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Uma plataforma ao serviço das comunidades empresariais

Rede Global da Diáspora

Rede Global da Diáspora-toronto-mileniostadium
Créditos: Luciano Paparella Jr.

Somos dez milhões em Portugal e aproximadamente cinco milhões ao redor do globo.Temos levado a nossa nação além fronteiras e cada um de nós é, individualmente, bom promotor da marca lusa. Em simultâneo, desde cedo começamos a perceber que somos mais fortes como comunidade e, por isso, nos dias de hoje são notáveis as nuances de movimentos associativos que nos representam por todos os continentes. Juntos temos elevado os nossos produtos, tradições, projetos, ideias e negócios a uma escala mundial. Por detrás deste crescimento existe uma rede de colaboração, de diálogo e contactos imprescindível para a concretização dos mais variados projetos só que, com os vastos quilómetros que nos separam, nem sempre estamos tão próximos como seria o ideal. Foi com o objetivo de colmatar estas lacunas que surgiu a Rede Global da Diáspora. A plataforma, com o apoio da Fundação AEP, quer promover a marca Portugal internacionalmente e ajudar as pequenas e médias empresas (PME) nacionais a aumentar as suas exportações, estimulando a colaboração entre as comunidades portuguesas no mundo.

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Créditos: Luciano Paparella Jr.

A Rede Global Diáspora já chegou aos 7500 registados e fornece ferramentas úteis para empresários e investidores, como o Portal do Investidor e a Diáspora Business Intelligence. Percebemos junto de Paulo Dinis, diretor executivo da Fundação AEP, e de Sérgio Ruivo, administrador da Federação de Empresários e Profissionais Luso Canadianos, o que um projeto como este vem acrescentar ao tecido empresarial da nossa comunidade local.

MS: A missão da Rede Global da Diáspora é promover Portugal internacionalmente, unindo pessoas, comunidades, empresas e negócios. De que forma tem sido desenvolvido este trabalho?

PD: A Rede Global da Diáspora é uma plataforma que está disponível em www.redeglobal.pt e que procura unir todos os portugueses espalhados pelo mundo. Nós temos portugueses em mais de 170 países e, dizem todos os números credíveis, somos mais de cinco milhões fora do nosso território nacional. Assim sendo, nós pretendemos unir esses portugueses. Já o fazemos desde há algum tempo, estamos a caminhar no sentido de ter mais de 10 mil inscrições na rede e com esta visita esperamos ultrapassar esse número. Esta rede procura promover Portugal, os portugueses e uma forma de estar no mundo que é bem nossa e que é reconhecida pelos outros, como temos constatado aqui no Canadá. Aqui sentimo-nos rejuvenescidos porque encontrámos uma comunidade relevantíssima na economia local, que está atenta ao que se passa em Portugal e que pretende promover o país e os produtos portugueses. Porque as pessoas já estão promovidas por natureza. Os portugueses são um produto que se vende a si próprio, está mais do que demonstrado. Queremos agora vender produtos portugueses e isso passa agora a ser um objetivo muito importante da Rede Global.

MS: Para a Federação, qual é a relevância de ter programas como este a fazer ponte entre Portugal e a comunidade luso-canadiana?

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Sérgio Ruivo. Créditos: Luciano Paparella Jr.

SR: A Federação já tem feito parcerias com organizações portuguesas que têm vindo cá. Mas o problema que vemos é que, para dar continuidade e sustentabilidade a essas ligações, faltava-nos uma plataforma para continuamente fazer os updates e ver quais são as novas oportunidades, novas entidades que querem fazer parceria com empresas aqui no Canadá e com membros da nossa Federação aqui. Então, quando fui contactado o ano passado, é que vimos que isto era uma solução ideal para promover uma continuação dessa ligação não só entre a comunidade portuguesa e Portugal, mas entre a comunidade portuguesa e as outras que existem pelo mundo. Uma das coisas que eu gosto de fazer quando estou a viajar pelo mundo é descobrir onde é o centro português no local, e esta plataforma é a ferramenta ideal para facilitar esse conhecimento, para ver como as comunidades portuguesas vivem em vários pontos do mundo e entrar em contacto com elas.

MS: Ao explorar estes nossos produtos, estamos também a falar de trabalhar com o chamado “mercado da saudade”?

PD: Começa por aí e deve começar por aí. A melhor forma de nos aproximarmos dos portugueses é, de facto, pela saudade, porque estamos todos ligados à mãe pátria. Portanto, esse é um mercado que não devemos esquecer. Acrescentaria que, além do mercado da saudade, há muito mais. E é esse muito mais que nós queremos, através da Federação, alcançar. Portugal cresceu, está completamente europeizado, no bom sentido da palavra, e acreditamos que este facto faz com que nós possamos trazer às nossas comunidades e aos países onde estamos bem colocados, outro tipo de produtos além daqueles que estão ligados à nossa memória coletiva. Surgiram muitos produtos, temos indústrias muito interessantes em Portugal que não estão inscritas na memória de alguns dos nossos imigrantes.

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Créditos: Luciano Paparella Jr.

Portugal teve, também por força de investimento dos fundos europeus, um crescimento excecional em algumas indústrias. Por exemplo, o calçado, temos o segundo calçado mais caro do mundo, já estamos a um nível muito próximo do calçado mais caro do mundo, que ainda é o italiano, temos o melhor veludo do mundo, o nosso têxtil e vestuário têm evoluído de uma forma excecional. Competimos globalmente com qualquer país. Somos líderes em algumas indústrias e isso temos de trazer também às nossas comunidades. Não podemos apenas trazer o que está inscrito na sua memória. Portugal evoluiu e essa evolução é de todos nós. Vamos celebrá-la e fazer com que cheguemos a mais partes do mundo com qualidade. E a saudade, sim, sempre.

MS: No sentido da partilha entre comunidades portuguesas no mundo, o que temos para oferecer e o quão conseguimos desenvolver-nos até ao presente?

SR: Praticamente o nosso ciclo é como qualquer outro ciclo. Podemos dizer que até a um certo ponto do ciclo de desenvolvimento empresarial da comunidade portuguesa, não é muito diferente daquilo que aconteceu em Portugal. Inicialmente estivemos focados num ou dois setores, tínhamos uma mentalidade um bocadinho fechada em relação ao exterior e à comunidade mais alargada canadiana. Podemos dizer que em Portugal isso também existiu e começou a expandir nas décadas de 80 e 90. Foi quando aquilo abriu, a mentalidade mudou. Hoje em dia, Portugal é um país moderno, com inovação, produtos inovadores, e essa mensagem ainda não chegou a toda a gente. Especialmente a empresários ou investidores canadianos que podem ter um pensamento de Portugal um bocadinho antiquado. Mas realmente Portugal é um país que fornece muita oportunidade, desde ao nível tecnológico, de ser a tal porta de entrada para a União Europeia e de termos lá pessoal altamente qualificado. Então é uma questão de promover essa mensagem e dar a entender a qualquer investidor que existem oportunidades tanto para investir lá como para trazer produtos e serviços para o mercado cá.

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Créditos: Luciano Paparella Jr.

MS: A Rede Global já chegou aos 7500 registados. Que comunidade ou país é que tem até ao momento maior representatividade nesta plataforma?

PD: Há um país que sobressai no gráfico, que é o Reino Unido. Tem a ver com a juventude da imigração portuguesa nas ilhas britânicas. Apesar de ser um país que abandonou há pouco tempo a União Europeia, tem uma forte representação de expatriados portugueses. Mas as coisas são dinâmicas, tem muito a ver com a nossa presença local. Dou-lhe um exemplo muito concreto: há alguns dias estivemos na Suíça, onde cumprimos um programa com as comunidades portuguesas, e nós verificámos que nos dias que lá estivemos e nos dias posteriores as inscrições na rede dispararam. É isso que nós esperamos que aconteça aqui também no Canadá e até mesmo na Alemanha, onde estaremos na próxima semana. É esta aproximação às comunidades e o diálogo que conseguimos fazer que gera o crescimento global da diáspora.

MS: Que vantagens nos oferecem ferramentas como o Portal do Investidor e a Diáspora Business Intelligence?

PD: Com a Diáspora Business Intelligence nós procuramos criar uma fonte de conhecimento complexa e estruturada do que é a realidade das comunidades portuguesas no estrangeiro. Não basta os dados da inscrição consular, não basta os números mais ou menos certeiros dos portugueses que estão nesses países. É, portanto, saber o que fazem os portugueses, que negócios têm, que tipologia de negócios têm, que necessidades têm. É toda essa inteligência de acesso ao mercado e à comunidade que nós vamos fazer. É um esforço muito caro, no sentido financeiro. São oito países que nós vamos tratar para trazer a todos quantos queiram conhecer melhor essa diáspora portuguesa. O Business Intelligence é vital para afirmar a vertente económica da Rede Global. Relativamente ao portal de negócios da diáspora, ele é uma ferramenta digital que vai estar disponível online muito em breve e que permite um diálogo fácil, direto, uma procura de informação rápida sobre o que é que existe em cada país, sobre o que é que cada empresa de cada país pode oferecer. E também oferece conhecimento. Vamos imaginar que um empresário luso-canadiano quer saber que apoios é que Portugal, país integrado na União Europeia, tem para um eventual negócio que eu queira colocar na sua terra. Também vamos disponibilizar informação sobre investimentos na diáspora e como há apoios do governo português. Portanto, o portal será uma forma de fazer um matching correto entre português expatriado e portugueses que estão interessados em colaborar economicamente com a diáspora.

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Créditos: Luciano Paparella Jr.

MS: Neste aspeto, Sérgio, como tem sido até ao momento esta dinâmica de networking na nossa comunidade luso-canadiana?

SR: De momento existem alguns contactos e informações de organizações semelhantes à nossa. Com quem lidamos mais são as comunidades lusas nos Estados Unidos, então temos alguns contactos com comunidades na Califórnia, em Massachusetts e em New Jersey. Mas algo bem estruturado e ferramentas que facilitem a comunicação continuamente, não temos. Há contactos individuais e em grupos, mas não uma fonte onde possamos ir e aproveitar essa informação para facilitar um negócio de forma mais imediata. Os países mais próximos com a comunidade lusa neste continente trocam até muito em termos de negócios. Mas uma plataforma como esta, com este poder de satisfazer as necessidades empresariais, vai aumentar muito o volume de negócios que se pode realizar entre os grupos.

MS: Neste momento temos mais ativações da Rede Global que vão continuar a acontecer ao longo do final deste ano e de 2022, sendo por agora no Canadá e, depois, na Alemanha. Falando do Canadá, qual é a agenda da passagem por aqui?

PD: Nós temos um encontro na Casa dos Açores, onde pretendemos comunicar o que é o projeto. É um business meeting que visa essencialmente trocar cartões e conversar no ambiente da diáspora. É importante trocar impressões porque as horas que nos distanciam fazem com que muita informação se perca, e essa informação tem de ser trocada cara a cara através de alguma complexidade em explicação do que é o Portugal e do que é o Canadá de 2021. Na agenda temos também a Casa do Alentejo, para um evento mais exclusivo com uma seleção de empresários que a Federação fez o enorme trabalho de reunir. O encontro tem o objetivo de estruturar estratégias para o futuro. Na sexta-feira (5 de Outubro) temos um encontro no Centro Cultural Português de Mississauga para falar também para essa comunidade de negócios. Vamos ter encontros bilaterais no sentido de compreender melhor projetos empresariais. Por fim, estaremos no Consulado aqui em Toronto para finalizar esta missão, com a grata companhia da senhora secretária de estado das comunidades nessa ocasião.

Telma Pinguelo/MS

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