Finlândia e Suécia cada vez mais perto da NATO e com a Rússia de olho

A intenção hoje anunciada pela Finlândia de aderir à NATO dita o abandono da posição neutral assumida no tempo da Guerra Fria. Não será “contra ninguém”, diz o presidente, mas Moscovo já falou em “efeitos políticos e militares”. Tanto para Helsínquia como para Estocolmo, que também poderá pedir a adesão em breve.
A Finlândia manifestou, esta quinta-feira, a intenção de “pedir imediatamente a adesão à NATO“. “Esperamos que sejam tomados, a nível nacional, os passos necessários para esta decisão nos próximos dias”, escreveram, num comunicado conjunto, o presidente e a primeira-ministra finlandeses, remetendo para uma decisão que deve ser oficialmente anunciada no domingo, em Helsínquia.
“Ser membro da NATO vai reforçar a segurança da Finlândia. Como membro da NATO, a Finlândia vai reforçar a aliança no seu conjunto. A Finlândia deve ser candidata à adesão sem demora”, acrescentaram Sauli Ninistro e Sanna Marin, notando partilhar “objetivos comuns”.
Abandono da neutralidade e ameaça russa
A posição – a que se devem seguir algumas etapas antes do início do processo formal, como um período provisório entre a entrega da candidatura até à ratificação por parte dos parlamentos dos 30 Estados-membros da NATO – surge um dia depois da visita do primeiro-ministro britânico à Finlândia e à Suécia, cujo governo deve decidir formalmente na segunda-feira sobre um pedido de adesão à aliança, avançou hoje o jornal sueco “Expressen”.
A visita de Boris Johnson serviu para reforçar os acordos de cooperação militar com o Reino Unido, que preveem a ajuda de Londres em caso de ataque contra os dois países, que desde o início da ofensiva russa, começaram a ponderar abandonar a neutralidade história e aderir formalmente à NATO.
A Finlândia ficou longe da Organização do Tratado do Atlântico Norte durante a Guerra Fria, para evitar provocar a União Soviética, com quem tinha travado a Guerra de Inverno em 1939, optando por permanecer como país neutral, dando-se bem tanto com Moscovo como com Washington.
O anúncio de hoje ocorre numa altura de particular tensão, com a guerra na Ucrânia. O chefe de Estado finlandês tinha dito, na quarta-feira, que uma adesão da Finlândia à aliança militar transatlântica não seria “contra ninguém”. O país partilha mais de 1300 quilómetros de fronteira terrestre com a Rússia, que já tinha avisado sobre “efeitos políticos e militares” espoletados por uma eventual entrada da Finlândia (e também da Suécia) na organização encabeçada pelos Estados Unidos.
Do lado da NATO, o acolhimento acontecerá “de braços abertos”, disse recentemente o secretário-geral, Jens Stoltenberg, que espera um processo rápido e tranquilo.
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