Community Spirit Award – Ana Bailão homenageada

No passado sábado, dia 12 de abril, Ana Bailão, vice-presidente da Câmara Municipal de Toronto, foi homenageada no clube português de Mississauga, com o prémio Espírito Comunitário.

Ana Bailão nasceu em Lisboa, mais propriamente em Alenquer, e chegou ao Canadá com 15 anos. Um exemplo perfeito de determinação e confiança de que as metas são para se atingir, independentemente dos obstáculos que, à primeira vista, possam ser impeditivos de chegarmos onde, de facto, merecemos estar.

Receber este reconhecimento por parte da comunidade que lhe pertence, tem um sabor especial. “Significa que esta é uma comunidade que sabe identificar pessoas que são produto do seu próprio trabalho. Eu sinto que o reconhecimento não é meu, não é pessoal, é um reconhecimento do que a nossa comunidade é. Eu cresci nesta comunidade, o meu envolvimento vem desde que eu era estudante na Universidade, e portanto acho que isto é um reconhecimento de alguém que esteve envolvida e se manteve envolvida – que é muito importante, temos que especialmente apelar aos mais jovens para se manterem envolvidos – e nós podemos fazê-lo de muitas formas diferentes. Sinto-me lisonjeada, sinto-me honrada e sinto-me com o peso da responsabilidade que estas coisas acarretam.”

Com plena consciência de que o passado nos molda e nos constrói o caminho para que sejamos o que somos hoje, Ana Bailão, primeira mulher a receber este prémio, diz gostar de viver no presente, sempre com esperança no futuro. “Eu acredito que nós somos o produto de experiências que se vão acumulando nas nossas vidas. Eu acho que sou capaz de fazer o faço hoje e de desempenhar as minhas funções devido às coisas que fiz no passado, àquilo que aprendi no passado, às pessoas que tive na minha vida e às portas que se fecharam e que, por vezes, nos dão ainda mais força.”

Tony Sousa, presidente do Clube Português de Mississauga, acredita que Ana Bailão é absolutamente merecedora de um reconhecimento a este nível por parte de todos. “O Spirit Award é atribuído todos os anos e têm sido sempre homens, e por isso este ano, como eu tenho um board constituído por muitas senhoras, achámos por bem escolher a Ana Bailão porque achamos que ela merece. Nós consideramos que ela tem uma forma diferente de fazer política, de interagir e trabalhar com as pessoas, e tem feito muito para a nossa comunidade, tem tomado conta da comunidade dela – por isso achámos que devia mesmo ser ela, a primeira senhora a ser homenageada”.

O presidente da Câmara Municipal de Toronto, John Tory, fez questão de estar presente nesta noite para deixar umas palavras sobre a sua colega e amiga Ana Bailão, começando por agradecer a todos, em português, pelo convite. “Boa noite e obrigado por me terem aqui” – seguiram-se aplausos de satisfação pela introdução na língua de Camões. Tory continuou, já em inglês, dizendo que “uma das coisas que gostaria de dizer sobre Ana Bailão, e que talvez seja das mais importantes nas pessoas – tanto a nível profissional, quanto pessoal – é a sua autenticidade. Com a Ana, o que vemos é o que temos. Ela é uma pessoa muito genuína, algo que não acontece sempre na política, ou em qualquer outra área”. A propósito do prémio atribuído a Ana Bailão, Tory acredita que foi uma “boa escolha, porque esta comunidade deve realmente estar muito orgulhosa, não só por Ana ser vereadora e vice-presidente da Câmara M. de Toronto, porque o sucesso não se mede assim, mas porque ela, de facto, merece esse lugar – a Ana Bailão continua a dar muitas contribuições importantes para a cidade.”

O Cônsul-Geral de Portugal em Toronto, Rui Gomes, falou-nos da importância que tem para Portugal haver uma pessoa da comunidade luso-canadiana com a relevância de Ana Bailão na cidade de Toronto. “É muito importante para nós porque representa o facto da comunidade luso-canadiana estar tão bem representada, também a nível politico. Isto é um êxito da diáspora portuguesa. É um incentivo para todos os portugueses que vivem fora de Portugal a participarem na vida política dos países onde estão a viver. Nós temos aqui no Canadá excelentes exemplos de como uma filha de Portugal é eleita, com os votos de muitos cidadãos canadianos, muitos provenientes de tantas outras partes do mundo, não apenas da comunidade portuguesa, e que reconheceram o mérito a Ana Bailão. É um orgulho e um privilégio para todos nós termos representantes de nacionalidade portuguesa a ocupar cargos de tão elevada responsabilidade como na administração de uma das maiores cidades da América do Norte.

Também Manuel DaCosta deixou umas palavras de apreço a Ana Bailão, que considera merecer, de facto, receber este Community Spirit Award. “Todas as vezes que um prémio destes é dado a um membro da nossa comunidade é sempre importante, principalmente uma pessoa que se tem destacado – tem feito muito e continua a lutar – não só na vida política, mas sempre com o objetivo de melhorar esta cidade. Eu acho importante que se reconheçam pessoas como a Ana e espero que todos os anos se reconheçam pessoas do calibre dela – pessoas que se elevem cada vez mais no que diz respeito às suas atividades voluntárias e filantrópicas, para que sejam reconhecidas.”

Charles Sousa, ex-ministro das finanças, fala-nos do orgulho que sente em Ana Bailão e partilha connosco a crença de que esta lusodescendente ainda tem muito para nos mostrar. “É extremamente importante celebrar aqueles que auxiliam a nossa comunidade. Eu já conheço a Ana Bailão há anos, quando ela era uma jovem, estudante da Universidade de Toronto e eu presidente da Federação, demos-lhe uma bolsa de estudo – ela esteve sempre envolvida com a comunidade. Hoje estamos a celebrar não apenas o que ela faz no presente, mas o que ela tem desenvolvido ao longo dos anos, e ela tem feito muito para a nossa comunidade. (…) A Ana Bailão tem uma característica muito importante – nunca esqueceu que é portuguesa. (…) Eu espero vê-la a crescer ainda mais a nível profissional. Agradeço muito o trabalho da Ana Bailão, ela merece ser reconhecida. Os meus parabéns.“

Jack Oliveira mostrou-se também ele satisfeito por ver Ana Bailão homenageada naquela noite e deixou uma mensagem de encorajamento aos jovens lusodescendentes. “Filha de imigrantes, investiu nos estudos e os resultados falam por eles próprios. Acho que a Ana merece. Conheço a Ana há mais de 20 anos, fazia ela voluntariado junto de membros do governo e eu era também voluntário na Liuna 183, espalhamos por aí muitos letreiros de políticos juntos. A nossa relação tem sido sempre boa, temos estado sempre ao lado da Ana quando ela precisa (…) para que a nossa comunidade continue a beneficiar. Acho que a Ana merece, está de parabéns, a comunidade portuguesa está de parabéns. (…) Espero que a nossa juventude preste atenção ao que aqui aconteceu esta noite e que um dia, no futuro, sejam eles aqui neste palco a serem reconhecidos.”

Uma noite marcada por vários momentos especiais, com discursos das mais variadas personalidades, muita música e com Ana Bailão de capa traçada ao lado da sua Can-Tuna.

Catarina Balça