Estávamos em pleno outono de 55 em Portugal quando, num dia comum como tantos outros, nasceu uma criança na miséria dos tempos, num chão de terra, num quarto aquecido com a respiração dos animais e com um tronco na lareira. Porque é que uma mulher traria um filho ao mundo nestas condições? Possivelmente, porque um homem decidiu satisfazer as suas necessidades viris, sem considerar as consequências impostas à mulher. Esta história poderia ser repetida milhões de vezes, tendo em conta que os portadores de crianças satisfazem a chamada da natureza para procriar. Depois espera-se que as mulheres trabalhem, façam e façam sem questionar e, independentemente das circunstâncias, os olhos amorosos da nutridora continuam a lançar a luz de amor e entusiasmo pelo milagre que lhes saiu do corpo.
A pandemia da Covid mudou para sempre o mundo da mulher e o seu estatuto, principalmente no mercado de trabalho. As forças desorientadoras estão a ser impostas nas suas vidas onde o equilíbrio entre trabalho, amor, crianças e família está a aprofundar as desigualdades pré-existentes e a expor as vulnerabilidades do sistema social, político e económico que, por sua vez, estão a amplificar os impactos da pandemia. Em todas as esferas, o impacto da Covid-19 é ampliado para as mulheres e meninas, em virtude do seu sexo. Geralmente ganham menos, poupam menos e têm empregos precários e muitas vivem no limiar da pobreza. Com as crianças fora da escola, o trabalho de cuidados, não remunerado, aumentou, e existem ainda maiores necessidades de apoios a idosos e os serviços de saúde estão sobrecarregados. A implementação de medidas de confinamento está a aumentar o isolamento social e violência baseada no género. Em casa, as mulheres desempenham a maioria do trabalho de cuidados, não remunerado, desvalorizado e, na sua maioria, invisível e muitas vezes ignorado por aqueles que elas cuidam e protegem. Além disso, embora as mulheres dominem as respostas da linha da frente durante a pandemia de Covid, não estão a ser incluídas no plano de recuperação.
Tendo em conta todas as implicações negativas que esta pandemia impôs às mulheres, como é que poderá ser adotada uma justiça e igualdade aparente por aqueles que estão à margem? Geralmente o mundo empresarial e o Governo são liderados por homens e apesar das pronúncias continuas sobre os méritos da adoção da igualdade de género, na maioria das vezes são mensagens vazias, desprovidas de resultados concretos. As mulheres estão a lidar com uma atmosfera de circo nas suas vidas, espera-se que trabalhem a partir de casa, o que está a causar obstáculos e nós continuamos a culpar a pandemia. Esta deixou de ser uma opção, pois os efeitos a longo-prazo terão consequências das quais demoraremos anos a recuperar.
O que é bom para a igualdade de género é bom para a economia e para a sociedade, mas quando consideramos o impacto da Covid no mercado de trabalho, as mulheres são 1.8 vezes mais vulneráveis do que os homens. Devido à colocação de um fardo adicional nas suas vidas, o futuro do mercado de trabalho para as mulheres é preocupante.
Joe Biden diz que qualquer trabalho que um homem desempenhe, uma mulher também o consegue fazer. É óbvio que esta declaração não é verdadeira e ele está simplesmente a ceder à retorica política. Os homens e as mulheres são diferentes e não existe nada que alguém possa fazer para mudar esse facto. Eu agradeço a Deus por isso e ao dizer isto Biden desvaloriza o valor da mulher.
As mulheres têm capacidade para amar, cuidar e visualizar o mundo de uma forma que os homens não conseguem. Como é que um homem pode sentir o mesmo amor por uma criança quando uma mulher sente a criança dentro do seu corpo? A verdadeira igualdade é baseada na perceção do seu valor, portanto está na altura de a sociedade reconhecer o verdadeiro valor do trabalho desempenhado pela mulher e não pela sua estatura na escada corporativa.
Ao ver mais uma mulher a enviar a sua criança pela fronteira dos Estados Unidos, só podemos imaginar o porquê e a tristeza que isso trará ao resto da sua vida. Todas as tempestades passarão e a igualdade orgástica deve ser ditada pela mulher. Abril é o mês do assédio sexual. Vamos refletir sobre todas as agressões sofridas em prol do controlo dos perpetuadores.
A feminilidade é vossa, independentemente do resto. “When I find myself in times of trouble, Mother Mary comes to me, speaking words of wisdom, let it be, and in my hour of darkness she is standing right in front of me…” – The Beatles
Manuel DaCosta/MS
Covid-Woman
It was the fall of 55 in Portugal when on another ordinary day a child is born into misery of the times on a dirt floor in a room heated by the breath of animals and a log on the fireplace. Why would a woman bring a child into the world under these conditions? Possibly because a man decided to satisfy his manly needs without consideration for the consequences thrust upon the woman. This story could be repeated millions of times as the carriers of children satisfy nature’s call to procreate. Then women are expected to work it, make it and do it without question and regardless of circumstances, but the loving eyes of the nurturer continues to shed the light of love and warmth upon the miracle that exited her body.
The Covid pandemic has forever changed the world of women and their status, particularly in the workforce. The disruptive forces being imposed on their lives where balancing work, love, children and family is deepening pre-existing inequalities and exposing vulnerabilities in social, political and economic systems, which are in turn amplifying the impacts of the pandemic. Across every sphere the impacts of Covid-19 are augmented for women and girls by virtue of their sex. They generally earn less, save less and hold insecure jobs with many living close to poverty. Unpaid care work has increased with children out of school, heightened care needs of older persons and overwhelmed health services. Social isolation measures and gender-based violence is increasing as the continuing lockdown measures are implemented. At home women perform the bulk of care work, unpaid, unappreciated and mostly invisible and often ignored by those they care for and protect. Also, while women are dominating the frontline responses to the Covid pandemic, they have not been included in the planning for recovery.
In view of all the negative implications that this pandemic has thrust upon women, how can a semblance of fairness and equality be adopted by those on the sidelines? The corporate world and governments are generally led by men and despite continuous pronunciations on the merits of adopting gender equalization, for the most part it’s hollow messaging devoid of substantive results. Women are dealing with a circus atmosphere in their lives, expected to work from home which is causing breakdowns and we continue to blame the pandemic. This is no longer an option as the long-term effects will have consequences, which will take years to recover from.
What is good for gender equality is good for the economy and society but when you consider that Covid’s impact on women’s jobs are 1.8 times more vulnerable than men’s, the future employment of women due to placement of additional burden in their lives is concerning.
Joe Biden says that any job a man can do a woman can also do it. Obviously this statement is not true and he is simply pandering to political rhetoric. Women and men are different and there is nothing anyone can do about this fact. I thank God for that and by saying it Biden diminishes a woman’s value.
Women have the capacity to love, nurture and visualize the world in a way men can’t. How can a man feel the same love for a child when a woman feels a child inside her body? Real equality is based on the perception of worth, therefore it’s time that society recognizes the true value of the work done by women wholly and not by their stature on the corporate ladder.
As I watch another mother send her child across the US border, one can only wonder why and the heartbreak that it may bring for the rest of her life. All storms will hopefully come to an end and orgasmic equality should be dictated by the woman. April is sexual assault month. Let’s reflect on all the assaults that have been endured for the purpose of control by the perpetrators.
Womanhood is yours, no matter what. “When I find myself in times of trouble, Mother Mary comes to me, speaking words of wisdom, let it be, and in my hour of darkness she is standing right in front of me…” – The Beatles.
Manuel DaCosta/MS
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