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Amnistia Internacional quer suspensão do Mundial na Arábia Saudita

 

A Amnistia Internacional (AI) defendeu que a FIFA deverá suspender o processo da escolha da Arábia Saudita como país organizador do Mundial2034 de futebol, perante o risco de graves violações em matéria de direitos humanos.

As conclusões surgem num novo relatório publicado pela AI, sob o título “High Stakes Bids: Dangerously Flawed Human Rights Strategies for the 2030 and 2034 FIFA World Cups” (Há muito em jogo: Falhas perigosas nas estratégias de direitos humanos para os Campeonatos do Mundo de Futebol de 2030 e 2034)”, com a organização a apontar para um custo humano real nessa atribuição.

“Haverá um custo humano real e previsível se o Campeonato do Mundo de 2034 for atribuído à Arábia Saudita sem a obtenção de garantias credíveis de reforma. Os adeptos serão vítimas de discriminação, os residentes serão despejados à força, os trabalhadores migrantes serão vítimas de exploração e muitos morrerão. A FIFA tem de suspender o processo até que estejam em vigor as devidas proteções dos direitos humanos, para evitar o agravamento de uma situação já de si terrível”, afirmou Steve Cockburn.

O diretor dos Direitos Laborais e do Desporto da Amnistia Internacional voltou a levantar todas as bandeiras vermelhas a uma nova organização de um Mundial no Médio Oriente, depois da organização em 2026 no Catar.

Cockburn contextualizou o cenário que se pode esperar, num país que pretende construir ou renovar 11 estádios, mais de 185 mil quartos em hotéis adicionais e com grandes projetos de engenharia, que incluem ligações e transportes a novas cidades.

“A Arábia Saudita necessitará de um grande número de trabalhadores migrantes para concretizar as suas ambições para o Campeonato do Mundo, mas não há compromissos para reformar o sistema explorador de patrocínio ‘Kafala’ [sistema que exige que todos os trabalhadores não qualificados tenham um patrocinador no país, geralmente o seu empregador, que é responsável pelo seu visto e estatuto legal], estabelecer um salário mínimo para os não-cidadãos, permitir-lhes aderir a sindicatos ou introduzir novas medidas para evitar a morte de trabalhadores”, especificou.

O responsável da AI sublinhou ainda a ausência de liberdade de expressão no país do golfo, onde as pessoas são detidas por décadas apenas por se manifestarem, a ausência de um plano de alojamento para compensar despejos forçados ou ainda a criminalização em matéria e relações ou direitos dos LGBTI.

Situações que levam o novo relatório da Amnistia a apontar que os riscos são tão elevados que a organização do Mundial2034 no país irá, provavelmente, conduzir “a violações graves e generalizadas dos direitos humanos”.

A confirmação da Arábia Saudita como anfitriã do Mundial2034 deverá acontecer no Congresso da FIFA de 11 de dezembro de 2024, juntamente com a atribuição da coorganização de 2030 a Portugal, Espanha e Marrocos.

JN/MS

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