Restaurantes portugueses participam no maior festival gastronómico da cidade

Winterlicious já gerou receitas superiores a $720 milhões

Este ano a autarquia de Toronto volta a organizar o Winterlicious, um evento que junta o melhor da gastronomia da cidade e que vai já na 16.ª edição. Ao longo de duas semanas quase 200 restaurantes vão disponibilizar três menus cujos preços variam entre os $23 e os $53.

A Câmara Municipal de Toronto ressalva o impacto do Festival na indústria e sublinha que esta é uma oportunidade única para experimentar pratos de diferentes culturas. “É um dois em um porque ajudamos os restaurantes numa época fraca e ao mesmo tempo os residentes têm uma oportunidade incrível para experimentar comidas deliciosas e de uma enorme diversidade cultural que é tão característica da nossa cidade. Só para terem uma ideia desde que o festival começou foram servidas mais de 7 milhões de refeições que geraram receitas superiores a $720 milhões. Acho que podemos dar a volta ao mundo no Winterlicious – temos restaurantes portugueses, italianos, gregos, chineses, japoneses, indianos, etc.”, disse Eirine Papaioannou, responsável pela organização.

Chiado – “é uma das marcas de grande qualidade na nossa cidade”

 A gastronomia portuguesa vai estar em destaque com a participação de cinco restaurantes: Adega; Chiado; Flor de Sal; Lisbon by Night e Via Norte. Um dos veteranos é o restaurante Chiado que participa há mais de uma década. “O Chiado tem 28 anos ao serviço do público e é uma das marcas de grande qualidade na nossa cidade. Fazemos uma ementa maior do que o necessário para que o cliente tenha uma escolha mais ampla. A organização sugere apenas três entradas e três pratos principais e nós levamos seis de cada. Felizmente temos tido uma grande adesão”, contou Albino Silva, proprietário do Chiado.

O facto de os preços serem mais em conta obriga a que os restaurantes adaptem o tradicional menu. “Não podemos levar as proteínas mais caras porque têm custos elevados, mas os pratos têm dignidade suficiente para poderem representar o nosso espaço”, explicou.

Albino começou a trabalhar cedo nesta área e hoje é reconhecido a nível internacional. Ingredientes genuínos e uma nova interpretação da gastronomia mediterrânica são os segredos da ementa deste restaurante cosmopolita que traz um pouco do Chiado até Toronto. “Só trabalhamos com ingredientes frescos. O nosso conceito é a simplicidade e tentamos representar a diversidade da gastronomia portuguesa. Comecei a trabalhar na restauração em Lisboa com 11 anos e quando tinha 30 fui o primeiro professor português a lecionar no The Culinary Institut of America em New York que é a escola mais prestigiada do ramo no mundo”, revelou.

Via Norte- “Já ganhámos muitos prémios por isso temos de ser bons”

Quem também participa desde o arranque do festival é o Via Norte. José Alves é o proprietário e o chef deste espaço que também está localizado na College Street. “Como vocês sabem janeiro é um mês fraco para a nossa indústria e estamos no Winterlicious desde o início. O balanço é muito positivo porque ganhamos sempre novos clientes. O nosso menu é bastante variado, desde peixe fresco a carnes selecionadas. O difícil é escolher porque é tudo delicioso”, avançou.

José Alves não gosta muito de falar, é mais de fazer com as próprias mãos. É ele próprio que escolhe os melhores produtos e acredita que foi a dedicação que fez com que o Via Norte tenha conquistado oito vezes o Top Choice Award.

“Comecei a trabalhar num bar aos 13 anos, mas como partia muita louça o dono do restaurante deu-me duas opções: ou mudava para a cozinha ou ia embora. Acabei por ir para a cozinha e é realmente aquilo que mais gosto de fazer. Só utilizo carne maturada e peixe fresco de Portugal ou da Grécia”, contou.

O proprietário garante que por trás do reconhecimento há muito esforço e não afasta a hipótese de se mudar um dia para outra localização. “Dentro de cinco anos talvez vamos mudar de sítio, mas o padrão de qualidade vai ser mantido. Já ganhámos muitos prémios por isso temos de ser bons. Dá muito trabalho e às vezes há muitos gritos, mas enche-nos de orgulho e motivação”, referiu.

Flor de Sal- “Recuso-me a trabalhar com peixe ou com carne congelados”

Outro dos restaurantes portugueses que participa é o Flor de Sal. Localizado perto da famosa Casa Loma, a proprietária, Cristina da Costa, que há quatro anos trocou a comunicação social pela restauração, garante que a paixão pela cozinha está nos genes e elogia a organização. “Sempre gostei muito de cozinhar. Não me considero chef, mas sei cozinhar muito bem, pelo menos ainda não envenenei ninguém (risos). Claro que com duas crianças pequenas era impensável trabalhar nesta área por isso tive de adiar o sonho. Aprendi muito com a minha mãe que era uma excelente cozinheira, ela usava ingredientes frescos e era muito espontânea na cozinha”, avançou Cristina da Costa, proprietária do Flor de Sal.

A participar no festival gastronómico pela segunda vez consecutiva, Cristina garante que é uma oportunidade única. “Acho que o Winterlicious foi uma ideia brilhante porque no Natal as pessoas gastam o que têm e o que não têm e além disso andam todos fartos de comida. Eu resisti durante dois anos, mas devo reconhecer que mudei a minha opinião. Assim os restaurantes continuam abertos e ganhamos alguns novos clientes. Vou ser muito vaidosa…acho que tenho a clientela mais bonita de Toronto”, disse.

Extremamente bem decorado e com muitas referências à cultura portuguesa, o Flor de Sal surpreende pelo ambiente íntimo e pela excelência dos ingredientes. “Recuso-me a trabalhar com peixe ou com carne congelados, é por isso que fechamos aos domingos e às segundas-feiras. Não vale a pena enganar os clientes porque nesses dias é impossível encontrar peixe fresco nos mercados da cidade, seja proveniente dos EUA, de Portugal Continental, dos Açores ou da Madeira. Além disso não gosto de utilizar manteiga nem muito sal, prefiro antes o azeite português e a flor de sal”, explicou.

Anote na sua agenda e não se esqueça que até 7 de fevereiro pode comer bem a preços convidativos.