia de alta velocidade já estava a ser privilegiada pelos passageiros em detrimento das ligações aéreas, notando que a proibição é apenas uma forma do Executivo trazer à tona preocupações ambientais, sem, na prática, aplicar medidas que realmente façam a diferença.
“Ninguém se deixará enganar por esta medida: os passageiros estão naturalmente a afastar-se dos voos nestas rotas”, escreveu Guillaume Schmid, antigo vice-presidente do sindicato dos pilotos da Air France, no Twitter.
Já o diretor da associação de companhias aéreas Airlines for Europe (A4E), Laurent Doncee, explicou à AFP que “a proibição destes voos terá efeitos mínimos” na emissão gases com efeitos de estufa, defendendo que as autoridades políticas deveriam apoiar “soluções reais e significativas” para o problema.
A medida faz parte da Lei do Clima, aprovada em agosto de 2021, porém, a associação francesa de aeroportos tinha-a contestado. Assim, a proibição que agora entrou em vigor ficou suspensa enquanto a Comissão Europeia analisava o recurso, rejeitado em dezembro do ano passado.
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