Centenas de soldados em fuga dos talibãs forçados a aterrar no Uzbequistão

Centenas de soldados afegãos em fuga dos talibãs, em aviões e helicópteros, foram obrigados a aterrar no Uzbequistão, revelou esta segunda-feira o procurador-geral daquele país.
“Todas as aeronaves foram obrigadas a pousar no aeroporto internacional de Termez”, revelou o gabinete do procurador-geral do Uzbequistão em comunicado, segundo noticiaram meios de comunicação da Rússia.
A mesma fonte, citada pela agência EFE, acrescentou que no sábado e domingo 22 aviões e 24 helicópteros violaram o espaço aéreo daquele país.
Segundo a agência AFP, iam a bordo das aeronaves 585 soldados.
Três outros aviões caça Embraer 314 solicitaram autorização para aterrar em Jonabab, mas foram escoltados até Termez por dois caças uzbeques MiG-29.
Além disso, 158 soldados afegãos fugiram do seu país através da fronteira pelo rio Amu Daria.
Todos os soldados foram detidos e as autoridades do Uzbequistão estão em diálogo com o Governo do Afeganistão para decidir o seu futuro.
Já anteriormente o Tajiquistão tinha autorizado a aterragem de um avião militar afegão com mais de 100 soldados.
Em meados de julho, o Tajiquistão tinha recebido mais de 1.500 soldados afegãos que procuravam refugio naquele país perante o avanço dos talibãs no norte do Afeganistão.
O Uzbequistão e o Tajiquistão realizaram há poucos dias exercícios militares conjuntos do exército russo na fronteira com o Afeganistão.
A chegada dos talibãs a Cabul no domingo precipitou a saída do país do Presidente afegão, Ashraf Ghani, após terem tomado o controlo de 28 das 34 capitais provinciais em dez dias, e sem grande resistência das forças de segurança governamentais, no âmbito de uma grande ofensiva iniciada em maio – altura em que começou a retirada das tropas norte-americanas e da NATO do país, que deverá ficar concluída no final deste mês.
Um porta-voz do movimento islâmico radical, que governou no Afeganistão entre 1996 e 2001, disse no domingo à televisão pública britânica BBC que os talibãs pretendem assumir o poder no Afeganistão “nos próximos dias”, através de uma “transição pacífica”, 20 anos após terem sido derrubados por uma coligação liderada pelos Estados Unidos, pela sua recusa em entregar o líder da Al-Qaida, Osama bin Laden, após os atentados de 11 de setembro de 2001.
Hoje, numa mensagem de vídeo, o ‘mullah’ Baradar Akhund, chefe do gabinete político talibã no Qatar, fez a primeira declaração pública de um líder talibã após a conquista do país, anunciando o fim da guerra no Afeganistão, com a vitória dos talibãs, após a fuga no domingo do Presidente, Ashraf Ghani, e a captura de Cabul.
Com a partida de Ghani, um grupo de líderes políticos formou o Conselho de Coordenação para a transição de poder para os talibãs, composto pelo ex-presidente afegão Hamid Karzai, o presidente do Alto Conselho para a Reconciliação, Abdullah Abdullah, e o líder do partido Hizb-e-Islami e antigo senhor da guerra, Gulbuddin Hekmatyar.
No entanto, os talibãs não forneceram, até agora, informações sobre como funcionará o processo de transição ou a tomada do poder.
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