Editorial

É triste ser feliz

 

Mental health-PORT-Stella Jurgen

 

A procura constante pela felicidade normalmente conduz à desilusão, não existe tal coisa como um estado de espírito feliz.

Recentemente, o inverso da felicidade tem estado na mente das pessoas como se uma epidemia de problemas de saúde mental agarrasse incessantemente as manchetes dos meios de comunicação. Nunca a sociedade teve tantos afetados pelo impacto psicológico que esta doença cerebral está a causar. Com base em estudos recentes, pode-se afirmar com convicção que a saúde mental é a maior causa de doenças no mundo atual. Muitos culparão a Covid pelo impacto acelerado da depressão, ansiedade e outros sintomas que nos roubam a nossa paz de espírito e os prazeres da vida. Embora a Covid pareça ter contribuído para a causa raiz do problema, parece que elementos dos problemas mentais já existiam muito tempo antes da pandemia, afetando particularmente a “Geração Z”, com idades entre 15 e 24 anos. Na Europa, um em cada cinco “Gen Z” estão atualmente a evidenciar sintomas da doença e, no Norte da América, um em cada quatro. Em 2019, apenas nos Estados Unidos, ocorreram 40,000 suicídios e 70,000 overdoses. Estes dados podem ser transpostos para o Canadá através da percentagem de população. Embora a Covid amplifique todos os tipos de doenças e outros problemas relacionados, deve-se levantar a questão sobre o motivo por que tantos jovens baixaram o seu estado mental para níveis epidémicos. Muitos insinuariam que o nosso amor pela tecnologia e, particularmente, pelas redes sociais, pode ser o culpado na ascensão desta propagação mundial da doença. Jovens socialmente depressivos vindos de meios pobres parecem sofrer mais do que qualquer outro grupo. Estudos indicam que a “Geração Z” está a sofrer cinco vezes mais do que os Baby Boomers. Estima-se que os distúrbios musculoesqueléticos e problemas de saúde mental aumentem 20% até 2040. Esses jovens são o futuro da sociedade, então como é que o mundo lidará com esta perspetiva de problemas de saúde tão extensos que devem proporcionar a maior recessão económica para a economia até 2040?

Diante perspetivas tão desastrosas, o que é que a sociedade deveria estar a fazer para nos salvarmos de nós mesmos? Está comprovado que quanto menos tempo passarmos em frente a ecrãs de entretenimento e de redes sociais, os nossos problemas de saúde mental diminuem. As terapias focadas em lidar com saúde mental estão disponíveis, mas geralmente, não estão acessíveis aos mais pobres e desprivilegiados. Esta deveria ser uma prioridade para o governo. A atividade física e a interação social com outros são essenciais para se lidar com estas doenças.

As redes sociais são um míssil que procura o coração e ataca as nossas vulnerabilidades. O Facebook e todas as outras plataformas de redes sociais foram desenhadas para controlar as nossas mentes. Cada dia que as abraçamos, maior é o controlo que têm nas nossas vidas. Hoje, as nossas mentes são controladas por robots que sabem aquilo que gostamos de comer, de vestir, e as nossas rotinas diárias. Utilizam essa informação para nos manipular ao ponto de ser pior do que usar drogas e álcool. A arquitetura da mente das gerações mais jovens está a ser reprogramada a um ponto sem retorno e o frankensteinismo assumirá um nível nunca experienciado. Se existe um comprimido mágico para reverter esta tendência, o Google certificar-se-á que nunca chegará até si. É assim que estas empresas operam. Passamos demasiado tempo presos nas nossas cabeças, e não nos nossos corpos, resultando num estado mental de estupor.

Parece que para muitos as mentes estão muito longe da realidade quando olhamos para estas estatísticas. Os psicólogos sugerem que estamos até com medo de nos olharmos ao espelho porque podemos reconhecer-nos. Onde está a sociedade afetuosa que as redes sociais iam criar ao conectarem milhões de pessoas que partilham interesses? Onde estão os nossos líderes que é suposto protegerem-nos dos efeitos manipuladores das redes sociais? A crise irá piorar muito mais e a criminalidade aumentará. Podemos ver isso a desenvolver-se nas nossas crianças que já não possuem resiliência psicológica, coragem e um pensamento independente. A maioria das pessoas vive de acordo com o marketing criado pelas Kardashians.

Precisamos de felicidade a toda a hora? Não. Ser feliz é experienciar o prazer e a dor das nossa vidas. A realidade é que somos humanos e vamo-nos comportar como os influencers querem que nos comportemos. A felicidade e o prazer são sobrestimados. As lutas da vida sentidas em tempo real, com pessoas reais, fornecem uma janela para o mundo que talvez possamos sobreviver. Se ao menos pudéssemos entrar no cérebro das pessoas, dar-lhes uma sacudidela e uma dose de realidade.

 


 

Mental health-ENG-Stella Jurgen

 

Editorial in english

It’s sad being happy

The constant search for happiness usually leads to disappointment because there is no such thing as a blissful state of mind.

Recently the inverse of happiness has been in people’s minds as an epidemic of mental health issues continually grabs the media headlines. At no time in society have so many been affected by the psychological impact that this cerebral disease is causing. Based on recent studies, it can be said with certainty that mental health is the largest cause of disease in the world today. Many will blame covid for the accelerated impact of depression, anxiety and other symptoms that take away our peace of mind and the pleasure of life. While covid appears to have contributed to the root cause of the problem, it would appear that elements of mentalism have been around well before the pandemic, particularly afflicting the “Gen Z” generations which are aged between 15 and 24 years of age. One in five “Gen Z” are currently reporting symptoms of the disease in Europe and one in four in North America. In 2019 there were 40,000 suicides and 70,000 overdoses in the United States alone. This data can be transposed to Canada by means of percentage of the population. While covid amplified all types of diseases and other related issues, the question has to be asked as to the reasoning behind why so many young people having lowered their mental state to these epidemic levels. Many would suggest that our love of technology and particularly social media may be the culprits in the ascension of this worldwide spread of the disease. Socially depressive young people coming from poor backgrounds appear to suffer more than any other group. Studies indicate that “Gen Z” are suffering five times more than Baby Boomers. Musculoskeletal disorders and mental health issues are expected to rise 20% by 2040. These young people are the future of society, so how will the world manage on the prospect of such extensive health issues which are expected to provide the biggest economic downturn for the economy by 2040?

When faced with such calamitous prospects, what should society be doing to save us from ourselves? It has been proven that the less time we spend in front of entertainment and social media screens, mental health issues will decrease. Therapies that are focused on dealing with mental health are available but generally not provided to the poor and disenfranchised. This should be a priority for the government. Physical activity and social interaction with others is essential in dealing with these diseases.

Social media is a heart seeking missile that attacks our vulnerabilities. Facebook and all other social media platforms were designed to control our minds. Each day we embrace it, the more control they have over our lives. Our minds today are controlled by robots who know what we like to eat, dress, and our daily routines. They take the information to manipulate us to the point that it’s worse than using drugs or alcohol. The mind’s architecture of younger generations is being reprogramed to the point of no return and frankensteinism will take over on a level never before experienced. If there is a magic pill to reverse this trend, Google would ensure it would never get to you. That’s how these companies operate. We spend too much time stuck in our heads and not in our bodies, resulting in a stuporous state of mind.

It would appear that for many the minds are too far gone when we look at the statistics. Psychologists suggest that we are even afraid to look in a mirror because we may recognize ourselves. Where is the caring society that social media was to create by connecting millions of people with shared interests? Where are our leaders who are supposed to protect us from the manipulative effects of social media? This crisis is going to get much worse and criminality will rise accordingly. We can see it developing in our children who no longer possess the psychological resilience, grit and to think independently. Most people are living according to the marketing that Kardashianism brings about.

Do we need happiness all the time? No. Being happy is to experience the pleasure and pain of our lives. The reality is that we are humans and are going to behave as the influencers want us to. Happiness and pleasure are overrated. The struggles of life lived in real time with real people provide a window to the world which maybe we can survive. If only we could get into people’s brains and give them a shake and a dose of reality.

Manuel DaCosta/MS

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