EditorialBlog

É sobre armas ou pessoas?

 

milenio stadium - editorial

Desde a invenção da pólvora, as armas de fogo têm sido a arma de escolha de milhões de pessoas. Parece que todos os indivíduos que utilizam armas têm uma justificação para a sua necessidade e para o motivo que leva ao seu uso. O mundo está numa encruzilhada. A violência é agora uma norma aceite, que parece não agitar a nossa consciência a não ser que sejamos esbofeteados com a realidade de um massacre como aconteceu na Escola Robb Elementary, em Uvalve, no Texas ou com a ação de Alexander Bissonnette que matou seis pessoas numa mesquita na cidade de Québec.

Uma vez uma escolha, em breve uma necessidade, a consciência social chegou para ficar. Contudo, se dependermos da consciência social para ditar a forma como reagimos a tiroteios em massa e acabarmos por ver a arma como a causa, então nunca impediremos uma morte evitável. Apesar de serem as armas um dos objetos mais utilizados para matar, ainda é necessário que alguém prima o gatilho. Muitas vezes, falamos de impedir que uma pessoa tenha acesso a uma arma como forma de prevenir assassinatos, mas se recuarmos na história recente, palavras como Columbine, Parkland e Sandy Hook ficaram gravadas nos nossos cérebros e pelas razões erradas, que juntamente com Uvalve compõe uma narrativa que delineia tudo o que está de errado nos EUA.

Durante a sua visita a Uvalve, o Presidente Biden sugeriu que não se podem banir as tragédias, mas que podemos tornar a América mais segura. Com 400 milhões de armas de fogo nas mãos dos americanos e com 40 milhões compradas desde o início da pandemia, torna-se complicado imaginar como se pode ter uma América segura. O colapso da lei e da ordem incentiva as pessoas a comprarem ainda mais armas, resultando em mais tragédias diárias. Este ano já ocorreram 31 tiroteios em massa e a reforma da Segunda Emenda para iniciar uma mudança constitucional não acontecerá devido à postura política de diferentes partidos em cada estado americano.

O Canadá vai implementar novas leis e reformas, mas tal como nos EUA, não farão qualquer diferença, porque nenhuma reforma será capaz de identificar quem é perigoso e recorre a uma arma. As estatísticas de pessoas mortas por uma arma de fogo não identificam as centenas de milhares de lesões traumáticas em pessoas cujas vidas mudaram para sempre, o que também é uma tragédia.

Toda a gente grita por mudança, mas ninguém tem coragem de fazer a mudança. Hoje em dia é mais fácil possuir uma arma do que um cão. Não vão ser os lobistas de armas que vão mudar a legislação para o controlo de armas, serão os legisladores que elegemos, mas que não têm a bravura de fazer alguma coisa para não perderem votos.

A América é um país excecional, só que o seu excecionalismo resulta nas piores qualidades possíveis. Racismo, misogamia, assassinatos, a cultura woke, desigualdade e um sistema político débil criam obstáculos onde a terra dos livres gera indivíduos que estão fora do governo da sociedade legal e, anualmente, muitos tornam-se monstros. Isto não serve para isolar os EUA como sendo os únicos responsáveis pelas condições relacionadas com atitudes que conduzem a massacres, apenas parece que ocorre mais frequentemente neste país. Alguém disse que “escravizando a liberdade de apenas um individuo, as liberdades do mundo são postas em perigo.” O assassino de 18 anos do Texas parecia normal, exceto que não era. A questão é por que escolheu a opção de matar. Certamente que ele não foi o único cobarde. Os cobardes foram também os policias que permitiram que um assassino estivesse com aquelas crianças por mais de uma hora, e as suas ações têm de ser avaliadas. As pessoas não nascem como assassinos; são uma criação das suas experiências de vida que os levam a passar a linha. 25% das crianças americanas estão em ambientes familiares monoparentais e está comprovado que a falta de uma figura paternal na vida de uma criança, associada à pobreza e à falta de acesso à educação, contribui para que rapazes perdidos se tornem homens perdidos. Crianças com mais de 2 anos estão agora a ser preparadas para lidar com violência armada em creches, escolas, etc. Como é que alguém pode sobreviver ao medo que um treino destes, em tão tenra idade, traz para a sociedade para o resto da vida? É um absurdo, mas um conceito real onde as gerações mais jovens são impedidas de crescer com normalidade. No futuro, a única forma de lidar com assassinatos é lidar com assassinos antes de matarem, ao implementar condições para um crescimento normal, particularmente no que diz respeito à sua saúde mental. Deveria ser obrigatório existirem cursos para lidar com este problema nas escolas, como uma componente critica do seu currículo. A nossa sociedade está à deriva, devido à inação política e burocrática. Está na altura de mudar. “Já se tentou o possível e falhou, agora está na altura de tentar o impossível” Sun Rae.

Manuel DaCosta/MS


 

milenio stadium - editorial

 

Version in english

Is it About Guns or People?

Guns have been weapons of choice for millions of people since the invention of gunpowder. The people that use guns all appear to have a justification why they need them and why they were used. The world is at a crossroads. Violence is now an accepted norm that doesn’t seem to move our consciousness unless we are slapped in the face with the reality of a massacre such as at Robb Elementary School in Uvalde, Texas or Alexander Bissonnette killing 6 people in a mosque in Quebec City.

Once a choice, soon a necessity, social consciousness is here to stay. But if we need social consciousness to dictate how we react to these mass shootings and end up looking at the causation being a gun, then we will never avert one preventable death. While guns are the things mostly used to kill, they need someone to pull the trigger. Often, we speak of preventing people from getting a gun thus preventing killings, but if we go back in recent history words such as Columbine, Parkland and Sandy Hook have become ingrained in our brains all for the wrong reasons, which together with Uvalde compose a narrative outlining all which is wrong with the USA.
During his visit to Uvalde, President Biden suggested that tragedies cannot be outlawed but we can make America safer. With 400 million firearms in the hands of Americans and with 40 million purchased since the beginning of the pandemic, it’s complicated to see how you can make America safe.

The breakdown of law and order is incentivizing people to purchase more guns, resulting in more daily tragedies. Already 31 mass shootings have occurred this year and reforms to the second amendment to initiate constitutional change will not happen because of political posturism by different political parties in each of the states of America.

Canada is implementing new laws and reforms but like in the USA, they will not make any difference, because no reform will be able to identify who will be dangerous and use a gun. The statistics of gun killing don’t identify the 100’s of thousands of traumatic injuries to people whose lives are forever changed, which is also a tragedy.
Everyone screams for change, but no one has the guts to make change. Today it’s easier to own a gun than it is to own a dog. It will not be the gun lobbyists who are going to change legislation for gun control, but legislators that we elect but don’t have the cohones to do anything so not to lose votes.

America is an exceptional country except that its exceptionalism results in the worst qualities possible. Racism, misogamy, murder, wokism, inequality plus a broken political system creates obstacles where the land of the free conceives individuals which fall outside of the realm of lawful society and many each year become monsters. This is not to isolate the USA as being singularly responsible for attitudinal conditions from which massacres occur, it just appears it happens more often in this country.

Someone said that “enslaving the liberty of but one human being, the liberties of the world are put in peril.” The 18-year old killer in Texas appeared normal, except he wasn’t. The question is why he chose the option to kill. He certainly wasn’t the only coward in this incident. The cowards were also the police officers that allowed the killer to be with those children for over one hour and their actions will need to be reviewed. People are not born murderers; they are a creation of life experiences which lead them to cross the line. 25% of children in America are in single-parent households and it’s been proven that the absence of a father figure in a child’s life, combined with poverty and lack of education contributes to lost boys becoming lost men. Children from the age of 2 are now being prepared to deal with gun violence at daycares, schools, etc. How can anyone survive the fear that the training at such young age brings to society for a lifetime? It’s an absurdity but a real concept where younger generations are not allowed to grow normally.

The only way to deal with killings in the future is to deal with the killers before they murder by implementing conditions for normal growth, particularly when it comes to mental health. Schools should be mandated to have courses to deal with this issue as a critical component of their curriculum. Our society has become lost because of political and bureaucratic inaction. Time for a change. “The possible has been tried and failed, now it’s time to try the impossible” Sun Rae.

Manuel DaCosta/MS

Redes Sociais - Comentários

Artigos relacionados

Back to top button

 

O Facebook/Instagram bloqueou os orgão de comunicação social no Canadá.

Quer receber a edição semanal e as newsletters editoriais no seu e-mail?

 

Mais próximo. Mais dinâmico. Mais atual.
www.mileniostadium.com
O mesmo de sempre, mas melhor!

 

SUBSCREVER