Casa do Alentejo de Toronto celebrou 40º aniversário

O 40º aniversário da Casa do Alentejo de Toronto foi celebrado, no dia 24 de fevereiro, no seu magnífico salão nobre. Os presentes foram recebidos pelo presidente, Jaime Nascimento que assumiu funções em 2022.
Notada foi a ausência e falta de adesão dos sócios – e comunidade portuguesa em geral – na homenagem dos 40 anos desta casa, que foi a primeira a introduzir uma semana cultural em Toronto e que tanto tem feito na divulgação da cultura e tradições alentejanas desde que foi fundada. É por estas e outras razões, que o presidente reforçou o quanto esta celebração é importante, dizendo-nos que “se pensarmos que 40 anos já é uma pequenina, longa vida para esta casa que tem, enfim, passado por variadíssimos estágios, em função de tudo do que tem acontecido na humanidade. Consideramos que, hoje, atingirmos esta plataforma nestes 40 anos é algo digno de registo e que só nos pode orgulhar. Orgulhar, acima de tudo, por tudo que a Casa do Alentejo tem dado, emprestado à comunidade luso-canadiana”. As restrições impostas aos clubes e associações devido à pandemia, não foram indiferentes à Casa do Alentejo, que também sentiu uma fragilidade financeira, como as restantes casas comunitárias no Ontário, porém está a contornar a situação e, como nos revelou Jaime Nascimento, o segredo para reviravolta “é muito simples! É aquilo que, hoje, vai rareando e escasseando em muitos lugares… o espírito voluntário! Todos amigos, todos aqueles que, para além de serem membros, mas todos aqueles que desde sempre simpatizaram com os desígnios desta casa têm prestado um trabalho incalculável e não há palavras para definir tudo aquilo que representa a dedicação, a doação e o sacrifício, muitas vezes, em prol de situações familiares, mas que as pessoas têm prestado e prestam à existência desta casa. Um trabalho voluntário que é digno de registo e temos que, realmente, nos vergar perante esta doação. Só assim, a Casa do Alentejo, pôde atingir estes 40 anos”. Desde a sua fundação, a Casa do Alentejo tem sido exemplar na forma como se tem mantido fiel e leal às suas raízes alentejanas, que são ricas tanto na cultura, regionalismo, tradições e quem passa pelo restaurante de 3ª-feira a Sábado pode, ainda, saborear a gastronomia típica alentejana.

Laurentino Esteves, vice-presidente do Conselho de Presidentes da Aliança dos Clubes e Associações Portuguesas do Ontário (ACAPO), é sócio há mais de 30 anos da Casa do Alentejo e assumiu as funções de Relações Públicas desta coletividade há cerca de um ano. E foi na qualidade de diretor da Casa do Alentejo que Laurentino Esteves falou para o Milénio Stadium. Quando questionado sobre o futuro desta coletividade, disse que “o futuro da Casa do Alentejo, diria que é imprevisível, porque estamos num momento de incertezas, pois acabámos de sair de uma pandemia e houve um afastamento óbvio de muitas pessoas. Trazer as pessoas de volta vai demorar algum tempo… portanto, projetar o futuro diria que terá que ser a longo prazo, mas o futuro terá que ser baseado no que tem sido o nosso passado, ou seja, a divulgação da cultura, costumes e tradições alentejanas e cultura portuguesa. A aposta terá que ser feita por essa vertente cultural. Se for por aí, penso que as pessoas vão aderir, porque é o que nos identifica. Eu não sou alentejano, mas identifico-me com a Casa do Alentejo, como uma casa de cultural. Creio que futuro será risonho, se for essa a aposta”.

Sobre a 38ª Semana Cultural Alentejana, a realizar-se em outubro, Laurentino Esteves, revelou que o planeamento da mesma ainda não começou, mas que o início dos trabalhos está para breve e confirmou ainda que a semana vai contar com a vertente cultural a que a Casa do Alentejo já nos habitou, como por exemplo, “literatura, Cante Alentejano, Fado naturalmente, exposições, gastronomia… vamos apostar, eu diria que na mesma receita que tem dado certo e que tem trazido pessoas a esta casa durante a semana cultural”. Quando questionado sobre a importância da Casa do Alentejo para a ACAPO e como é que ACAPO via o 40º aniversário de um dos clubes membro, Laurentino Esteves, indignado disse: “muito concretamente e muito diretamente, eu não posso falar da ACAPO. Estou proibido de falar em nome da ACAPO, proibido! Por isso, não me vou pronunciar. Existe um presidente, que é o presidente da ACAPO, portanto, ele é que fala pela ACAPO. Eu não posso falar, porque estou proibido… e entendam como quiserem!”.

Clara Abreu, no papel de Mestre de Cerimónias, deu as boas-vindas a quem fez questão de celebrar o 40º aniversário da Casa do Alentejo. Depois dos agradecimentos habituais, incluindo da comunicação social, apresentou os Zanguizarra. A banda que veio de Portugal, é constituída por oito elementos: António Valente; António Candeias; Paulo Silva; Andreia do Carmo, Paulo Parreira, Henrique Leitão, Manuel Candeias e Pilar Valente – todos de Arraiolos, Alentejo. Infelizmente, a Pilar Valente não pode vir, por motivos de força maior. Os Zanguizarra animaram os convivas com a sua sonoridade lusófona e musicalidade original: “isto tem a ver com a lusofonia. Foi uma aposta que fizemos, quando criámos este grupo em 2013. Criar um grupo de música portuguesa, mas com as influências todas de África e do Brasil, portanto da lusofonia. Começou em trio, depois passámos a quarteto e já vamos em octeto. Hoje falta uma pianista que está no Brasil a estudar… temos crescido bem e se continuar assim, daqui a nada temos 20 elementos”, disse muito bem-disposto, António Valente, membro fundador da banda.

Jaime Nascimento, em nome da direção da Casa do Alentejo garantiu que o sonho continua a ser o mesmo, ou seja, é continuar com a Casa do Alentejo e “fazê-la perpetuar, o que nesta altura é, extremamente, problemático, digo-o desde já (…).

O Milénio Stadium congratula a Casa do Alentejo de Toronto por mais um aniversário e esperamos que a nossa presença contribua para a continuação do sonho, que é a divulgação da cultura, tradições e bons costumes alentejanos.

Texto e Fotos: Carmo Monteiro / MS