Uma questão de Tik para Tok
“As palavras são a droga mais poderosa utilizada pela humanidade” - Rudyard Kipling

O Tik Tok enfrentou uma proibição nos Estados Unidos no passado domingo, mas adiou-a temporariamente na segunda-feira (20). Para a maioria de nós, esta proibição é irrelevante, uma vez que a aplicação não faz parte das nossas vidas, mas para muitos é parte integrante da sua autoestrada de informação e negócios. Por que razão deveríamos preocupar-nos com esta proibição quando tantas outras proibições aconteceram no passado?
Como não utilizador da aplicação Tik Tok, não deveria ter importância para mim, mas tem. A liberdade de expressão não deve ser manchada pela censura só porque alguém acredita que o mundo se deve comportar de acordo com um conjunto de normas.
Esta proibição é uma injunção contra todos os que acreditam que a informação não deve ser prescritiva para se adequar aos tabus de cada um. Há uma guerra cultural moldada pelo pensamento de que a maneira de evitar uma guerra armada é impedir que os inimigos distribuam ou adquiram informações que possam se enraizar nas populações. Uma dessas guerras é entre a China e os EUA e é uma expansão de antigas diferenças que incluíram a Huawei e agora a Tik Tok. Embora a proibição possa aplicar-se apenas aos EUA, pode ter a certeza de que serão feitas exigências para que os aliados dos EUA também implementem a proibição por alegadas razões de segurança. Sempre que a palavra segurança é utilizada, espera-se que outros países ligados pelo comércio cumpram as restrições impostas. Embora possam existir preocupações de segurança devido ao facto de a aplicação ser controlada pelo governo chinês, no fim de contas, isto parece ser mais uma dança de gigantes para ver quem ultrapassa e rouba mais ao outro.
Os EUA estão prestes a embarcar em quatro anos de Donald Trump, com muitos prevendo incertezas nas ações decorrentes do gabinete de Trump, que serão uma ocorrência diária. O Milénio já opinou sobre as incertezas e realidades que o mundo pode enfrentar, mas a montanha-russa pode ser muito pior do que o esperado em relação às políticas mundiais. Todos devemos estar preparados para o inesperado, pois atualmente os EUA são um caso perdido em termos políticos e o fundo do poço pode estar prestes a cair com o peso das medidas corruptas. Esta proibição, se aplicada, poderá aumentar as tensões entre os EUA e a China, influenciando as relações diplomáticas.
Esta ação poderá abrir um precedente de fragmentação da Internet mundial e afetar as relações comerciais internacionais, pondo em evidência questões mais vastas de soberania digital e de regulamentação das empresas tecnológicas, o que levanta questões sobre a forma como os países podem proteger os dados dos seus cidadãos e, ao mesmo tempo, equilibrar a abertura no mundo digital.
A propagação do isolacionismo relacionado com as plataformas dos meios de comunicação social, que se verificou parcialmente no Canadá, não serve o objetivo de proteger os cidadãos, porque não vivemos em cúpulas isoladas. Parece-me que estamos a entrar numa era de guerras intelectuais em que os governos tentarão dizer-nos o que é melhor para nós. Que a liberdade das nossas palavras seja o nosso principal guia para compreender o que é melhor para nós e não permitir que os autocratas sociais orientem as nossas doutrinas de integridade.
As palavras têm poder.
Manuel DaCosta/MS
Editorial in English
A matter of Tik for Tok
“Words are the most powerful drug used by mankind” – Rudyard Kipling
Tik Tok faced a ban in the United States last Sunday but temporarily postponed it on Monday. For the majority of us this ban is inconsequential as the app is not part of our lives but for many it is integral on their information and business highway. Why should we care about this ban when so many other prohibitions have happened in the past?
As a non-user of the Tik Tok app, it shouldn’t matter to me, but it does. Freedom of expression should not be tainted by censorship just because someone believes that the world should behave according to a set of standards.
This ban is an injunction against all who believe that information should not be prescriptive to suit each other’s taboos. There is a cultural war shaped by thinking that the way to prevent a weaponized war is to prevent your enemies from distributing or acquiring information which may become entrenched in populations. One such war is between China and the USA and is an expansion of old differences which have included Huawei and now Tik Tok. Although the ban may apply only to the USA, you can be certain that demands will be forthcoming that USA allies also implement the ban for so-called security reasons.
Anytime the word security is used, other countries connected by trade generally are expected to comply within the restrictions imposed. While security concerns may exist because the app is controlled by the Chinese government, in the end this seems to be more of a dance of giants to see who outlasts and steals more from the other. The USA is about to embark on four years of Donald Trump with many predicting uncertainty in actions arising out of Trump’s office, which will be a daily occurrence.
Milenio has already opined on the uncertainties and realities that the world may face, but the rollercoaster ride may be much worse than expected in relation to world policies.
We should all be prepared for the unexpected as currently the USA is a political basket case, and the bottom could be about to fall off with the weight of corruptive measures. This ban, if implemented, could heighten tensions between the US and China, influencing diplomatic relations. This action could set a precedent of fragmentation of the global internet and affect international trade relations; highlighting broader issues of digital sovereignty and the regulation of tech companies, which raises questions about how countries can protect their citizens’ data while balancing openness in the digital world.
The propagation of isolationism related to social media platforms, which has partially occurred in Canada, does not serve the purpose of protecting citizens because we do not live in isolated domes. It would appear to me that we are entering an era of intellectual wars where governments will try to tell us what’s best for us.
Let freedom of our words be our principle guide to understand what’s best for us and not allow social autocrats to guide our integrity doctrines.
Words have power.
Manuel DaCosta/MS
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