Editorial

“Não se pode consertar a estupidez” – Carlos Costa

“Já chega. Vão para casa e fiquem em casa” – Justin Trudeau, 23 de março, 2020

Quão clara tem de ser a mensagem para fazer as pessoas entenderem a sua obrigação? O vírus criou uma doença com o nome de “síndrome do cérebro cheio” que causa a invasão da idiotice nos nossos corpos e tem como consequência estupidez e ignorância. Veja Portugal como um exemplo deste transtorno. Na edição do Milénio Stadium da semana passada, sugeriu-se que o mundo se transformou numa prisão. Neste momento, estamos numa instituição de segurança média à qual chamamos de casa e o nosso guarda é o medo do desconhecido que nos rodeia. As compras movidas pelo pânico não ajudam a situação e as lojas gananciosas que deveriam ajudar, aumentam os preços, prejudicando uma população que já está a sofrer com as consequências da pandemia.

O editorial desta semana foca-se na interação humana e na nossa humanidade perante os outros. No domingo de manhã, um passeio pelo High Park mostrou-se como um momento de educação daquele que é o novo comportamento normal das pessoas. A maioria respeitava o espaço de separação entre uns e outros e estavam felizes por estar na rua. Do outro lado deste comportamento, evidenciava-se a falta de sorrisos, o ar deprimido uns para os outros, como se cada um de nós fosse um potencial inimigo pela capacidade de propagar o vírus. O ambiente de solidão e desespero, de vozes em tom baixo, vindas de humanos que ainda há pouco tempo eram pessoas felizes. Graças a Deus que levaram os cães a passear, providenciando uma fonte de normalidade com as suas caras felizes e caudas a abanar.

Não existem dúvidas que este vírus único que afetou o mundo está a testar relações e a evidenciar traços de cada um de nós que desconhecíamos. O confinamento dos nossos corpos e mente, contra a nossa vontade, resulta numa rebeldia contra nós próprios exibida através de comportamentos como consumo excessivo de álcool, o consumo de comida, violência doméstica e abuso infantil, assim como a negligência de pessoas em risco. Enfrentamos um momento de sacrifício e controlo, principalmente na forma como vemos as pessoas na sociedade que não conseguem tomar conta de si próprias e estão em perigo. Não podemos controlar a “estupidez”, mas podemos responsabilizar-nos e aqueles que nos rodeiam.

Lembre-se “quem olha para fora sonha, quem olha para dentro acorda”. Olhe para si mesmo e veja o que pode fazer pela sociedade e pelos indivíduos que lhe são próximos. Os encargos mentais e financeiros irão continuar a testar-nos diariamente. Como lidamos com a procura de um “novo eu”, determinará como sobreviveremos a esta pandemia.

Não há muito tempo atrás tudo parecia normal, agora temos de nos agarrar ao que temos. O desespero não resolve as contradições da vida e apesar de os sonhos parecerem dissipar-se, não desista. Tal como a música diz “prometeste-me o céu, e colocaste-me no inferno”. Essa é a vida agora, quer queiramos ou não.

Não deixe que o Trudeau o volte a repreender. Aceite a sua responsabilidade.

Editorial in english

“Can’t Fix Stupid” – Carlos Costa

“Enough is enough. Go home and stay home” – Justin Trudeau, March 23, 2020

How much clearer should a message be to get people to understand this obligation? The virus has created a disease called “thick brain syndrome” which causes foolishness to invade our bodies and causes stupidity and ignorance. Look at Portugal as an example of this disorder. In last week’s Milenio Stadium it was suggested that the world has become a prison. We are now in a medium security institution which we now call home and our guard is the fear of the unknown that surrounds us at every turn. Panic buying by many is not helping the situation and greedy stores who should be helping the cause are increasing prices hurting a population already suffering the consequences of this pandemic.

This week’s editorial will focus on human interaction and our humanity towards each other. Taking a walk at High Park on Sunday morning was an education on the new normal of behavior of people with each other. Most were respecting each other’s space separation and happy to be outside of it.  On the other side of the behavior were the lack of smiles, depressive looks towards each other as if each of us were an enemy potentially spreading the virus. The air of loneliness and desperation of low speaking voices from humans who not long ago were happy people. Thank God for the dogs being walked who provided a source of normalcy with their happy faces and dancing tails.

There’s no doubt that this unique worldwide pathogen is testing relationships and showing each of us traits which weren’t revealed before. Confinement of our bodies and minds against our will result in a rebellion against ourselves exhibiting itself by excessive behaviours by such as exaggerated drinking, eating, domestic violence and child abuse as well as neglect of at risk people. It’s a time for sacrifice and control particularly on how we view the people in society who cannot look after themselves and who will at some point be imperiled. We cannot control “stupid”, but we can take responsibility for ourselves and those around us.

Remember “who looks outside dreams, who looks inside awakens”. Look inside and see what you can do for society and for the individuals near you. Mental and financial burdens will continue to test us each day. How we deal with our search of a “new you”, will determine how we survive this pandemic.

Once upon a time not so long ago all seemed normal, now we’ve got to hold on to what we’ve got. Desperation won’t resolve any of the contradictions of life and while dreams seem to be running away don’t give up. As the song goes “you promised me heaven, then put me through hell”. That’s life right now whether we like it or not.

Don’t let Trudeau reprimand you again. Accept your responsibility.

Manuel DaCosta/MS

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