Carnaval de Torres Vedras com mais de 30 matrafonas
Já dizem os locais: a vida são dois dias e o Carnaval de Torres são seis. Os torrienses que residem em Toronto quiseram celebrar “o Carnaval mais português de Portugal” e o resultado não podia ser melhor. A Academia dos Amigos Alegres nasceu numa garagem e este ano celebrou o Carnaval pela quinta vez consecutiva.
Manuela Silva, relações públicas da Associação, explicou ao Milénio Stadium que a festa começa a ser preparada com antecedência. “No ano passado fizemos em parceria com a Associação de Barcelos, mas este ano alugámos sozinhos o salão de festas do Poveiros Community Centre. Depois da passagem de ano alguém me disse que já podíamos começar a pensar no Carnaval. Nós estamos longe de casa e uma das alturas que mais nos custa é o Carnaval e como não podemos lá ir trazemos a festa até nós”, informou.
A lisboeta casou com um torriense e desde aí o Carnaval entranhou-se na sua vida. “No primeiro ano ficamos chocados, mas no segundo acabamos por voltar. O Carnaval estranha-se e depois entranha-se, independentemente de sermos naturais de Torres Vedras ou não. É um fenómeno difícil de explicar, para entender só mesmo sentindo. Eu tenho fama de ser uma palhacinha e então este ano decidi mascarar-me mesmo de palhaça (risos)”, adiantou.
Pelo Carnaval de Torres de Toronto passaram cerca de 200 pessoas e mais de 30 matrafonas. Os homens usaram e abusaram das lantejoulas, das plumas, das perucas e dos saltos altos e no final houve até um desfile. Segundo reza a história, a figura da matrafona é inspirada em Maria Cachucha, uma torriense que se vestia com roupa masculina e que tinha um bigode e que terá vivido entre 1900 e 1960.
Há cerca de 30 anos que Vitor Faustino troca nesta época as calças pelas saias, uma prática que recomenda à maioria dos homens. “O nosso Carnaval são seis dias e pelo menos em três eu mascaro-me de mulher senão não é Carnaval. Antigamente íamos a casa da avó ou da vizinha e pedíamos emprestado roupa e uma cabeleira, mas hoje já fazemos depilação, vestimos roupas mais modernas e colocamos mais maquilhagem. A minha esposa ajudou-me na produção, recomendo a qualquer homem”, explicou.
A melhor máscara infantil foi a de “anjinho” e levou para casa um cartão do McDonald’s no valor de $20. Já os restantes vencedores ganharam um cartão da pastelaria Nova Era no valor de $75.
O prémio de máscara mais original foi atribuído à “Velha”; na categoria de melhor grupo venceram “As incríveis” e “Conchita” foi a matrofona que conquistou o público com a sua beleza e o seu sentido de humor.
A banda sonora foi sobretudo brasileira e um dos temas que passou várias vezes foi o “Samba da Matrafona”, a música que se tornou o hino do Carnaval de Torres Vedras em 2018. A letra e a música são de Susana Félix, uma ilustre torriense, e o “Samba da Matrafona” conta com a participação de Zeca Pagodinho, o rei do samba, e do conhecido rapper Emicida.
O videoclip foi publicado no YouTube a 5 de janeiro de 2018 e da última vez que o consultámos tinha 1,051,963 visualizações.
Joana Leal/MS
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