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Aumento das temperaturas em pleno inverno bate recordes na Europa

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Ski tourists slide along a ski slope amidst green areas in Schruns, Austria on December 28, 2022. – Like other parts of Europe, Austria has experienced relatively warm temperatures over the past week. (Photo by DIETMAR STIPLOVSEK / APA / AFP) / Austria OUT

 

Em algumas cidades da Europa, as temperaturas médias subiram mais de cinco graus. Especialistas culpam alterações climáticas.

Tomar café numa esplanada, passear com um leve casaco ou até apanhar banhos de sol tem sido uma realidade em vários países da Europa em pleno mês de janeiro. Um aumento desproporcional das temperaturas, naquele que se esperava que fosse o pico da estação mais fria do ano, bate recordes em vários pontos do Velho Continente. De Espanha a França, Dinamarca à Chéquia ou da Polónia à Bielorrússia, os dias amenos têm sido uma constante. Não se trata, no entanto, de uma onda de calor, uma vez que este termo só é usado para definir um fenómeno climático registado no verão, durante vários dias consecutivos.

No primeiro dia do ano, os termómetros chegaram aos 20º C no Liechtenstein e na Chéquia. Já na Polónia e na Holanda, países onde as temperaturas costumam ser negativas nesta altura do ano, registaram-se 19º C. Na Bielorrússia, verificaram-se 17º C, na Lituânia 16º C, na Dinamarca 15º C e na Letónia 11º C.

A temperatura média em França, no dia 31 de dezembro, aumentou 8 graus acima do normal. Na Alemanha, a estação meteorológica do Aeroporto Tempelhof, em Berlim, registou uma temperatura de 18° C na mesma data, quase dois graus a mais que o recorde anterior, de 1977.

Em Bilbao, no Norte de Espanha, o termómetro chegou aos 25° C, o que representa sete décimas acima do valor registado apenas há um ano. Já a Varsóvia, capital polaca, com 19° C no dia de Ano Novo, superou a máxima anterior deste mês em 5,1 graus.

“É o evento quente anómalo mais extremo da história europeia”, apontou o climatologista Maximiliano Herrera ao “El País”. A causa direta deste aumento incomum das temperaturas é a “entrada de uma massa de ar subtropical muito quente que subiu a latitudes muito altas no continente europeu, impulsionada por ventos do Sul”, explicou o meteorologista espanhol Rubén del Campo, porta-voz da Agência Meteorológica Estatal de Espanha (Aemet), ao jornal espanhol.

De qualquer forma, Del Campo não tem “dúvidas” de que o episódio tem a marca inconfundível das mudanças climáticas. “Não são só as temperaturas médias que estão a subir, mas também os padrões climáticos que tornam as ondas de calor mais poderosas e frequentes. O que costumava ser calor agora é uma onda de calor, e o que era uma onda de calor agora é uma onda de calor extremo”.

A Météo France, em relatório publicado em novembro, já antecipava que, quaisquer que fossem as temperaturas em dezembro, 2022 seria o ano mais quente em França desde que as temperaturas foram registadas. “Os notáveis episódios do verão de 2022 teriam sido altamente improváveis e marcadamente menos intensos sem os efeitos das mudanças climáticas”, assinalou o relatório.

Embora o pico das altas temperaturas tenha ocorrido no fim de semana da passagem de ano, o clima ameno deverá prolongar-se até ao final deste mês, o que não é uma boa notícia para quem tinha planos de férias na neve.

Várias estâncias europeias tiveram de fechar as pistas de esqui, cancelando os planos de milhares de turistas. De acordo com o MeteoSwiss, serviço nacional de clima da Suíça, um vento suave de Sudoeste estava a produzir temperaturas no lado Norte dos Alpes “dignas de junho”.

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