Comunidade

Atendimento caótico no Consulado-Geral em Toronto

O atendimento no Consulado-Geral em Toronto está caótico. Ao nosso jornal, várias pessoas lamentam ter de perder um dia de trabalho para se deslocar ao Consulado e reclamam horários mais flexíveis e mais funcionários. Segundo duas das nossas fontes, há funcionários que recebem dinheiro para encurtar o tempo de espera.

Numa altura em que os portugueses aproveitam para ir de férias a Portugal os pedidos de renovação do cartão do cidadão e do passaporte disparam. Outro dos fatores que está a levar à renovação destes documentos é o período de desenvolvimento económico que se vive em Portugal. O alavancar da economia, o boom do turismo e o facto de Portugal estar na moda está a fazer com que o património valorize, daí que alguns emigrantes aproveitem a conjuntura para vender terrenos e imóveis.

Esta semana à porta do Consulado-Geral a seguinte informação: “Devido à grande afluência de público, o Consulado-Geral lamenta não poder aceitar quaisquer pedidos de cartões de cidadão e passaportes, para além dos que já se encontram na sala de espera. Agradece-se desde já a compreensão de Todos”.

O horário de atendimento ao público é das 8 da manhã às 2 da tarde, embora os funcionários dêem seguimento a alguns casos à porta fechada. Carla Rodelo tem familiares que estão a tentar vender património em Portugal e que para concretizar o processo de venda precisam de renovar documentos. “Cheguei às 9 horas e precisava de obter informações acerca de cartões do cidadão e de passaportes para o meu tio e para a minha avó. Já tive várias vezes no Consulado e infelizmente é normal não ser atendida no próprio dia”, disse.

Rebelo defende que é urgente contratar mais funcionários. “Compreendo que cada caso é um caso e que alguns assuntos demoram mais tempo a ser tratados ao balcão, mas precisamos de mais funcionários. É triste porque algumas das pessoas vêm de longe”, argumentou.

Enquanto aguarda pela sua vez fora da porta principal do consulado, a luso-canadiana critica a postura do governo português para com as comunidades da diáspora. “Acho que o governo português deveria olhar de outra forma para os emigrantes. Em Toronto e um pouco por todo o mundo. Nós viemos à procura de uma vida melhor porque não a tínhamos em Portugal, merecemos ser respeitados”, avançou.

Carla lamenta que “várias pessoas tenham que perder vários dias de trabalho só para renovar um simples cartão do cidadão ou um passaporte” e queixa-se da linha de atendimento ao público.

“Já telefonei várias vezes para o Consulado para obter informações e nunca atendem o telefone. Este é outro dos problemas”, contou.

A jovem luso-canadiana propõe três sugestões para melhorar o serviço. “Contratar, pelo menos, mais um funcionário de balcão, ter um serviço de pré-agendamento e avisar-nos antecipadamente que os documentos estão quase a caducar. Fazer como o governo canadiano faz e enviar-nos uma carta, penso que facilitava a vida a todos”, propôs.

Arnaldo Gomes estava indignado quando saiu do Consulado-Geral por volta das 9 horas. “Cheguei às 7:30 e acabaram de me dizer que já não podiam aceitar mais pedidos para renovar o cartão do cidadão. Só atendem 20 ou 30 pessoas por dia e mandam os outros para casa. Isto é uma vergonha, nunca vi nada parecido. Já vivi nos EUA e lá não é assim”, explicou.

Arnaldo revelou-nos que há funcionários que recebem dinheiro para encurtar o tempo de espera. “Já cá tinha vindo antes e estavam a tentar mandar-me embora, mas não conseguiram. Na altura tive que ligar para um amigo, que era conhecido de um dos funcionários, para ser atendido. Se a pessoa tem dinheiro é atendida, não é justo, sobretudo num país como o Canadá”, admitiu.

Gomes está revoltado com o governo português. “O serviço do Consulado tem de mudar. Enquanto aguardava pela minha vez vi várias mães que trouxeram os seus filhos e que tiveram que esperar pela sua vez na fila durante várias horas. O governo só faz aquilo que lhe convém. O Sr. António Costa esteve cá em maio e prometeu reforçar os serviços dos consulados, mas não custa nada prometer”, justificou. O luso-canadiano defende que “deviam afixar na porta o número de pessoas que podem atender por dia porque desta forma só perdemos tempo”.

Em declarações ao nosso jornal, uma empresária que aceitou falar sem ser identificada, descreveu-nos o ambiente do Consulado-Geral. “Vim renovar o meu passaporte e encontrei um cenário caótico. Este horário é uma vergonha, não conheço nada em Toronto que encerre às 2 da tarde. Venho de longe e praticamente perdi um dia inteiro de trabalho. E amanhã vou ter de voltar porque não consegui fazer nada hoje”, afirmou.

A empresária já marcou férias em Portugal e teme não conseguir renovar o documento a tempo.

“Em agosto vou passar férias a Portugal e corro o risco de não conseguir renovar o meu passaporte. Acho que o horário deveria ser mais flexível, ainda que fosse só durante alguns dias. Ou ao fim-de-semana, aos sábados e aos domingos, como na banca. Temos que estar aqui às 6 da manhã para sermos atendidos nesse dia ou então temos que pagar a alguém para agilizar o processo’, revelou.

A mesma fonte adiantou que só tem passaporte português, mas que está a ponderar obter um canadiano.  “Vivo aqui há quase 30 anos e os meus pais estão sempre a dizer-me para fazer o passaporte canadiano porque o serviço do Consulado de Portugal é ridículo. Agora vou começar a pensar nisto mais a sério”, expôs.

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