Editorial

Cuidar é Viver – Luso Charities

A Community by Manuel DaCosta

A sociedade só pode ser mais humana se houver pessoas que cuidam umas das outras. À medida que criamos a nossa bolha, rodeada por aqueles que consideramos importantes nas nossas vidas, esquecemo-nos muitas vezes de que a sociedade é muito maior do que os milhões de círculos que abrigam a ignorância em relação aos que necessitam. Desde os lares individuais até às instituições, cuidar dos outros é algo que acontece todos os dias. Podemos discutir o grau de responsabilidade que cada um deve assumir, mas, no fim, a questão essencial é se vivemos uma vida ignorando que a comunidade e a sua boa governação dependem de uma combinação de recursos humanos cujo denominador comum é a humanidade, a empatia e a compaixão por aqueles que não se conseguem ajudar a si próprios.

Uma organização que, há muitos anos, tem abraçado esta humanidade é a Luso Canadian Charitable Society. Sob a liderança visionária de Jack Prazeres e com o apoio de muitos voluntários, a organização continua a prosperar, oferecendo benevolência e cuidado a muitos que vivem em situação de dependência. A Luso Charities não é um edifício ou um conjunto de edifícios, mas sim um porto seguro que oferece um espaço de alívio temporário aos pais cujos filhos e filhas não foram agraciados com todas as capacidades normais da vida. A Luso Charities abre as suas portas para permitir que esses pais encontrem algum descanso e recarreguem forças para poderem recomeçar no dia seguinte. Aqueles que consideram o corpo e a alma “normais” dificilmente conseguem compreender os desafios enfrentados por famílias que cuidam de alguém todos os dias.

Perante isto, o que podemos fazer para aliviar o fardo que cada cuidador carrega? É certo que a Luso Charities oferece um alívio temporário diário para atenuar a dor, mas, enquanto indivíduos, também nós carregamos uma responsabilidade. O peso e os desafios do dia a dia afetam-nos a todos, mas existe uma responsabilidade que todos assumimos desde o nascimento: cuidar uns dos outros.

Cuidar de alguém que não se pode cuidar a si próprio envolve uma multiplicidade de exigências emocionais, físicas e financeiras. Podemos assumir que a Luso consegue atenuar os dois primeiros desafios com bondade e coração, mas os encargos financeiros são uma barreira difícil de ultrapassar. As necessidades financeiras contínuas para cuidar de alguém com uma deficiência grave ou doença incapacitante podem ser devastadoras tanto para o cuidador como para as próprias instituições, como a Luso. Os custos com cuidados médicos, equipamentos especiais e pessoal qualificado representam uma pressão financeira significativa. A ajuda governamental é insuficiente, obrigando organizações como a Luso a sustentarem-se através da generosidade e solidariedade das comunidades.

É aqui que entramos nós, enquanto cidadãos e membros dessa comunidade, com o dever de apoiar as carências financeiras desta e de outras instituições. Sim, há muitos a pedir ajuda, mas devemos avaliar com bom senso onde as necessidades são mais urgentes e agir em conformidade. Existem muitas organizações culturais na comunidade portuguesa, com diferentes missões que contribuem para o enriquecimento cultural e cívico da mesma. Mas talvez, de vez em quando, pudéssemos abdicar de um baile e contribuir para organizações cujos membros não podem dançar, comer sozinhos, tomar banho sem ajuda ou preservar a sua intimidade nos momentos mais privados. Renuncie a uma dança para que alguém possa esboçar um sorriso.

Cuidar de alguém que não se pode cuidar a si próprio é um papel complexo e exigente, que requer recursos emocionais, físicos e financeiros significativos. Acorde amanhã e decida que será o dia em que pretende enxugar as lágrimas de alguém.

Cuidar é viver.

Manuel DaCosta/MS


Editorial in English

Caring is Life- Luso Charities

Society can only be more humane if there are people who care for one another. As we create our bubble of life encircled by those who we feel are important to our lives, we often forget that society is much larger than the million bubbles housing the ignorance about those in need. From individual homes to institutions caring for others goes on every day. We can be specific about what level of responsibility should be adopted but in the end, the concern is if we live a life ignoring that community and  responsible governance is dependent on a combination of humane resources where the commonality is humanity, empathy and compassion for those who cannot help themselves. One organization that for many years has embraced the humanity of life is Luso Canadian Charitable Society. Under the visionary leadership of Mr. Jack Prazeres and its many volunteers, the organization continues to flourish by providing benevolence in caring for many whose lives depend on others. Luso Charities is not a building or a combination of buildings but a safe harbour that provides temporary breathing space for those parents whose sons and daughters were not graced with all the normal abilities of life. Luso Charities opens its doors to allow the parents a relief so they can go on with the strength necessary to do it again tomorrow. Those of us who think of our bodies and souls as normal, cannot understand the challenges which confront families who care for someone every day.

Considering this, what should we do to ease the burden carried by each caregiver? Yes, Luso Charities will provide a temporary respite each day to ease the pain but as individuals we also carry a responsibility. The burden and challenges of living each day affects us all but there is a responsibility which we each assumed when we were born about taking care of one another. Challenges of caring for someone who cannot be themselves present as a myriad of demands that can be emotionally, physically and financially challenging. Let’s assume that Luso can remedy the first two challenges with kindness and heart, but the financial burdens involved cannot be overcome. Continued financial needs to care for someone with a severe disability or illness can be financially draining for both the caregiver and institutions such as Luso. The costs of medical care, special equipment and labour causes significant financial stress and help from the government is inadequate, forcing organizations like Luso to be self-supportive and dependent on the kindness of communities to help its sustainability. And this is where we come in as citizens who belong to the community as an answer to support the financial shortfalls of this organization and others. Yes, there are many who are asking for help, but let’s judge judiciously where the demands are the greatest and react accordingly. There are many cultural organizations in the Portuguese community with varied mandates to elevate the community, culturally and civilly, but maybe once in a while we could give up on a dance and contribute to organizations whose members can’t dance, eat on their own, need assistance to take a bath and have no bodily privacy for the most private moments. Give up your dance so they can have a little smile.

Caring for someone who cannot care for themselves is a complex and demanding role that requires significant emotional, physical and financial resources. Wake up tomorrow and decide that it will be the day you intend to dry someone’s tears.

Caring is life.

Manuel DaCosta/MS

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