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Regime apagou da Internet uma das mais populares atrizes da China

Regime apagou da Internet uma das mais populares atrizes da China - milenio stadium - mundo
O líder chinês Xi Jinping

O conhecimento e a evolução da sociedade chinesa move-se ao sabor da vontade do Partido Comunista e há agora um novo alvo na mira dos governantes: o mundo do entretenimento, mais concretamente, a cultura das celebridades, que é vista pelos mais conservadores como um sinal de decadência moral.

Em agosto, a Agência de Administração do Ciberespaço chinês aprovou várias medidas para controlar a indústria do entretenimento, entre elas o encerramento dos clubes de fãs e os fóruns de discussão que considera “divulgar informações nocivas” ou “causar problemas”. Além disso, foi também reprimida a venda de merchandising de famosos, concursos de talentos e ainda rankings de popularidade online.

O expoente máximo da política de censura foi atingido com a eliminação da presença na internet de uma das mais reconhecidas e prestigiadas atrizes chinesas, Zhao Wei.

Durante os últimos 25 anos, Zhao Wei protagonizou várias séries e filmes, lançou alguns discos pop e realizou também longas-metragens. Ganhou um Golden Eagle (o equivalente ao Prémio Emmy) e conquistou, assim, um lugar privilegiado nos corações dos telespetadores chineses. Só na rede social Weibo – o Twitter chinês – Zhao conseguiu juntar mais de 86 milhões de seguidores. Mas, de um momento para o outro, estes feitos passaram a existir apenas na memória daqueles que conheciam a artista: a partir do final de agosto encontrar vestígios digitais de Zhao Wei na China tornou-se praticamente numa missão impossível.

Os filmes onde participou foram bloqueados, o seu nome já não consta nos créditos, as contas da artista nas redes sociais desapareceram e o seu clube de fãs foi banido, sem qualquer explicação.

Para o professor Stanley Rosen, da Universidade da Califórnia, Zhao Wei é mais um bode expiatório e um aviso para as outras celebridades chinesas “abraçarem proativamente os objetivos do regime”. “Ela [Zhao Wei] é o exemplo máximo de tudo o que o Partido Comunista acredita estar errado com a cultura das celebridades. Isto é uma demonstração de que ninguém, por mais rico ou popular que seja, é demasiado grande para ser perseguido”, admitiu o docente ao The Wall Street Journal. Wei ainda não falou publicamente sobre o apagamento digital.

Embora as celebridades chinesas já tenham sido alvo do governo antes, esta tipo de repressão é mais ampla e mais severa, com um apagamento quase total da artista da internet.

Para Macarena Vidal, correspondente do El País, “a China de Xi Jinping começou a atacar milionários e os setores que considera demasiado poderosos, em nome da ‘prosperidade comum””. Isto porque para o Partido Comunista as celebridades devem ser modelos e exemplos de virtude, que contribuam para a ascensão do país, e não devem alimentar estilos de vida extravagantes considerados como um sinal de decadência moral.

As várias medidas tomadas por Pequim pretendem reduzir a influência “caótica” da indústria do entretenimento, após uma série de controvérsias que surgiram no país envolvendo celebridades.

A nova era da censura chinesa

O Partido Comunista chinês, que vê a cultura popular como um campo de batalha ideológico, há muito tempo mantém o setor de entretenimento com rédea curta e, por isso, aplica regras muito restritivas a vários tipos de conteúdos, de videojogos aos filmes e à música. E censura tudo o que considera violar os seus valores socialistas nucleares.

No início do mês, o Governo chinês proibiu homens com aspeto considerado “efeminado” na televisão e disse às emissoras do país para promoverem a “cultura revolucionária”, ampliando uma campanha para aumentar o controlo sobre os negócios e a sociedade. A Administração da Rádio e Televisão da China indicou que as emissoras devem “excluir resolutamente ‘maricas’ e outros tipos de estética anormais”.

Os canais televisivos devem ainda evitar a promoção de “celebridades vulgares da internet” e a admiração pela riqueza e popularidade, apontou o regulador. Os programas devem antes “promover vigorosamente a excelente cultura tradicional chinesa, a cultura revolucionária e a cultura socialista avançada”.

O Governo de Xi Jinping, um dos mais fortes líderes chineses desde o fundador da República Popular, Mao Zedong, também está a aumentar o controlo sobre a indústria da internet, com regulamentos antimonopólio ou de proteção da segurança dos dados dos utilizadores.

Além disto, as novas regras em vigor estipularam que os menores só podem jogar videojogos entre as 20 horas e as 21 horas às sextas-feiras, sábados e domingos.

JN

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