Editorial

O Magalhães também saiu de casa!

milenio stadium - Magellan-Illustration-final

Acordei com o cheiro de água salgada nas minhas narinas, de tanto pensar sobre como chegámos aqui. O Dia de Ação de Graças traz mensagens de todos os cantos, para coisas que deveriam ser feitas todos os dias. Mais uma vez, esqueci-me de agradecer a mim próprio. Será que deveria? Os humores, a cadeia de raciocínio e os maus hábitos entram no complexo mundo dos nossos cérebros quando se questiona a deferência positiva da palmada nas costas quando as células nervosas de 90 BN entram no modo de IA, reunindo os dados necessários para garantir que entendemos por que os agradecimentos são necessários.

Este ano o dia da Ação de Graças aconteceu no mesmo dia mundial da Saúde Mental, trazendo reflexões sobre o nosso papel e da rota caminhada para chegarmos aqui. Não estou a sugerir que as incapacidades provocadas pelo envelhecimento estejam a ter algum efeito peculiar no meu cérebro, mas o aroma do mar salgado que emana das ondas do mar, leva-me sempre de volta para traçar certos passos que impactaram a vida no passado e que irão impactar no futuro. A hipótese do que tem sido a razão de ser da minha vida foi rejuvenescida por aquela que me deu à luz, durante um recente almoço em família, quando aos 91 anos ela disse: “Agora que estou a ficar velha devo ter mais cuidado com o que coloco no meu corpo.” A ideia de que se vê como um ponto de partida de um plano para um melhor autocuidado provocou-me um milhão de pensamentos e perguntas sobre a interrupção dos meus comportamentos e o seu efeito na forma como vivo e naquilo que faço. Os resultados da auditoria divulgaram um modo de vida de processos insatisfeitos com base no bem-estar de outra pessoa e não no meu. A procura de gratificação para agradar os outros consome todo o prazer que lhe pertence a si e apenas a si.
Estes pensamentos ressurgiram à medida que se constrói o caminho para o Magellan Community Charities. Pode não parecer que existe uma ligação com as minhas palavras, mas há uma necessidade social comum da qual todos nós devemos participar. O edifício previsto é uma casa, independente de quem ou para quem, é um lar para quem precisa de um abrigo onde cuidadores misericordiosos possam suprir necessidades não disponíveis por motivos culturais, o que traz de volta o caminho da nossa história pessoal. O processo de pensamento que os neurónios do meu cérebro tentam raciocinar é o motivo pelo qual dediquei 15 anos da minha vida para construir um lar para alguém que nem conheço. O tamanho da minha alma não tem respostas a não ser a grandiosidade da palavra compaixão, a nobreza da responsabilidade e a magnificência de uma comunidade cultural a unir-se para engrandecer e honrar aqueles que precisam da nossa generosidade. Os desafios em comunidades abstratas como aquela com a qual me identifico, continuam a ser muitos. O retrocesso do interesse pela construção da comunidade está vivo e bem de saúde na sociedade lusa e é um exemplo do decrescimento intelectual ainda a ser adotado por muitos que menosprezam os esforços dos outros. Claro, existem heróis visionários que providenciam os fundos que dão esperança àqueles que têm a visão de que tudo é possível. Em qualquer organização, como o Magellan, os voluntários são o coração no caminho da criação da casa Magellan. Cada um a dar de acordo com a sua capacidade, apesar de todos os desafios, físicos e mentais, que levam anos de trabalho árduo para chegar ao fim do caminho. Essa dificuldade constante cobra um preço pessoal e os voluntários mudam.

A maior adversidade é entender aqueles que estão à margem que parecem se sentir-se recompensados em diminuir o trabalho árduo feito pelos outros. Centenas de milhares de portugueses levantam-se e trabalham arduamente todos os dias. Você merece ser representado por pessoas que não se satisfazem a si próprios, e reinvestem em projetos com propósito nas suas comunidades. Todos são bem-vindos/as para construir o Magellan, e os heróis iniciais que assumiram as tarefas de voluntariado devem ser elogiados. O edifício ainda não está construído. Ainda há muito trabalho por fazer, portanto sentar-se à margem da ação não é uma opção. Para aqueles que esperam o falhanço em vez do sucesso, falem com os vossos neurónios, talvez eles vos digam que a perda pertence a todos nós e que precisamos de todos para sermos bem-sucedidos.

E assim… à medida que as minhas narinas se enchem com o prazer das partículas salgadas de outra onda, que recua sem rumo, caminho em direção a uma casa a ser construída segundo as especificações de quem tem coragem, compaixão e esperança.

Manuel DaCosta/MS

 


Editorial in english

Magellan Left Home Too!

Woke up with the smell of fresh salt water in my nostrils, thinking about what got me here. Thanksgiving brings messages from all corners, for things which should be done every day. Once again forgot to thank myself. Should I? Moods, chains of reasoning and good and bad habits enter the complex world of our brain when you question the deference of positive back slapping as 90 BN nerve cells go into AI mode, gathering the necessary data to ensure we understand why thanks are necessary.

Thanksgiving which this year occurred on World Mental Health Day, brings about reflections about our role and the road map which was used to get there. Not suggesting that incapacities brought about by aging are having any peculiar effect on my brain but the aroma of the salty air emanating from ocean waves always takes me back to trace certain steps which have impacted life in the past and will in the future. Hypothesis of what has been the rationale for my life was rejuvenated by the one that gave birth to me, during a recent family lunch when at 91 she said, “Now that I’m getting old, I should watch what I put in my body”. The premise that she sees herself as a starting point of a plan for better self-care infused a million thoughts and questions about the interpolation of my behaviours and their effect on how I live and what I do. The results of the audit revealed a way of life of unsatisfied processes based on someone else’s well-being and none for me. The pursuit of gratification to please others consumes all pleasure that belongs to you and you alone.

These thoughts were brought about as the path to build Magellan Community Charities continues. There may not appear to be a connection in my words, but there is a relation to an overall societal need that all of us should participate in. The building being contemplated is a home, regardless of or for whom, it’s a home for someone who needs a home where compassionate caregivers can provide needs not available because of cultural needs, which brings back the path from our personal history. The thought process which the neurons of my brain attempt to reason is why I have dedicated 15 years of my life to build a home for someone you don’t even know. The expansiveness of my soul has no answers except that the grandiosity of the word compassion, the nobility of responsibility and the magnificence of a cultural community coming together to elevate and honour those who need our generosity. The challenges in abstract communities such as the one I identify with, continue to be many. The retrocession of interest in community building is alive and well within the Luso society and is an example of intellectual diminution still being adopted by many who depreciate others’ efforts. Of course, there are visionary heroes who provided funds which give hope to those who retain a view that anything is possible. In any organization such as Magellan, volunteers are at the heart of the path to create the Magellan Home. Each giving according to their capacity despite all the challenges, mental and physical which take years of hard work to reach the end of a path. This constant hardship to completion takes a personal toll and volunteers change. The biggest adversity is to understand those on the sidelines who appear gratified to diminish the hard work that others do. Hundreds of thousands of Portuguese get up and work hard every day. You deserve to be represented by people who are not self-gratifiers but instead should reinvest in purposeful projects in your communities. All are welcome to build Magellan, and the initial heroes who took on the volunteering tasks are to be commended. The building is still not built. Much work still needs to be done, so sitting on the sidelines is not an option. To those who wish failure instead of success, should speak to your neurons, they may tell you that losses belong to all of us, and we need all of you to succeed.

And so…as my nostrils fill with the pleasure of salty particles provided by another wave, which retreats aimlessly, I walk towards a home to be built according to the specifications of those who have courage, compassion, and hope.

Manuel DaCosta/MS

Redes Sociais - Comentários

Artigos relacionados

Não perca também
Close
Back to top button

 

O Facebook/Instagram bloqueou os orgão de comunicação social no Canadá.

Quer receber a edição semanal e as newsletters editoriais no seu e-mail?

 

Mais próximo. Mais dinâmico. Mais atual.
www.mileniostadium.com
O mesmo de sempre, mas melhor!

 

SUBSCREVER