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Americanos decidem futuro de um país em transformação

 

Kamala tenta conquistar o voto feminino e quer maiores poderes para lidar com a fronteira. Trump procura aproximar-se dos hispânicos ao mesmo tempo que reforça discurso extremista.

Chegou o aguardado dia em que milhões de norte-americanos vão às urnas decidir o próximo ocupante da Casa Branca. A vice-presidente Kamala Harris e o antigo chefe de Estado Donald Trump disputam voto a voto, principalmente nos chamados “swing states”, sete estados que definirão quem vai alcançar os 270 dos 538 delegados no Colégio Eleitoral.

As últimas sondagens colocam como certo a incerteza: a democrata e o republicano aparecem empatados, na margem de erro, na Pensilvânia, no Michigan, no Wisconsin e no Nevada. Já o Arizona, a Carolina do Norte e a Geórgia tendem a apoiar Trump. Ambos as campanhas colocam, todavia, dúvida sobre os levantamentos, já que estes não previram a vitória do empresário, em 2016, e supervalorizaram a fraca “onda vermelha” nas eleições intercalares, em 2022.

As mulheres e o aborto

Uma das questões que podem definir as disputas é o aborto. Enquanto a vice-presidente defende uma lei federal para regular a interrupção voluntária da gravidez, o ex-presidente quer que os estados legislem sobre o tema, beneficiando os conservadores. Estas são as primeiras presidenciais desde a reversão no Supremo Tribunal, em 2022, do caso Roe vs. Wade, que permitiu o procedimento no país durante 49 anos.

Analistas acreditam que o aborto poderá despertar uma nova “maioria silenciosa” – termo popularizado por Richard Nixon para descrever o “americano mediano”, não envolvido com política. “Penso que há um grupo silencioso de mulheres que rastejarão sobre vidros partidos para votar contra Trump e que votarão silenciosamente em Harris”, disse ao portal The Daily Beast a ex-parlamentar Barbara Comstock, uma dos mais de cem republicanos que apoiam Kamala.

Os latinos e a imigração

Uma demografia que, pelo contrário, se aproxima do magnata são os latinos. Antes vistos como uma mais-valia democrata, o crescente grupo começa a dividir-se, com o “The New York Times” a apontar que Trump é aprovado pelos latinos que são agentes de segurança na fronteira mexicana, cubano-americanos na Florida avessos a qualquer política que veem como minimamente socialista, evangélicos associados ao nacionalismo cristão e os que são de segunda e terceira gerações, já nascidos nos EUA.

A questão das fronteiras é crucial em ambas as campanhas. Noutras eleições, Harris chegou a argumentar em favor do encerramento de centros de detenção de imigrantes privados, de limitar deportações e de criar um caminho para a cidadania norte-americana de imigrantes sem documentos. Em 2024, a democrata quer a aprovação de um projeto de lei, bloqueado por senadores pró-Trump, que reforça as contratações de guardas fronteiriços e dá poderes ao presidente para fechar a fronteira no caso de um aumento no número de chegadas.

O republicano, que acusou falsamente haitianos de comerem animais de estimação, quer deportar o maior número de imigrantes da história do país. Trump, que planeia diminuir até mesmo os níveis de imigração legal, quer voltar com políticas revertidas pela atual Administração, incluindo a separação de famílias, a implementação da medida “Title 42” – usada na pandemia e que autorizava a deportação imediata dos requerentes de asilo – e proibir a entrada de cidadãos de países de maioria muçulmana.

Muçulmanos e Israel

Num sistema político dominado por dois partidos, os muçulmanos encontram-se numa encruzilhada. Apesar de Kamala representar, de certa forma, uma novidade em relação a Biden, a democrata reiterou durante a campanha o direito à autodefesa de Israel – que já matou mais de 43 mil na Faixa de Gaza e agora invade o Líbano. Próximo de Benjamin Netanyahu, Trump, que mudou a embaixada norte-americana em Israel para Jerusalém, manteria também a forte a aliança entre Washington e Telavive.

O complexo militar-industrial, vital para a economia dos EUA – fortemente infligida pela inflação -, ajuda a justificar os laços com os israelitas, além da grande quantidade de armas nas ruas. O escrutínio de hoje, afinal, decidirá também como a Casa Branca lidará com mais este assunto – através do aumento da regulação e o banimento de armas automáticas, no caso de Harris, ou manter a situação como está, com Trump – e as consequências advindas de tal decisão.

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