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Costa e Justin

Afinal o que é o Holiday Workers Program
e como ele não vai resolver o problema das pessoas indocumentadas

Humberta Araujo

Os trabalhadores que se encontram em situação precária – indocumentados – inundados por notícias, um tanto ou quanto contraditórias, sobre os reais propósitos da visita de António Costa ao Canadá, estão a depositar alguma esperança nesta visita.
Em causa, o “Working Holiday Visa Canada”, mais conhecido pelo “Holiday Workers Program”, que traduzido à letra significa Programa de Trabalho em Férias, que atualmente não abrange Portugal e que se direciona a “jovens” entre os 19 e 35 anos.
Para que não levemos o carro à frente dos bois, é importante desconstruir o “Working Holiday Visa Canada”. O governo canadiano está a oferecer a jovens de diversos países, a oportunidade de trabalharem no Canadá, por um período máximo de dois anos, em qualquer província, não importando o tipo de trabalho.

O “Working Holiday Program” não requer que o/a interessada tenha, à priori, uma oferta de trabalho no Canadá para se qualificar. Trabalhadores estrangeiros, estudantes e indivíduos naturais de determinados países, podem requerer um visa de trabalho em “férias”. O Canadá instituiu este programa, para envolver jovens que queiram adquirir uma experiência de trabalho canadiana. Neste sentido, qualquer indivíduo, homem ou mulher, com idades entre os 18 e 35 anos, que estejam interessados em obter esta experiência, podem candidatar-se a este visa.

Todavia, os jovens portugueses não podem fazê-lo, porque, como disse, Portugal não faz parte da lista aprovada, até agora. Em alguns países, as pessoas com idades acima dos 30 anos, também já não podem dele usufruir. No caso do México, só até aos 29 anos.
Por outro lado, os visas disponíveis são limitados. Este programa, tem sido publicitado pelo governo como uma forma de os estudantes poderem financiar os seus estudos, e adquirirem experiência canadiana. Outra categoria existente, direciona-se a profissionais jovens, que tenham uma oferta de emprego, que prove contribuir para o seu desenvolvimento profissional. Existe ainda o “International Co-op Internship”. Em todos estes programas, os jovens portugueses estão excluídos.
Um dos resultados práticos do encontro entre Trudeau e Costa, pode estar a inclusão de Portugal neste programa para jovens. Todavia, sabendo da reticência que Portugal tem atualmente, em ver-se livre dos seus jovens, que têm abandonado o país aos magotes, não sabemos qual a abertura. Todavia, este programa pode até interessar a António Costa, pois é limitado no tempo, e permite à juventude portuguesa a residir em Portugal, adquirir experiência e trazê-la de volta.
Porém, para as pessoas indocumentadas no Canadá, ele não vai resolver o seu problema. Primeiro, porque a grande maioria das pessoas indocumentadas e já estabelecidas no país, tem mais de 30 anos; segundo, porque não estão a residir em Portugal; terceiro, porque o número de visas é limitado, e quarto, porque o programa não inclui famílias. Estes são só alguns dos aspetos a ter em conta.

Ao que sabemos, alguns dirigentes sindicais, atualmente em Portugal, estariam a tentar negociar algum comprometimento prático por parte de Portugal para pressionar o governo canadiano a resolver a escassez de mão de obra em algumas áreas, dar uma resposta aos indocumentados, e assim também resolver problemas internos.
O “Working Holiday Program” só resolveria em parte, a situação de alguns indocumentados, se a ele viesse cozida, alguma alínea clara e direta, ou mesmo até obscura, que permitisse furar a lei e tolerar a regularização de algumas pessoas. Esperemos que talvez alguns “loopholes” sejam possíveis.
O “monstro” da amnistia, no caso dos portugueses, italianos e sul-americanos, deveria ser desmistificada junto dos Liberais pelo governo português, porque estando centrada em grupos específicos, que não são terroristas, faria desaparecer o espetro de uma amnistia, a estes mesmos grupos terroristas.
Recorde-se que esta visita vem reconhecer a aprovação de uma moção apresentada pela deputada Julie Dzerowicz, que institui a nível federal, o mês de junho, como o mês do património e da cultura portuguesas, dando assim um novo impulso à nossa presença no país, no seu todo. Ao que se sabe haverá um lanche organizado pela deputada, cuja seleção de convidados está já a causar algum mal-estar pela falta de um sistema transparente de seleção de pessoas, e ainda vários encontros na comunidade.

Depois de tantos “selfies” e apertos de mão, entre Justin e algumas das figuras mais proeminentes do mundo, resta também a António Costa, ver-se ao lado do jovem primeiro-ministro, num “selfie” histórico. E aposto, que na troca de prendas, gesto tradicional em visitas do género, António Costa trará um par de meias (piúgos como se diz na minha terra) ilustrados com o nosso tão típico Galo de Barcelos, e, quem sabe, para não esquecer as autonomias, um capote e capelo dos Açores para a Sophie, e para as criancinhas Trudeau, uns barretes de lã de ovelha da Madeira.

 

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