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Cinco luso-canadianos na corrida às autárquicas

Nesta segunda-feira (22) são cinco os luso-canadianos que estão a concorrer às eleições municipais de Ontário. Frank Monteiro concorre por Cambridge; Martin Medeiros e Joe Pimentel por Brampton e Ana Bailão e Michael Barcelos por Toronto. O Milénio Stadium foi saber quais são as propostas de cada um deles para a sua área.

Ward 9 – Davenport

Ana Bailão tem 42 anos, é formada em Sociologia pela Universidade de Toronto e está a concorrer pela terceira vez ao bairro de Davenport, que este ano tem novas delimitações. Bailão nasceu em Vila Franca de Xira (Lisboa) e veio para o Canadá com 15 anos. O trabalho desta luso-canadiana fez com que chegasse à vice-presidência da Câmara Municipal de Toronto. Nos últimos anos tem lutado por habitação acessível e acredita “que todos têm direito a um teto”.

Ana queria ser assistente social, mas a política falou mais alto. “O Mário Silva convidou-me para trabalhar com ele e o que era para ser um part time acabou por virar full time de cinco anos (risos). Ainda hoje moro no bairro de Davenport, o bairro com a maior concentração de portugueses de todo o país. Eles sabem que podem contar comigo para termos uma cidade melhor a todos os níveis”, afirmou.

A candidata garante que tem a solução para muitos dos problemas que este “novo” bairro enfrenta. “Quando tomei posse pela primeira vez já não era possível estacionar na Dundas. Percebi que a comunidade estava indignada e lutei para devolvermos o estacionamento naquela área. Conseguimos implantar uma rota de autocarros express na Dufferin Street para que as pessoas chegassem a casa mais cedo. A St. Clair também tem grandes desafios em matéria de trânsito, mas acredito que a expansão da rede de transportes públicos vai beneficiar este bairro”, explicou.

Ward 10 – Spadina/Fort York

Michael Barcelos está a concorrer pela primeira vez ao bairro 10 de Spadina e Fort York. Michael nasceu em Toronto, mas os pais são açorianos. O candidato tem 45 anos, é casado e tem três filhos. Ao nosso jornal Barcelos garantiu que a sua experiência como funcionário da Câmara Municipal de Toronto pode fazer a diferença. “Trabalho no departamento dos transportes, mas também já trabalhei no estacionamento. Acredito que esta experiência é importante porque estou familiarizado com os problemas que a comunidade enfrenta todos os dias quando sai de casa para trabalhar”, assegurou.

Michael quer mais segurança para o bairro 10. “Nós temos vindo a ser ignorados, é por isso que estou a concorrer. As pessoas e os sem abrigo precisam de casas acessíveis, precisam de soluções concretas para o trânsito e para a toxicodependência. As nossas famílias não podem conviver com a droga, temos seringas perto da porta de casa”, avançou.

Com um passado de toxicodependência, Michael virou a página e sustenta que tem condições para ser um dos líderes da cidade. “Tenho muito orgulho nos meus pais, eles e outros portugueses ajudaram a construir Toronto. Como o meu pai costumava dizer, trabalho e aprendo com os meus olhos. Os portugueses ainda têm muito para dar a esta cidade. Nós sabemos o que é trabalho árduo e lutamos por uma vida melhor. É isso que quero para o meu bairro, vou viver para apoiar a comunidade portuguesa”, disse.

Ward 1 e 5 – Brampton

Joe Pimentel é filho de imigrantes e mora em Brampton há 53 anos. O luso-canadiano está a concorrer pela vez ao bairro 1 e 5 e diz que é preciso reduzir a taxa de desemprego jovem da cidade.

Em Brampton moram cerca de 650,000 pessoas e estima-se que na próxima década o número ultrapasse 1,000,000. Ao nosso jornal o candidato disse que é preciso reduzir impostos e índice de criminalidade para atrair mais indústria à cidade.

Natural de Rabo de Peixe, São Miguel, Açores, o candidato é membro da Igreja da Nossa Senhora de Fátima, do Vasco da Gama Cultural Centre e do Carabram. Em declarações ao Milénio Stadium, Pimentel explicou que foram sobretudo duas razões que o motivaram a avançar com a candidatura – “continuar a dar voz à comunidade portuguesa e canalizar 30 anos de experiência em serviços autárquicos para servir melhor os cidadãos”.

Brampton regista um número elevado de assaltos e tiroteios, algo que pode melhorar com o reforço policial nas ruas. “Para cada 100,000 pessoas deveriam existir cerca de 189 polícias, mas em Brampton só temos 133. Precisamos de criar mais emprego para diminuirmos a marginalidade. E temos de melhorar a nossa rede de transportes, construir mais estradas, adquirir mais autocarros e criar mais rotas”, contou.

Pimentel defende ainda a construção de um terceiro hospital e a criação de um programa de créditos para voluntários que permita uma dedução nos impostos, à semelhança do que já acontece na Europa, na Alemanha.

Ward 3 e 4 – Brampton

Martim Medeiros foi o primeiro político luso-canadiano a ser eleito em Brampton em 2014. A concorrer ao segundo mandato, Medeiros quer melhorar a baixa da cidade e tornar Brampton num pólo de inovação tecnológica.

Martin fez parte da equipa que reestruturou a Câmara Municipal de Brampton, reduziu dívida e cortou 82 postos de trabalho na área da administração. Brampton é a segunda cidade do país que regista maior crescimento populacional, todos os dias entram mais 44 pessoas, e cerca de 60% dos habitantes trabalha fora da cidade. Apesar do trânsito ter registado no ano passado um aumento na ordem dos 18%, a autarquia reforçou os transportes públicos e adquiriu mais 60 autocarros.

Com a construção da Universidade de Brampton esperam criar cerca de 1,500 postos de trabalho qualificados. Para já não há garantias, mas a gigante Amazon poderá estar interessada em investir em Brampton, uma decisão que poderá criar quase 5,000 postos de trabalho.

Medeiros estudou Artes na Universidade de York e fez um mestrado em Estudos Europeus no College of Europe na Bélgica. Já trabalhou para a Comissão Europeia, para as Nações Unidas e para o Governo Regional dos Açores e cá gostava de implantar o Simplex, um programa criado pelo Estado português que pretende diminuir a burocracia e modernizar a administração pública.

Martin aprendeu a falar português nas férias em Rabo de Peixe, nos Açores, de onde os pais são naturais, é apaixonado por desporto e é fã do Benfica.

Ward 7 – Cambridge

Frank Monteiro está a concorrer a um terceiro mandato em Cambridge, onde quase 1/3 da população é descendente de portugueses. Frank nasceu em Santa Maria, nos Açores e veio para Cambridge com apenas 14 anos.

Hoje tem 67 anos e foi agente da polícia durante mais de três décadas.  Monteiro é casado, tem dois filhos e dois netos e tem uma forte ligação à comunidade portuguesa. Chegou a ser voluntário nos dois clubes portugueses de Cambridge – The Portuguese Club of Cambridge e The Oriental Sports Club of Cambridge e ajudou a sensibilizar o governo para que estes clubes pudessem receber idosos durante alguns dias da semana, a fim de evitar que estivessem sozinhos em casa.

Monteiro está a concorrer a um terceiro mandato e orgulha-se de ter estado por trás da expansão da Universidade de Waterloo, da construção de um Live Theater, de uma biblioteca digital e de uma ponte pedestre. O candidato está preocupado com a segurança em vários aspetos. “Aqui em Cambridge temos problemas semelhantes a Toronto, mas numa escala mais pequena. Precisamos de mais polícias, o número de agentes per capita é igual ao que tínhamos em 2010 quando me reformei”, lamentou.

Frank está preocupado com a rapidez do processo de legalização da canábis. “Não sou contra, mas considero que o assunto deveria ter sido mais discutido e mais estudado. Se for eleito esse é um dos meus compromissos, vou reunir com várias entidades para discutir o tema”, assegurou.

Os jovens queixam-se que não existem infraestruturas para a prática de desporto, sobretudo futebol, um problema que Frank espera resolver em breve. “Vamos construir um multiplex que representa um investimento superior a $100,000,000. O espaço vai servir também para praticar hóquei em patins e natação. Mas temos também cerca de 4,000 novos lotes de habitação”, informou.

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