Comunidade

Montepio no Canadá – o que é e o que será?

Carlos Tavares, antigo Quadro da Caixa Geral de Depósitos e ex-Presidente do Conselho Diretivo da Comissão de Mercado de Valores Mobiliários, cargo que deixou de exercer no final de 2016, assumiu recentemente (em março passado) as suas funções de Chairman e CEO da Caixa Económica Montepio Geral.

Ainda neste mês de setembro apresentará o Programa de Transformação que, depois de fazer o ponto da situação atual do banco, desenhou para o projetar para o futuro.

Nesta entrevista exclusiva, Carlos Tavares revela os objetivos gerais e estratégicos para o banco que agora dirige e o tipo de relacionamento que deseja que o Montepio mantenha com os portugueses espalhados pelo mundo, incluindo, naturalmente, os residentes em Toronto.

 

Milénio Stadium: O Montepio é uma das poucas instituições bancárias portuguesas que permanece em Toronto com um escritório de representação. A minha primeira pergunta é muito simples – Porquê? Qual é o objetivo do Montepio que fundamenta a manutenção do escritório em Toronto?

Carlos Tavares: O Montepio tem uma longa história no Canadá. Está a fazer vinte anos que o banco tem um Escritório de Representação em Toronto, onde há uma forte presença das comunidades portuguesas.

Ao longo destes anos, a instituição esteve sempre ao lado desta comunidade de emigrantes, que tem retribuído com confiança e fidelidade. Por outro lado, muitos destes clientes são, ao mesmo tempo, investidores em Portugal, mercado natural como destino de investimento.

Creio que podemos afirmar que já não é só a saudade a orientar as opções de investimento dos emigrantes, mas também a racionalidade e a oportunidade de gerar rendimento atrativo na reabilitação urbana, no turismo, na agricultura ou no ensino. E os portugueses no Canadá têm contado com o escritório do Montepio, em Toronto – que é uma ponte de acesso aos serviços do banco em Portugal – para a materialização destas oportunidades de investimento.

Em jeito de balanço, para o banco o saldo tem sido claramente positivo. Ter presença física em geografias como Toronto, mas também em Paris, Frankfurt, Genebra e Newark, não só faz sentido, como faz parte da essência do banco: estar cada vez mais perto dos portugueses, onde quer que estejam.

MS: E porquê apenas um escritório de representação? Decisão estratégica ou resulta de uma qualquer imposição legal que vos impossibilita de desenvolver trabalho noutras valências de serviço bancário?

CT: O nosso objetivo é estar próximos das comunidades de emigrantes, trazer investimento para Portugal, dar soluções de financiamento em Portugal. E o Escritório de Representação – se bem aproveitado – é suficiente para estabelecer uma relação pessoal com os nossos clientes.
De resto, toda a relação bancária é efetuada diretamente com os nossos especialistas em Portugal. Essa é a principal vantagem competitiva do Montepio no Canadá: poder satisfazer as necessidades dos clientes no país de origem. O escritório é a janela para isso, mas a porta está sempre em Portugal.

MS: Que tipo de serviço oferecem aos vossos clientes no Canadá?

CT: O Escritório de Representação funciona como uma ponte entre os clientes residentes no Canadá e os balcões onde têm conta, em Portugal. Na prática, isto significa que se um cliente quiser um crédito habitação, o que faz é dirigir-se ao Escritório de Representação, em Dundas Street West e os representantes pô-lo-ão em contacto com o gestor em Portugal, para apresentar as melhores soluções para as suas necessidades.

O mesmo é dizer que o nosso escritório existe para dar a conhecer os produtos e serviços oferecidos pelo Montepio em Portugal e para levar mais longe a marca e a sua reputação junto de uma comunidade portuguesa muito vasta, com quem queremos manter o compromisso de fazer mais e melhor.

MS: É recorrente ouvir os portugueses residentes na GTA (Great Toronto Area), afirmar que os bancos do seu país de origem estão cada vez mais afastados da comunidade portuguesa. Que não se integram, não participam ou colaboram com as iniciativas comunitárias e só se interessam por cativar os portugueses para investir as suas poupanças em produtos financeiros. Há, na sua opinião, algum fundamento neste tipo de afirmações?

CT: Como imagina, chegado ao banco há tão pouco tempo, não posso avaliar esses aspetos. O que posso dizer é que, dentro das nossas possibilidades, procuraremos ter uma relação de cooperação e proximidade com os portugueses no Canadá, com disponibilidade para apoiar projetos de valorização individual ou coletiva, dentro dos valores da nossa atuação como instituição de raiz mutualista.

MS: Qual o futuro do Montepio no Canadá?

CT: Será essencialmente o que os portugueses que vivem e trabalham no Canadá quiserem que seja. Pela nossa parte, tudo faremos para corresponder às suas expectativas.

MS: Por fim, atualmente, que relevância têm para a economia portuguesa as remessas financeiras dos emigrantes?

CT: As remessas dos emigrantes continuam a ser uma componente essencial do financiamento da economia portuguesa e de preservação do equilíbrio externo. A recuperação financeira a que assistimos teria sido bem mais difícil sem essas remessas. Importante é que se possam traduzir crescentemente em investimentos produtivos que tornem a economia portuguesa cada vez mais próspera.

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