Depressa e bem
Costuma dizer-se que depressa e bem há pouco quem… mas Iúri Leitão é claramente exceção à regra.
O jovem atleta de 24 anos, natural de Viana do Castelo, encontra no rigor e na disciplina os seus maiores aliados para conseguir atingir a excelência: algo que já alcançou por duas vezes, ao sagrar-se campeão europeu de scratch. A primeira medalha de ouro foi conquistada em 2020, em Plovdiv, na Bulgária, e a mais recente nos Europeus multidesportos de Munique, na Alemanha. Antes, o corredor português já tinha sido medalha de prata em perseguição nos Mundiais, e vice-campeão mundial em 2021, em França, na especialidade de eliminação.
No passado mês de agosto, em Munique, Iúri não deu hipótese aos seus adversários, tendo conseguido duas voltas de avanço ao restante pelotão. Uma performance de alto nível só ao alcance dos melhores… e dos que trabalham e não desistem até alcançarem a meta.
Milénio Stadium: Esta é a segunda vez que o Iúri se sagra campeão europeu de scratch! Como é que esta conquista o faz sentir?
Iúri Leitão: Fico orgulhoso de poder rematar todo o trabalho que temos feito e continuar o nosso legado nesta especialidade. Deixa-me feliz sentir que estou novamente capaz de discutir as corridas a nível europeu.
MS: Para além destas duas ocasiões em que foi medalha de ouro, existe alguma corrida que o tenha marcado de forma especial? Sei que recentemente também alcançou a sua primeira vitória ao serviço da equipa espanhola Caja Rural, vencendo a segunda etapa da Ronde de l’Oise, em ciclismo de estrada…
IL: Sim, o campeonato do mundo de eliminação do ano de 2021. Por mais que não tenha vencido, foi muito especial estar na disputa desse título.
MS: Qual é o segredo para se ser um atleta de topo no ciclismo, em particular no scratch?
IL: Não há segredo. Trabalho, persistência e estudo são as ferramentas mais importantes para o sucesso em qualquer desporto.
MS: Consegue dizer-nos como é, tipicamente, um dia seu enquanto está em período de competição?
IL: Os horários variam consoante a hora da competição. Mas o mais importante é sempre uma boa noite de sono e a refeição pré competição que costuma ser cerca de três horas antes do início da prova. A seguir, costumo preparar tudo o que vou precisar para a corrida e certifico-me que nada falta. Após a corrida o principal foco é a recuperação, por isso tenho sempre uma refeição específica, imediatamente após a prova já a pensar no dia seguinte. Depois de me deslocar até ao hotel e de um bom duche, costumo ser massajado e no resto da tarde tento descansar até à hora de jantar. Antes de ir dormir costumamos reunir para preparar o dia seguinte. Assim termina o dia.
MS: E quando não está em competição… consegue “desligar-se” completamente da vida de atleta?
IL: Não. A minha vida é ser atleta de alto rendimento, o que implica treinos diários, alimentação regrada e foco no descanso, constantemente. Assim sendo, durante a maior parte do ano tenho que estar o mais focado possível.
MS: Para além do ciclismo pratica outros desportos? Se sim, quais?
IL: Não. Por mais que goste de outros desportos, existe sempre risco de me lesionar e prefiro evitá-los.
MS: Como vê o apoio e visibilidade que Portugal dá às diferentes modalidades desportivas?
IL: Acho francamente pouco, mas a verdade é que o público cada vez mais tem vindo a apoiar o ciclismo e desse modo espero que venhamos a ter mais apoio e visibilidade no futuro.
MS: Um dos próximos grandes desafios será os Jogos Olímpicos Paris2024. Entusiasmado? Que expectativas tem?
IL: Paris 2024 é o maior objetivo da minha carreira atualmente. A minha ambição de estar presente é maior do que nunca, mas parto para esta qualificação olímpica sem qualquer tipo de expectativa.
MS: Com apenas 24 anos com certeza ainda tem muitos sonhos e objetivos por concretizar… Quer revelar-nos alguns?
IL: Além dos Jogos Olímpicos, sempre sonhei um dia ser campeão do mundo. Penso que são objetivos bastante audaciosos e mesmo que não os venha a concretizar acho que já tenho motivos para me orgulhar da minha carreira.
Inês Barbosa/MS
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