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Toronto: Artistas de todo o mundo retratam o corpo humano

Já imaginou um cenário mais inspirador? Quando os termómetros marcavam 40 graus fomos conhecer a Artscape Gibraltar Point, uma residência artística localizada na Hanlans, uma das ilhas de Toronto.

Teresa Ascencao, art director da Arts Unfold, responsável pelo projeto que vai estar patente ao público durante duas semana nesta residência, recebeu o Milénio Stadium na ilha. “Quando chegámos cá não tínhamos internet nem telemóveis. Reunimos na praia à noite, de vez em quando é bom desligar do mundo para podermos ter a nossa mente limpa”, disse.

A residência tem mais de uma dezena de artistas e uma delas tem ADN brasileiro, apesar de viver em Nova Iorque. Karen Sztajnberg diz que ficou muito entusiasmada quando recebeu uma chamada para participar no “Luminous Body Diversity”. “Na altura tinha acabado de abrir um email com um flyer sobre uma exposição de nus e reparei que o homem estava vestido e a mulher completamente nua a posar para ele. Na altura tinha rebentado o escândalo do Harvey Weinstein e no meu projeto reverti tudo e trabalhei com uma equipa feminina e passei a recrutar homens que quisessem posar nus”, explicou.

A exposição vai estar patente ao público durante duas semanas e reúne trabalhos de artistas dos quatro cantos do mundo. “Temos 16 artistas de vários países, desde a Polónia, Austrália, Brasil, EUA, Canadá e as áreas vão desde as artes plásticas (pintura ou desenho) à escultura, artes performativas, etc”, informou.

Brigitte Baillargeon é natural do Quebec e apesar de não estar muito à vontade no inglês dá a entender que não há cenário mais criativo para pintar. “A minha filha já tinha participado nesta residência e acho que o ambiente é espetacular para criar. Utilizo o meio ambiente no meu trabalho, o vento e a água são elementos que estão sempre presentes nas minhas obras”, avançou.

Hayla Ragland é norte-americana e utiliza materiais pouco comuns para criar. Um dos elementos explorados nas suas obras de arte é o processo da cura. “Gosto de explorar novos produtos, utilizo cera em roupa, gosto de brincar com a textura, creio que o resultado final fica interessante”, contou.

Os artistas elogiam a abertura do Canadá para as artes e lamentam que outros países não sigam o exemplo. “Nos EUA não temos tanta abertura como aqui no Canadá por isso achei que este projeto era excelente e então pensei, porque não tentar?”, justificou.

A mostra corpo iluminado foi organizada por Teresa Ascencao, uma artista plástica filha de pais açorianos e natural do Brasil. “Aqui exploramos diferentes formas de retratar o corpo humano através da arte. Podemos focar-nos na incapacidade física, na homossexualidade, na cor da pele ou até na espiritualidade. O corpo humano não é um tema simples e ainda existem muitos preconceitos.

A residência está localizada na antiga escola pública da ilha e surgiu numa altura em que os artistas estavam a ser pressionados pelo aumento das rendas em Toronto. Andrew Lochhead é manager assistant na Artscape Gibraltar Point. “Este projecto surgiu há quase 20 anos graças à visão da comunidade da ilha de Toronto e desde aí que recebemos escritores, performers e todo o género de criativos”, defendeu.

Para garantir a sustentabilidade do projeto a residência tornou-se polivalente e se sonha em casar num lugar idílico este pode ser o sítio certo. “Se souberes de alguém que queira casar este ano basta ligar a um dos meus colegas e reservar o espaço. Estamos muito perto da praia e este sítio à noite é mágico”, referiu.

No final do dia regressámos a Toronto, mas já com vontade de voltar à ilha em breve.

 

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