A Polónia anunciou na semana passada pretender apresentar uma proposta na cimeira extraordinária da NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte), convocada para quinta-feira, para a criação uma missão de paz na Ucrânia.
Esta quarta-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo considerou a proposta da Polónia, um dos principais aliados de Kiev e destino de milhões de refugiados ucranianos, como uma provocação, acusando aquele país de ter ambições territoriais na Ucrânia.
Lavrov também criticou os Estados Unidos por terem entregado, nos últimos dias, centenas de mísseis antiaéreos Stinger à Ucrânia, incluindo 200 enviados na segunda-feira, o que disse representar “uma ameaça colossal”.
As críticas a Washington não ficaram por aqui, tendo o ministro russo acusado os Estados Unidos de estarem interessados em prolongar “o mais possível” a atual “operação militar” russa na Ucrânia.
“Eles [os EUA] esperam continuar a fornecer armas à Ucrânia. É claro que querem manter-nos o mais tempo possível em estado de combate”, afirmou.
Por outro lado, o chefe da diplomacia russa criticou também Kiev, referindo que muda constantemente a sua posição nas negociações, durante as quais “a delegação ucraniana anda de mãos dadas com os Estados Unidos”.
Uma estratégia que, de acordo com Lavrov, é evidenciada pelos últimos discursos do Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, perante os parlamentos de vários países ocidentais.
“O atraso [das negociações] visa dramatizar a situação, permitindo que Zelensky intervenha, na sua camisa caqui, perante os parlamentos do mundo e exija, com lágrimas nos olhos, a intervenção da NATO”, disse.
Lavrov assegurou que Moscovo não se opõe à mediação do conflito pelos países ocidentais, mas sublinhou que existem “linhas absolutamente vermelhas” que não podem ser ultrapassadas e avisou que as tentativas de isolar o seu país e a pressão dos EUA para que todas as potências mundiais se unam às sanções ocidentais, vão esbarrar no facto de a Rússia “ter muitos amigos”.
A cimeira extraordinária da NATO, convocada pelo secretário-geral da Aliança Atlântica, Jens Stoltenberg, vai acontecer no mesmo dia em que se realizam, em Bruxelas, uma cimeira do G7 e uma cimeira da União Europeia.
O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que marcará presença nos três eventos, anunciou que os ocidentais vão aplicar “novas sanções contra a Rússia e reforçar” as que já existem.
A Rússia lançou, a 24 de fevereiro, uma ofensiva militar na Ucrânia que já causou quase mil mortos e mais de 1.500 feridos entre a população civil, incluindo mais de 180 crianças.
O conflito provocou ainda a fuga de mais 10 milhões de pessoas, entre as quais 3,53 milhões para os países vizinhos, segundo dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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